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[Archport] Projecto Valorização Turistica po Patrimonio Submerso de Quarteira


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•   Subject: [Archport] Projecto Valorização Turistica po Patrimonio Submerso de Quarteira
•   From: Hipocausto <Hipocausto@hipocausto.com>
•   Date: Tue, 31 Aug 2004 18:38:41 +0100



Title: Jornal Região Sul/DiáriOnline Algarve > Notícia
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Dois mil anos submarinos
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Projecto pioneiro no País vai valorizar turisticamente a história submersa de Quarteira


Entre a Ribeira de Quarteira e a Ribeira de Carcavai, no concelho de Loulé, poderão vir a ser criados vários itinerários subaquáticos para aproveitamento turístico.

Tratam-se de circuitos submersos, onde existem estruturas arqueológicas, sítios geologicamente interessantes e outros motivos turisticamente atraentes, como por exemplo um avião da II Guerra Mundial, descoberto junto à Marina de Vilamoura.

Este trabalho está a ser desenvolvido pela Hipocausto, empresa sedeada em Évora, no âmbito de uma candidatura ao programa INOVAlgarve da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve (CCDR).

A operação começou em Maio, quando uma equipa espanhola , coordenada por um arqueólogo especializado em arqueologia subaquática, Carlos Juan Fuertes, procedeu à prospecção geofísica de toda a zona, num total de 28 hectares. Desse trabalho resultou um mapa, onde estão assinaladas todas as "anomalias" no fundo do mar.

A prospecção geofísica assinala as anomalias, mas não as identifica, essa verificação tem de ser feita por mergulhadores. É esse trabalho que a equipa chefiada por Carlos Juan Fuertes, Conceição Vitoriano Maia e Manuel Canelas Maia tem estado a fazer: primeiro em Junho e agora, na sua fase final, neste mês de Agosto.

De acordo com estes responsáveis, "o objectivo deste trabalho é localizar pontos que possam ser turisticamente valorizados: até agora, já localizamos, em frente à Marina de Vilamoura, um avião da II Guerra Mundial. Está lá a asa e, pensamos, dois motores, que ainda não conseguimos encontrar".

Depois, acrescentam, "temos o Forte Novo que caiu e está a uma profundidade de três metros, com a maré-cheia. Com a maré baixa, algumas estruturas são visíveis a olho nu".

Em toda a zona de Loulé Velho, Conceição Vitoriano Maia acredita na existência de "uma grande estação arqueológica, uma Vila Romana tão grande, ou talvez maior, do que o Cerro da Vila". Mas a ordem não é para escavar, os trabalhos limitam-se à prospecção dentro de água e aí, na Praia do Loulé Velho, a uma profundidade de cerca de quatro metros, existem vestígios de uma estrutura romana.

Ou seja, resume Manuel Canelas Maia, "são sítios onde não é perigoso mergulhar. É simples criar uma estrutura aqui na praia que alugue equipamentos de mergulho, dê uma pequena explicação sobre a sua utilização e a pessoa possa depois visitar estruturas com mais de dois mil anos. A ideia é colocar placas explicativas, dentro de água e junto aos locais de interesse, a identificar a estrutura". Outro dos imperativos é a manutenção dos achados.

Vai ser lançado um Concurso Público para a exploração destes sítios. Qualquer entidade pode concorrer, inclusive um simples concessionário de um apoio de praia. Segundo Manuel Canelas Maia, "há associações sem fins lucrativos que poderão estar interessadas na gestão destes circuitos, a própria autarquia pode concorrer, mas era vantajoso contar com a participação da Lusutor, não só pelas facilidades logísticas oferecidas pela Marina de Vilamoura, mas também pela capacidade e experiência adquirida com a exploração do Cerro da Vila", sustenta.

Na área abrangida pelo estudo poderão ser criados "quatro, ou cinco circuitos distintos", isto é, cinco explorações diferentes, por forma a tornar a sua rentabilização e manutenção mais viáveis. Para já, de acordo com a prospecção efectuada, poderá ser implementado, por exemplo, um circuito para o avião, um itinerário para os achados da época Romana e outro dedicado aos sítios de interesse geológico.

O júri do Concurso vai ser formado por um representante da CCDR, em princípio, terá um elemento nomeado pelo Instituto Português de Arqueologia, e um membro da Câmara Municipal de Loulé

Reconstrução virtual

Para além da identificação destes pólos de interesse turístico, também vai existir uma aplicação multimédia do projecto. "Vamos tentar reconstruir em 3D toda a evolução do litoral, incluindo a queda da arriba que provocou a derrocada do Forte Novo há 30 anos atrás".

Também as cetárias - os tanques utilizados pelos romanos na produção de conservas de peixe e de garum, um preparado semelhante à pasta de sardinha, "há 30 ou 40 anos, ainda existiam em Loulé Velho. O objectivo é dar a conhecer ao mais comum dos cidadãos tudo aquilo que aqui se passou".

Todos os elementos vão ser reconstruídos virtualmente, numa edição de cinco mil CD que serão distribuídos gratuitamente, pelas mais diversas entidades: "a intenção é divulgar e valorizar turisticamente o património", explicam.

Turismo de mergulho

Neste momento, só há em Portugal um circuito arqueológico submerso a ser explorado: é o Faro - A. Trata-se de um galeão do século XVII afundado ao largo da capital algarvia. A forma de exploração deste achado tem um modelo que deverá ser transposto para esta zona do concelho de Loulé: antes do mergulho, o visitante recebe um folheto explicativo do itinerário; faz o percurso, orientado por cordas e depois encontra placas identificativas sobre o que está a ver. Na circunstância, por exemplo, se está a observar um canhão, ou proa do galeão.

Uma empresa da região organiza mergulhos para mostrar o barco, com um assinalável sucesso, refira-se.

Aliás, o Turismo de mergulho é muito procurado em todo o mundo e é particularmente explorado em todas as ilhas das Caraíbas. Já foi de elite, mas está, cada vez mais, a ser popularizado. Tirar o curso - matéria obrigatória - custa cerca de 350 euros, mas depois basta ir a um centro de mergulho e alugar o equipamento. Para isso não é preciso gastar mais de 40 euros, em média.

No entanto, por exemplo, um mergulho em Loulé Velho não deverá custar mais de "25 euros", diz Manuel Canelas Maia. Por outro lado, devido à profundidade, o curso de mergulho pode não ser necessário.

O objectivo, de qualquer forma, é valorizar áreas de Turismo pouco exploradas, diversificando a oferta existente.

O projecto vai estar concluído no dia 31 de Outubro e os responsáveis pelo estudo esperam que "no próximo Verão estes sítios já estejam a ser visitados".

Percorrer a totalidade dos circuitos, estimam, é um programa "para um fim-de-semana prolongado".

O projecto tem um custo total de 262 mil euros e é financiado em 80 por cento pelo programa INOVALgarve.

A História

Na década de 1930, os pescadores locais falavam na existência de 'pegadilhos' - porque pegavam, prendiam as redes. Nessa altura pediram à Marinha Portuguesa que dinamitasse o local. Isso foi feito e destruiu - sabe-se hoje - aquilo que era uma estrutura datada da época Romana.

Em 1998 e 1999, este local foi objecto de duas campanhas arqueológicas, pelos Arqueólogos Cândida Simplício e Pedro Barros, altura em que foi reconhecida e identificada a natureza do achado.

Agora, o objectivo é proceder à sua identificação, localização e valorização turística.

Informações adicionais podem ser consultadas no site www.quarteira-submersa.com

Formar guias de arqueologia subaquática

A Hipocausto é uma empresa de prestação de serviços, sedeada em Évora. Desenvolve trabalhos na área da Formação, Consultoria, Programação e Arqueologia. Foi fundada em 1997 e, embora a Formação seja a área com mais expressão, o trabalho que está a desenvolver em Quarteira é, até agora, o de maior envergadura. Contudo, nesta área específica, a empresa tem um trabalho semelhante a decorrer em Itália.

A Hipocausto, em conjunto com uma empresa de arqueologia subaquática em Espanha, uma associação de desenvolvimento local em Itália e outra empresa grega, está também a desenvolver um projecto para a formação de arqueólogos subaquáticos e guias de turismo de arqueologia subaquática. Este último curso poderá ter uma aplicação prática muito útil no projecto que a empresa desenvolve em Quarteira. O sucesso dos itinerários subaquáticos vai depender, em parte, da explicação do mergulho: o guia turístico, especialmente formado nesta área, pode ter um papel importante na descrição, à priori, daquilo que vai ser visto no mar, enfatizando os pontos de interesse e tornando mais tangível a observação.



Márcio Fernandes/Rodrigo Burnay
31 de Agosto de 2004 | 17:52
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