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[Archport] Caça aos tesouros em Portugal outra vez?


•   To: <archport@ci.uc.pt>
•   Subject: [Archport] Caça aos tesouros em Portugal outra vez?
•   From: "fvcastro" <fvcastro@tamu.edu>
•   Date: Thu, 2 Sep 2004 08:55:42 -0500

É óbvio que as pessoas mudam e que é geralmente sensato conceder o benefício da dúvida a toda a gente, pelo menos até prova em contrário.  Mas eu estou convencido que a recente promoção do Dr. Santana Lopes a primeiro ministro pode trazer mudanças profundas na política cultural portuguesa, sobretudo no que diz respeito ao património arqueológico subaquático.

Não só Santana Lopes é o homem que em 1993 instituiu a caça aos tesouros em Portugal, mas a nomeação da Dra. Maria João Bustorff para ministra da cultura (que era colaboradora da empresa de caça aos tesouros Arqueonautas SA na altura em que foi nomeada), levanta algumas nuvens sobre o futuro da gestão do património arqueológico subaquático.

Lembro que em 1995 o Contra-Almirante Isaías Gomes Teixeira, presidente da empresa Arqueonautas SA., declarou ao Independente, em 28 de Abril (revista “Vida”, pág. 16):  “Estamos a falar num orçamento para três anos envolvendo milhões de contos e um elevado capital de risco (...) Neste processo tem que haver justo equilíbrio entre o interesse científico e as demoras na recolha.  Nós não podemos perder dinheiro e o Estado tem de garantir a conservação do património.“  E acrescentava “Quando encontrarmos artefactos em mau estado, não se deve perder tempo.  Nessa altura temos de recolher só o que tem valor comercial.  O que nos interessa são os galeões, que dos séculos XVI a XVIII transportavam pedras do Oriente e prata e ouro das Américas.  Os navios que tenham valores a  bordo e que nos interessam.”

Por outro lado, Rui Gomes da Silva, o colaborador de Santana Lopes que parece que em 1993 redigiu o D.L. 298/93, de 21 de Agosto, ao mesmo tempo que era representante de Robert Marx, um caçador de tesouros americano, é ministro neste governo.   Num artigo no “Semanário”, datado de 27 de Agosto de 1994, Daniel Adrião levantava a possibilidade de haver um conflito de interesses sério na Secretaria de Estado da Cultura de Santana Lopes:  “É verdade que sou amigo e advogado de Bob Marx, não o escondo” declarou na altura Gomes da Silva a o “Semanário” (pág. 51). 

Acresce que há rumores de contactos para a realização de convénios e protocolos, entre a Câmara Municipal de Cascais e o caçador de tesouros francês Franc Goddio, para a construção de um museu de “arqueologia” na cidadela (não sei se ainda decorrem negociações, mas no ano passado sei que houve contactos a vários níveis), e até eu já fui convidado por um grupo de caçadores de tesouros para um projecto em Portugal.

Julgo que vale a pena estarmos alerta: é que da última vez Santana Lopes, Rui Gomes da Silva (e se calhar Robert Marx) cozinharam o decreto-lei D.L. 298/93, de 21 de Agosto, em segredo e apresentaram a lei da caça aos tesouros à comunidade arqueológica como um facto consumado.


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