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RE: [Archport] A cavalo em Tróia


•   To: <archport@list-serv.ci.uc.pt>
•   Subject: RE: [Archport] A cavalo em Tróia
•   From: "Filipe Castro" <fvcastro@tamu.edu>
•   Date: Wed, 14 Sep 2005 17:40:49 -0500

O que eu acho que o Paulo Monteiro queria dizer e que para quem não e arqueólogo, dentro do "sistema", não e fácil obter informação sobre Tróia ou, sobre quase nada do que se passa.

 

Para quem esta de fora - incluindo os tecnocratas do governo e a maioria dos autarcas - a arqueologia e uma coisa com contornos muito mal definidos, que atrasa as obras aos engenheiros.  

 

Quando eu estava ai em Portugal lembro-me de ouvir vários arqueólogos a gozarem com o Francisco Alves, por causa da visibilidade que ele se empenhava em dar aos achados que iam acontecendo, e os esforços que ele fazia por estar sempre acessível para os jornalistas e expor os cepos e as ânforas que iam sendo entregues ao MNA, e depois ao CNANS.

 

Para a maioria dos portugueses Tróia é um sitio abandonado, esquecido, e sem interesse nenhum.  Não há uma placa a explicar coisa nenhuma (pelo menos não havia há quatro ou cinco anos), ninguém percebe o interesse daquelas paredes, ninguém sabe o que aquilo foi, ninguém tem ideia de quando é que a agua vai tragar a ultima parede (como na Boca do Rio).

 

Claro que se o Paulo Monteiro quiser faltar ao emprego e desembolsar umas largas centenas de Euros, há bibliografia sobre aquele sítio, dois livros no átrio no MNA, uma dissertação algures, etc.

 

Acho que o que ele quer dizer é que os arqueólogos em Portugal são uma sociedade mais ou menos secreta, que infelizmente só aparece nos jornais quando o IPPAR deixa mais uma auto-estrada rasgar mais um sítio arqueológico ou cair mais um telhado.

 

Visto daqui o Ministério da Cultura é uma espécie de um mandarinato, com uns directores que nunca lá estão:  "O Sr. Arquitecto ainda não chegou!".  A última vez que liguei para lá respondeu-me um energúmeno com maus modos, que me chamou "meu amigo", e me "avisou" que antes das 10 não valia a pena ligar para lá. 

 

Dizem-me aqui que há um caçador de tesouros a manobrar para espatifar uma ou duas naus portuguesas, perdidas no norte da Franca no século XVII; está neste momento um caçador de tesouros a espatifar um navio português na Malásia; foi apanhado um grupo a espatifar uma nau portuguesa, provavelmente do início do século XVI, em Madagáscar; e enfim, a imprensa publicou um tímido pio sobre uma colecção de porcelanas e lingotes de um navio português perdido em Moçambique, que foi vendida em leilão no ano passado.

 

Eu escrevi ao Ministério a perguntar se alguém tem alguma intenção de fazer alguma coisa sobre este assunto (como fizeram os espanhóis, os franceses, os alemães, os russos, os ingleses, os americanos...).  Escrevi em 2002, em 2003, em 2004 e em 2005. 

 

Nunca recebi sequer um ofício a acusar a recepção de nenhuma das minhas cartas.  Ou a mandar-me passear:  "Excelentíssimo senhor cidadão, Vimos informar Vxa., ao abrigo do DL tal e tal, que nos estamos absolutamente nas tintas para si e para os seus problemas, etc., (...) vá pagando os impostinhos que a gente depois logo vê se tem tempo para o atender (...) o Sr. Arquitecto ainda não chegou, etc. e tal"

 

Visto daqui é assim.

 

Filipe Castro

Texas, USA

 

 

-----Original Message-----
From: archport-bounces@list-serv.ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@list-serv.ci.uc.pt] On Behalf Of Jorge Feio
Sent: Wednesday, September 14, 2005 5:01 AM
To: archport@list-serv.ci.uc.pt
Subject: Re: [Archport] A cavalo em Tróia

 

 

 

 

Caro Alexandre Monteiro, por acaso até foi publicado um livro sobre

trabalhos realizados em Tróia, salvo erro em 1996, por uma equipa

luso-francesa; nas actas da mesa redonda comemorativa dos trinta anos de

trabalhos de colaboração entre investigadores portugueses e franceses existe

um extenso artigo sobre Tróia; na Tese de Douturamento do Professor Doutor

Manuel Justino Maciel sobre o paleocristianismo em Portugal, publicada em

1996, existe um capítulo sobre Tróia e nos anos de 1999 e 2000 foram

publicados por A. M. Dias Diogo, Laura Trindade e A. Cavaleiro Paixão vários

artigos sobre este importante sitio arqueológico que é "só" um dos maiores

complexos industriais, se assim o podemos designar, de todo o império

romano, no que diz respeito à produção de preparados de peixe.

Dizer que não se tem feito nem publicado nada é muito injusto para os nossos

colegas arqueólogos que lá têm trabalhado. Se as verbas necessárias já

tivessem sido disponibilizadas, é muito provável que uma boa parte do sítio

já tivesse sido intervencionado. O problema é que algumas pessoas ou

entidades, como é o caso do próprio Estado Português , não se têm mostrado

muito interessados.

 

Só uma pequena chamada de atenção: não dei o título das publicações que

referi para que as possa procurar, identificar (não é dificil) e ler com

muita atenção. São também as mais recentes, porque desde, pelo menos, meados

do século XIX que se tem vindo a escrever e a chamar a atenção sobre a

importância das ruínas de Tróia

 

Um abraço,

 

 

Jorge Feio

 

 

 

 

 

 

>e alguém, no domínio da arqueologia tem feito alguma coisa - campanhas de

>escavação, acções de divulgação juntp do grande público, sensibilização das

>autarquias, estudos, mestrados, doutoramentos, teses de licenciatura,

>artigos no jornal da paróquia, o que for.... - pela preservação estudo e

>divulgação das 'ruínas'?

>  ou, como é já hábito, andará a comunidade arqueológica a assobiar para o

>lado, a mirar-se no próprio umbigo e a rosnear nos fóruns da especialidade

>contra as implosões e os dinheiros públicos e privados que não são

>canalizados para a arqueologia?

> 

>  On 9/13/05, J M <jmarques_64@yahoo.com> wrote:

> >

> > Colegas,

> > Deixemos o passsado para trás!

> > Os tempos de são de implosão.

> > Implosão como antítese de expansão ou de expressão.

> > Expressão, como manifestação de liberdade ou de

> > criação.

> > Implosão, simbólica de regressão, da depressão, da

> > diminuição.

> > Estes tempos são de perda do significado,

> > Perda do valor

> > Perda do Património...

> > João Marques

> >

> > --- Carlos Batata <batata.c@clix.pt> wrote:

> >

> > > Se perdermos a capacidade para nos indignarmos...

> > > Se permanecermos na nossa alegre letargia...

> > > Se nos calarmos...

> > > Se estivermos desatentos...

> > > Como nos tempos de antanho, um cavalo de pau

> > > destruiu Tróia.

> > > Nos tempos modernos um cavalo de betão destruirá

> > > Tróia.

> > > > No virus found in this outgoing message.

> > > Checked by AVG Anti-Virus.

> > > Version: 7.0.323 / Virus Database: 267.10.21/96 -

> > > Release Date: 10-09-2005

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