• Índice por assuntos | Lista archport | Índice cronológico • | ||
< Anterior por data | < Anterior por assunto | MENSAGEM Nº 01183 de 1185 | Próxima por assunto > | Próxima por data > |
Infelizmente estas coisas
são a regra e eu acho que é porque as pessoas, de uma maneira geral, se estão genuinamente
nas tintas para o património. Em Portugal não há opinião
pública e portanto não há responsabilidades. E há uma tradição enorme
de desprezo pelo património em Portugal, que já o Eça (A Ilustre Casa de Ramires)
e o Ramalho (O Culto da Arte em Portugal) comentavam. Eu continuo a achar que a
culpa é nossa – da classe – por não querermos fazer ondas e
discutir os problemas. Parece que Portugal é o país
com maior desigualdade entre ricos e pobres da UE. Mesmo que isto não seja exactamente
assim (e Portugal seja o penúltimo ou o antepenúltimo país da UE em termos de
desigualdade social), o facto é que Portugal é um país com uma classe média
pequena e portanto é um país pouco educado e com pouca procura para as coisas
da cultura. Em todo o mundo é assim
quando não há classes médias fortes: as pessoas lêem pouco, vão pouco ao
cinema, vão pouco ao teatro, vão pouco aos museus, preferem não pensar em
coisas complicadas e elegem populistas sem convicções nem ideais mas que lhes
apresentam o mundo a preto e branco ( e lhes constroem estádios de futebol!). Por outro lado, o ministério
da cultura é uma massa informe, sem dignidade nem tradição de competência, dividido
em mandarinatos e avesso a responsabilizações, reflexões, ou estratégias: as políticas
são determinadas caso a caso, por lobbies e por amizades pessoais. Afinal de
contas Portugal é um país pequeno onde “toda a gente” se conhece e não
há razões para as pessoas se andarem a hostilizar por causa das ruínas de Tróia
ou das antiguidades do Bairro Alto. No tempo em que eu andei
a tentar fazer frente aos caçadores de tesouros, a pedir a sucessivos governos
que tomassem uma atitude contra a destruição do património cultural subaquático
português no mundo, fui sempre tratado com um silêncio polido e jesuítico. Ao
fim de quatro anos lá me mandaram uma informação do IPA, a dizer que eu tinha razão,
mas... em Portugal para as coisas funcionarem falta sempre uma peça que vem da
Alemanha... Hoje não tenho quaisquer ilusões:
ninguém, jamais, em Portugal, se arriscará a incomodar as pessoas e a fazer
inimigos entre a aristocracia, a banca e os políticos que defendem a caça aos
tesouros, os promotores que defendem a destruição do património, ou os políticos
que se estão nas tintas para o Bairro Alto. Ao fim de 500 anos de
Contra-Reforma os portugueses aprenderam que não é prudente incomodar os
poderosos. É muito mais fácil deixar andar e ser promovido por antiguidade. E
um lugarzinho na função pública é sempre uma segurança. Depois arranja-se mais
qualquer coisinha por fora, um atelier, umas avenças, etc., porque o estado
paga tão mal... :-) Bom Ano a todos! Filipe Vieira de Castro http://nautarch.tamu.edu/shiplab/ From:
archport-bounces@lserv.ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@lserv.ci.uc.pt] On Behalf Of Pao Becel
É
lamentavel haver dinheiro para tudo, menos para proteger e Salvaguardar o
Património, que dizem os governantes ser um bem nacional! Eu
iniciei um trabalho no Bairro Alto nos finais de Agosto, passei pelo Convento e
o barulho era muito. Eram martelos eléctricos, bobcats, paredes que iam a baixo...
elementos arquitectonicos que iam para dentro dos enormes camiões... onde
estava o Arqueólogo? Este apareceu na obra em finais de Novembro, inícios de
Dezembro. Ainda no
início do mês de Dezembro caiu a parte da chaminé e do muro exterior do
Convento dos Inglesinhos, no Bairro Alto, e nada foi feito. Eu, que
estou a trabalhar perto do Convento, posso dizer que ainda nada se fez. O
arqueólogo, não paricipou às entidades tutelares, sendo as minhas fotos
entregues dois dias depois no IPPAR, o que surpreendeu o Instituto, pois
ninguém o tinha feito até então. Fotos estas sem a rede verde e sem corte da
Calçada da Cabra. Nem sequer foi feito o comunicado a este Instituto. A
pesar dos agradecimentos que recebi, por ter feito o que, a quem de direito o
competia, não fico satisfeito, pelo contrário, fico muito triste, pois tem de
ser um recem licenciado a fazer adenuncia, quando ainda estava presente o
arqueólogo na obra? Eu que estava a trabalhar em outro sitio, tenho de fazer o
trabalho de dois? Se acontece algo na minha obra, pela minha ausência, posso
dizer que estava a fazer o trabalho de outro?? É claro que não! Eu seria vetado
à condenatio memoria, este
é um facto! Voltando
ao Convento. Tirei algumas fotos, cerca das 7:30 horas da manhã, quando ainda
estava bem marcada a derrocada, quer do muro exterior, na Calçada do
Cabra, e de parte da chiminé. Onde estavam as instituições tutelares, Alguns
dias mais tarde, durante o almoço com o encarregado da minha obra a quem
se juntaram o Fiquei a
saber que durante a noite deu-se a derrocada e o guarda que lá se encontrava,
nem aos bombeiros comunicou. Tiveram de ser os moradores a fazê-lo. Fiquei
ainda a saber que, e passo a citar as palavras do encarregado da obra do
Convento dos Inglesinhos " por minha
vontade partia aquela m**** toda! (...) então para que serve aquilo? (...)
" Isto é a
defesa do Património. É por isto que acordo todos os dias às 6 da manhã? É por
isto que trabalho de manhã até à noite? É por isto que, por vezes, trabalho
Sábados e Domingos? Desculpem os colegas, mas se for para isto, perfiro ser
deportado para outra parte do planeta! Desculpem,
mas estou nervoso! Não tenho mais a dizer, por agora! Abraços a
Saudações especiais a todos os que ficam indignados com a miséria em que se
encontra a Cultura em Aos que se
acomodam, os meus gritos de despertar, ou se assim o querem, virem-se para o
outro lado e continuem a dormir! Rogério
Eustáquio
MSN Busca: fácil, rápido, direto ao ponto. Encontre o que você
quiser. Clique aqui. |
Mensagem anterior por data: [Archport] É muito triste! |
Próxima mensagem por data: Re: [Archport] É muito triste! |
Mensagem anterior por assunto: [Archport] É muito triste! |
Próxima mensagem por assunto: Re: [Archport] É muito triste! |