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Caros
Amigos,
Acabo de chegar neste
momento da viagem que o Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia
(GAMNA) realizou ao Irão e mesmo antes de qualquer outra tarefa pessoal ou
profissional, quero aqui deixar o meu mais profundo pesar pelo falecimento da
Teresa, amiga do MNA e amiga pessoal. Amiga também do Irão, como
tive ocasião de expressar no breve apontamento evocativo que dela fiz em
conferência de imprensa realizada em Teerão, no final da visita do GAMNA. Com
efeito, a Teresa fez questão de vir connosco nesta viagem porque apreciava
sobremaneira a cultura e a história da Pérsia e tinha em curso projectos de
cooperação com o Irão, no âmbito das suas actividades
universitárias. O embaixador do Irão em
Portugal, que pessoalmente a tinha antes incentivado a vir connosco, já
apresentou condolências formais ao Reitor da Universidade do Algarve e colocou a
sua missão diplomática à disposição da família para facilitar todos os trâmites
burocráticos inerentes a esta situação. O Encarregado de Negócios
da Embaixada de Portugal em Teerão, acompanha também pessoalmente, desde a
primeira hora, este assunto e prestou a toda a comitiva do GAMNA a sua sentida
solidariedade e preciosa ajuda. Na conferência de imprensa
acima indicada, tantos as autoridades presentes como todos os jornalistas
apresentaram-nos pública e formalmente as suas mais profundas condolências. E
sabemos que o fizeram com convicção, porque não obstante este infausto
acontecimento a viagem que fizemos constituiu em tudo o mais um notável sucesso
e uma grande aprendizagem, como a própria Teresa me dizia na noite anterior, ao
jantar, quando ficámos lado a lado. Mais tarde, na última
ocasião em que esteve o nosso Grupo recolheu-se perante a sua memória num minuto
de silêncio, pesado e triste. A Teresa faleceu no último
dia da nossa viagem, a caminho de Teerão. Faleceu como professora: tinha-se
oferecido para dar explicações no autocarro do Grupo onde seguia sobre cerâmica
islâmica; encontrava-se no uso da palavra há cerca de 10 minutos, com agrado de
todos, quando de repente de sentiu mal; foi logo assistida (no próprio
autocarro do Grupo seguia um médico); por grande sorte, o autocarro estava então
próximo de uma das várias ambulância colocadas ao longo da auto-estrada
entre Isfahan e Teerão. Em cerca de cinco minutos foi colocada na ambulância e
levada para o hospital; se não faleceu no caminho, veio a falecer logo após a
entrada nas urgências, num quadro geral de síncope
cardíaca. Aconteceu em terras
iranianas, como poderia ter acontecido em qualquer outro local. Aconteceu, para
descanso de todos nós, em circunstâncias da mais pronta assistência médica e
temos de reconhecer e agradecer isso aos nossos parceiros e entidades médicas
iranianas. Sendo assim o que importa
salientar é o simbolismo da circunstância em que aconteceu: a Teresa faleceu
enquanto exercia o seu mister de arqueóloga e
professora. Chocado como estou, apenas
me resta recorrer aos antigos e desejar que descanse em paz e que a terra lhe
seja leve. Luís
Raposo Director do Museu Nacional
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