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----- Original Message -----
From: Director do
Museu
Sent: Monday, June 05, 2006 5:01 PM
Subject: Obra de Conimbriga na Archport Caro Professor José d'Encarnação:
Solicito os seus bons ofícios para colocar na
Archport o seguinte esclarecimento.
espero que não seja demasiado longo.
Um abraço
Virgílio Hipólito Correia
(Director) Museu Monográfico de Conimbriga 3150-120 CONDEIXA Portugal tel. + 351 239 949 110 fax + 351 239 941 474 www.conimbriga.pt "Chamaram-me a atenção para a discussão que, desde
o início do mês se estabeleceu na Archport acerca da obra de Conimbriga; peço
desde já desculpas aos intervenientes por, devido a outros compromissos, não ter
podido dar a atenção individual que cada contributo merecia, sendo agora difícil
responder a cada um. Proponho-me, depois de uma leitura geral, fazer uma breve
resenha, que espero que seja esclarecedora.
A obra de Conimbriga estava prevista desde os anos
oitenta, integrada no Plano Integrado de Desenvolvimento do Baixo Mondego, parte
do 1º Quadro Comunitário de Apoio, como consequência lógica e natural do fim das
escavações Luso-Francesas, que terminaram em 1971-1972, sendo evidente o
interesse de abrir à visita essa área, que duplica a zona visitável e quase
triplica o percurso necessário para o fazer. O concurso de selecção da equipa
projectista decorreu em 1994 (tendo ganho a empresa Cruz & Alarcão Ldª) e
foi possível lançar a obra em 2004.
O Instituto Português de Museus com o apoio do POC
assegurou a obra, sob coordenação e fiscalização da Direcção Geral dos Edifícios
e Monumentos Nacionais, através da DREM-Centro. O
Museu Monográfico de Conimbriga assumiu o acompanhamento arqueológico da obra,
enquadrado num projecto de categoria B do PNTA; para o fazer contou com a
generosa colaboração de um grupo de alunos e investigadores interessados,
aguardando-se a produção do relatório final, que é da minha responsabilidade
pessoal.
Impõe-se um pequeno excurso: Conimbriga está de
portas abertas a toda a colaboração científica que lhe seja oferecida,
independentemente da sua origem em termos de campo de estudo, grau académico ou
nacionalidade, estando garantida uma resposta positiva da direcção do Mueu,
desde que satisfeitos dois requisitos - qualidade e sustentabilidade. Direi
aliás que há muito para fazer, haja gente...
Esta intervenção em Conimbriga tem sido publicada
em diversas fases de génese do projecto, permitindo-me chamar a atenção
para
ALARCÃO, Adília e Correia,
Virgílio Hipólito, 2000: ?Conimbriga: Investigação, salvaguarda e apresentação.
Programas e projectos?. In Correia, V.H. (ed.) Perspectivas sobre
Conimbriga (Lisboa, IPM).
O avanço da intervenção tem sido noticiado no sítio de Conimbriga na rede (www.conimbriga.pt) e, ainda que me desagrade citar publicações no prelo, chamo desde já a atenção para o próximo número da revista "Monumentos" onde se publicarão textos dos projectistas, da coordenação da obra e meus. Permito-me, portanto, chamar a atenção para o relativo despropósito de questionar ao vento onde estavam as instituições neste caso. Estiveram onde tinham que estar, e não fazendo pior figura que noutros casos, mas nesses não entro (...aqui; de resto, há quem me conheça). Do ponto de vista programático, a obra que foi
levada a cabo responde com eficácia aos problemas de adaptação dos monumentos à
visita do público massificado que temos (mais de 100 000 visitantes/ano,
sustentadamente nos últimos anos, já chegámos ao dobro), de protecção dos
vestígios de Idade do Ferro e de tratamento das evidências de diversas épocas de
forma tal que permita ao vistante não se confundir com vestígios não
concordantes (está em curso o concurso para a sinalética, que é indispensável);
do ponto de vista técnico responde aos requisitos de compatibilidade e
reversibilidade. Pretendeu-se (e conseguiu-se) ainda, com muito sucesso, adequar
o espaço das Ruínas a receber espectáculos de vário tipo, no respeito dos
princípios da Carta de Verona e da Declaração de Segesta. Questões de gosto ...
pois é ...
A obra orçou em cerca de 1 mil. ? (200 mil contos,
à antiga), o que corresponde a duas vezes o orçamento anual do Museu, e
está tudo dito quanto a economia.
O projecto de Conimbriga continua, pela
expropriação dos terrenos arqueologicamente significativos ainda em mãos de
particulares e pelo projecto de uma intervenção geral que dê unidade territorial
e arquitectónica a um "parque arqueológico" que permita uma leitura unitária da
cidade romana.
Permitam-me um segundo excurso: ao longo de três
sucessivas figuras, das quais a central, a Drª Adília Alarcão, é obviamente a
dominante, a Direcção do Museu Monográfico de Conimbriga tem sido, no essencial,
uma só; faço o que posso para não desmerecer. Sugiro aos interessados que leiam
o artigo de do Dr. Bairrão Oleiro na Humanitas de 1954 "Conimbriga e alguns dos
seus problemas" - ainda aí estamos.
Já nessa altura, e não mudámos, a questão estafada de mais escavações em
Conimbriga tinha a resposta sensata que é a única que se pode dar: sim,
se...
- Se houver um projecto de investigação que reúna interesse e
qualidade.
- Se esse projecto, para além do interesse científico, puder dar um
acréscimo de interesse à visita pública.
- Last but not least, se for possível assegurar a condigna
conservação do escavado (e, por caridade, não entremos por aí).
A obra de Conimbriga faz jus, uma geração passada,
ao ingente esforço científico e pedagógico das escavações luso-francesas. O
resultado final desta fase do projecto honra o país pelo estatuto que confere à
primeira estação arqueológica conservada em território português (data
venia Côa), enquanto sítio moderno, acolhedor ao visitante e
pedagogicamente adequado a uma visita democraticizada. Sobretudo,
deixem-me saudar os promotores desta discussão. Diria mesmo que, se ela
tivesse começado há trinta anos, mais avançados estaríamos e mais substantivos
seriam os temas tratados. Mas nunca é tarde." Virgílio Hipólito Correia
Director do Museu Monográfico de
Conimbriga |
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