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[Archport] O nosso maior inimigo é o estado!


•   To: archport@lserv.ci.uc.pt
•   Subject: [Archport] O nosso maior inimigo é o estado!
•   From: rogério almeida <rogerio_arq@hotmail.com>
•   Date: Tue, 26 Sep 2006 06:42:20 +0000

Bons dias!

Quero começar desde já, e mais uma vez, por demonstrar o meu completo desacordo com a actual polémica levantada pelo autor que se auto nomeou defensor dos direitos do técnico de arqueologia. Acredito e infelizmente também já tive a infelicidade de poder comprovar atrasos salariais por alguns meses mas não de qualquer das empresas em questão. Não posso também questionar a veracidade de tal, mas posso reforçar a ideia de que, como ex-colaborador da empresa archeocélis nada me faltou, e que muito pelo contrário desde o interesse demonstrado pela Dr. Célia em que o bem estar da equipa fosse o melhor, passando pelo companheirismo de todos os membros que colaboram para aquela empresa, até ao pagamento, ao qual se tivesse alguma queixa só se fosse o de ter pago dois dias antes em resposta a meu pedido, ao que seria de esperar.
Quanto á empresa Ozécarus nada tenho a dizer visto que não conheço as pessoas em questão!
Quanto á empresa Mythica, posso confirmar a veracidade dos factos (dos valores da remuneração apenas) e só tenho a lamentar não a integridade dos membros ou da empresa, mas a vulnerabilidade de quem aceita trabalhar a tão baixo preço.
Compreendo a indignação destas pessoas, mas estarão elas a revoltar-se para o lado certo? Ora vamos lá a por o ponto no i, 800eur não parece á partida um salário bom mas também não era medíocre se não lhe fosse retirado 21% de retenção que igualaria a uns 632eurs, ao qual teremos ainda a contribuição mínima de 150eur para a segurança social no qual resultará 482, juntando ainda uma prestação mínima 10eur de seguro de trabalho ficaríamos nos míseros 472eurs, ao qual alguém por aí na archport chamou de quantia «choruda». Pois vos digo ainda meus senhores seria esta quantia «choruda» se o trabalho em arqueologia fosse constante e não nos obrigasse por vezes a ter aquilo a que prefiro chamar de «férias forçadas», ou que por infelicidade de adoecer, não poder trabalhar, é que apesar dos impostos cobrarem quase 50% do vencimento não temos direito a adoecer, subsídio de desemprego, subsídio de férias ou 13º mês.
Mas não fico por aqui, e peço a todos, especialmente á Dr. Maria Araújo que tentem agora imaginar a seguinte situação: com os tais 472eurs, imaginando ainda que tenha um trabalho constante, o que é raro em arqueologia tentem viver tendo que pagar deslocações de 500km ou 600km ao fim de semana se tiver interessado em ver a sua família, mais as deslocações ao local de trabalho, mais a sua alimentação num restaurante isto porque nem sempre temos uma casa habilitada a cozinhar mais as contas de que penso qualquer ser humano ter direito, uma renda de casa na sua residência fixa e afins. Será fácil de concluir que não dá, mesmo sem contar com todas as despesas do automóvel, e quando não da renda de casa no local de trabalho!
Por isso meus caros anónimos a vós vos digo, o nosso maior inimigo é o estado e em segundo lugar nós próprios que aceitamos e damos espaço de manobra num mercado de trabalho tão medíocre.
Aos que trabalham em arqueologia, principalmente dirigindo-me aqueles que iniciam agora actividade, deixo a mensagem: não aceitem propostas indecentes, porque qualquer mercado vive como peixe, come até morrer!


A todos aqueles que exploram a arqueologia de forma correcta, sensata e com todo o rigor científico que esta merece, e isto porque ainda existem felizmente e já tive a oportunidade de comprovar e colaborar, deixo os meus votos de boa continuação, bom progresso e felicidades!

Não se esqueçam o nosso maior inimigo é o estado, a seguir nós próprios!

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