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[Archport] (sem assunto)


•   To: archport@lserv.ci.uc.pt
•   Subject: [Archport] (sem assunto)
•   From: mg.pereira@sapo.pt
•   Date: Tue, 26 Sep 2006 10:51:34 +0100

Caros colegas:

Em resposta às afirmações proferidas, gostaria de esclarecer
alguns aspectos:

1) Ao contrário do que foi percebido, eu não disse estar alheia ao mundo da
arqueologia nem desconhecer o mundo empresarial. Apenas disse não conhecer as
empresas envolvidas na polémica. Trabalho na área do património cultural,
fui mestrada do Dr. Encarnação e trabalho diariamente com arqueólogos,
conhecendo pessoalmente os dirigentes de muitas empresas (embora não as
envolvidas), e também o meio académico e autárquico relacionado com a área.

2) Relativamente à questão do vínculo empresarial, tenho a dizer que trabalho
como avençada há cerca de 5 anos, já tive como "clientes" o Ministério da
Cultura, autarquias, meio associativo e empresarial. Já tive igualmente um
contrato a termo certo - já estive em todas, por isso sei muito bem daquilo
que falo. Trabalho a 300 Km de casa, por isso os problemas levantados pelos
colegas não me são alheios. Já paguei 4000 € de propinas de mestrado, sem
bolsa, mais formação profissional. Preparo-me para pagar outro tanto para
propinas de doutoramento. A diferença está...em que estou nisto por vocação
mas com plena consciência, e responsabilidade, sobre as minhas opções de
vida. sabia que ia ser difícil! Não podemos tomar opções e responsabilizar
os outros. Não se tira uma licenciatura para "arranjar emprego"! foi uma ideia
falaciosa que nos foi vendida num tempo em que as licenciaturas davam
efectivamente emprego certo. Quer quiser trabalhar não
precisa de se licenciar. Conheço empregadas domésticas que ganham mais do que
eu... Quem quer ter uma situação confortável não estuda humanidades, nem
arqueologia, nem História, nem o que seja. Um trabalhador analfabeto, a fazer
enxertia da vinha, ganha 70 euros por dia...

Não estou com isto a dizer que
não seja legítimo querer ter trabalho. Eu já estive desempregada. Mas não
é com este tipo de discursos que nos empregam mais depressa. Eu nunca o
tive...e fui-me empregando. Até hoje. As contas para pagar ao fim do mês só
dependem de boa gestão. Cada um gasta até onde pode - lembrem-se que há quem
viva em Portugal com 400 €/ mês, mais despesas. E quem viva noutros contextos
com menos de 2 dólares por dia.

3) Em relação á questão dos tribunais/ sindicatos, levantada pela colega S.
Carvalho...sou casada com um advogado. Sei muito bem como funcionam os
tribunais. E sei que os sindicatos têm advogados gratuitos. Sabia que o estado
também providencia apoio judiciário gratuito a quem provar possuir poucos
rendimentos? Agora se as pessoas preferem pagar uma % do seu vencimento para
uma colectividade, na eventualidade de surgir problemas...por vezes o seguro
morre de velho.

Cumprimentos a todos, e desculpem a frontalidade,

Maria Araújo



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