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Caríssimos Archportianos: E eis que, neste mês de Outubro do ano da graça de 2006, se voltaram a emudecer as bocas, em nome de um suposto apelo ao "Bom gosto", seguido de um outro, ao "Bom senso", sobre uma problemática que, até prova em contrário, não caiu por terra como as folhas de Outono. Falo, concretamente, sobre a questão da vida empresarial da Arqueologia. Acontece que, neste momento, várias são as vozes que devem estar a bradar contra a minha falta de identidade e, quiçá, de coragem, ao escrever estas palavras. Pois esse não é senão mais um doloroso efeito do mundo da arqueologia portuguesa. Bem gostaria, tal como Antero de Quental, de afirmar uma "liberdade absoluta (...) da minha posição independentíssima de homem sem pretensões literárias (...) para julgar desassombradamente, com justiça, com frieza, com boa-fé". Não o faço porque o actual panorama deste pequeno e inúmeras vezes intolerante meio profissional não permite essa mesma "liberdade absoluta". Pese embora não ter "pretensões literárias", tenho, contudo, pretensões profissionais, académicas e, sobretudo, pessoais. E, tal como eu, outras pessoas também têm essas pretensões, o que lhes tolhe os movimentos de justificada reivindicação e indignação perante o cenário da arqueologia empresarial. Outros, porém, calaram-se neste aceso debate, não por não terem algo a dizer, não por terem algo a temer, mas por gostarem demasiado da chamada "Terceira Via": a indiferença. Ora, a estes "indiferentes" e, quiçá, snobes, responderia Quental o seguinte: «a inteligência dos hábeis, dos prudentes, dos espertíssimos é muitas vezes cega em lhe faltando uma coisa bem pequena, que se encontra nos simples e nos humildes - a boa-fé». Na dialéctica da verdadeira discussão sobre as reais condições laborais de técnicos e arqueólogos, em que a uma tese se seguiu uma antítese (ou seja, críticos vs. adeptos do actual sistema), surgiram dois tipos de ruídos de fundo que conseguiram (sabe-se lá com que finalidades e a favor de quem...) colocar uma pedra nesse mesmo sistema, e impedir uma desejada síntese. Foram eles os "passivos", "indiferentes" e "amorfos" (o estoicismo, como alguém havia sugerido, é algo bem mais nobre...), por um lado; e os "fala-barato", os "acintosos" e os "intelectualmente medíocres", por outro. E, no meio da nuvem de fumo das arruaças e dos vilipêndios, ou no seio da cómoda (ou gratificante...) ausência de opiniões sobre algo desta importância, perdeu-se, uma vez mais, a oportunidade solene de se fazer algo mais pela Arqueologia, que não somente o abrir trincheiras e buracos (quais soldados na I GM), ou a fazer de "acompanhante" em obras várias, a troco de uns cobres, de um suposto enriquecimento do curriculum, e de futuros e graves problemas lombares! Em resumo, gostaria que não se voltasse a utilizar o mote do "Bom gosto" e do "Bom senso" para fazer calar aquilo que se sente e se vive (tal foi aconselhado - e pegando na imagem da I GM - por quem, talvez, goste de se situar na «no man?s land» situada entre as diferentes e saudáveis opiniões e visões que enriquecem qualquer debate). Sugiro que, com o mesmo espírito com que Antero de Quental escreveu o seu célebre opúsculo panfletário e se embrenhou nas Conferências de Casino, possamos nós, sem rédeas ou mesmo insinuações censórias (o tal "lápis azul" de má memória...), abrir uma verdadeira tribuna, onde venham a terreiro todas as vozes e ideias sobre aquilo que nos preocupa e constringe como arqueólogos e profissionais de áreas contíguas. A todos Saúde e Fraternidade
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