A recente questão dos perus romanos fez-me recordar um caso botânico com algumas semelhanças.
É comum encontrar referência a abóboras romanas, até em traduções de receitas. No entanto, não existem dúvidas acerca da origem americana daquilo a que hoje em dia usualmente chamamos de abóbora. O termo abóbora e a sua designação latina (Cucurbita) são, assim, usados para designar outra espécie distinta que existia por cá antes das primeiras viagens transatlânticas. O suspeito do costume, neste caso, é a cabaça, que até tem propriedades nutritivas e medicinais.
Embora seja comum encontrar na literatura histórica e arqueológica a o uso da designação de abóbora como referência à planta que os romanos consumiam, temos de ter em conta que não se trata da abóbora que vemos hoje no supermercado (Cucurbita pepo), da mesma forma que o milho-miúdo introduzido cá na Idade do Bronze nada tem que ver com o milho americano que cultivamos hoje, só partilhando o seu nome e a família botânica.
Bom início de ano para todos
João Pedro Vicente Tereso
InBIO - Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, Laboratório Associado
CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto
InBIO- Research Network in Biodiversity and Evolutionary Biology (Associated Laboratory)
CIBIO - Research Center In Biodiversity and Genetic Resources/University of Porto