Concordo. Tinha dito o mesmo ontem em declarações à Antena 1, em representação da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Para além das responsabilidades de quem gere os caudais da água do rio Mondego, que parecem inegáveis, importa verificar, para felicitar ou criticar, que medidas cautelares foram tomadas por quem gere o monumento. Do passado, sabemos que muitos investimentos em monumentos foram feitos sem pensar no futuro, seja ao nível do pessoal (não raros tiveram de fechar depois de inaugurados por falta de vigilantes), seja ao nível dos equipamentos e da sua manutenção.
Neste caso, que tantas vicissitudes conheceu que até o arquitecto projectista se recusou ir à inauguração, preferindo ficar ao mesmo tempo em sessão do ICOMOS promovida na Alta da Cidade, o sistema de comportas deveria supostamente permitir manter o espaço interior a seco (como uma espécie de piscina vazia). A menos que o nível de águas tenha ultrapassasse a envolvente (o que não sei se foi o caso), não se percebe como puderam as ditas águas penetrar num espaço que deveria estar protegido e em que se investiram tantos milhões de euros.
Por outro lado e para além da questão elementar de não colocar arquivos em tais posições, deverá saber-se que planos de contingência estavam previstos. Mesmo que fossem simples, baratos, elementares, como os de simplesmente encher os espaços vazios mais sensíveis com inertes (sacos de areia ou equivalente).
Estando eu actualmente a orientar a musealização de sítio arqueológico em situação igualmente muito exposta às cheias (junto ao rio Tejo, neste caso), essa questão tem-me preocupado bastante e sempre defendi perante os projectistas que deveria existir no local uma reserva suficiente de areia para espalhar sobre as áreas rebaixadas, em caso de emergência.
Mas, enfim, só quem está no terreno é que pode verdadeiramente avaliar e não serei eu a atirar pedra nenhuma.
Apenas peço, como os demais, que se inquira e tirem conclusões úteis para o futuro.
Luís Raposo
Quoting Francisco Sande Lemos <sandelemos@gmail.com>:
Boa tarde!
Suponho que todos conhecem o modo como evoluiu o processo de valorização de Santa Clara-Velha, o projecto inicial e as alterações decididas à posteriori.
O que surpreende é que o sistema de protecção construído para evitar o impacto das cheias não tenha funcionado. Acerca do local dos arquivos julgo que se justificava um esclarecimento.
FSL
Enviado do Correio para Windows 10
De: Alexandre Monteiro
Enviado: 14 de janeiro de 2016 13:44
Para: Jacinta Bugalhão
Cc: archport@ci.uc.pt
Assunto: Re: [Archport]Arquivo e Colecções de arqueologia "inundados" em Santa Clara-a-Velha
Provavelmente a mesma pessoa que fez coincidir a Torre do Tombo e a Biblioteca Nacional com o corredor de aproximação das aeronaves ao aeroporto de Lisboa...
Em 14 de janeiro de 2016 13:22, Jacinta Bugalhão <jacintabugalhao@gmail.com> escreveu:
EXTRAORDINÁRIO!!!!
Eu só me pergunto quem terá sido o alto dirigente tão avisado, sensato e responsável que escolhe como local para guardar documentação e espólio arqueológico o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Será que estava lá o Arquivo da DRC-Centro? Ou o espólio e documentação entregues pelos arqueólogos (que cumpriram a Lei) à guarda do Estado?
Realmente acho que é preciso apurar responsabilidades mas, neste caso, não me parece que seja à EDP...
Estou enganada?
Saudações Arqueológicas
Jacinta Bugalhão
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