O Museu Nacional
de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas
de milhares, de objetos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas
ou de achados fortuitos, mas também de aquisições. As peças foram incorporadas
por iniciativa do próprio Museu ou por depósito e doação de investigadores e
colecionadores. Às coleções portuguesas acrescentam-se ainda as estrangeiras,
igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.Todos os períodos
cronológicos e culturais, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes,
relevando-se, neste caso, as peças etnográficas, estão representados no MNA.O
MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de
bens culturais classificados como “tesouros nacionais”.Existe, pois, motivo
constante para a redescoberta das coleções do Museu Nacional de Arqueologia e é
esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa, em diálogo com o
diferente tipo de actividades que o mesmo desenvolve.
Este imponente
monumento funerário e a sua inscrição foram dados a conhecer em 1895 por José
Leite de Vasconcelos, no primeiro volume de O Arqueólogo Português, e em 1929 o
monumento e o seu espólio foram descritos pelo mesmo autor com maior detalhe,
no volume XXVIII do mesmo periódico.
No interior da caixa
tumular, de 120 cm
de comprimento por 45 cm
de largura, recolheu-se o seguinte espólio: conjunto de ossos queimados e de
outros só fragmentados, revelando uma incineração incompleta. Um poculum de
barro com duas asas, duas lucernas, três unguentários de vidro, muito
danificados e deformados pelo calor sofrido durante a cremação; seis agulhas de
osso; um fusus de osso; duas hastes em osso, afiladas dos dois lados, e
utilizadas para trabalhos de bordado; duas lígulas em osso; uma pequena faca de
osso; três acus crinalium em osso e dois em bronze; vários elementos metálicos
de um cofre (ferrolho, dobradiça, chapa ornamental); uma concha possivelmente
tratando-se de um amuleto, entre outros objectos do espólio funerário.
Guiados por Inês Vaz
Pinto, investigadora que tem vindo a coordenar os últimos trabalhos realizados
em Tróia, e da restante equipa constituída por Ana Patrícia Magalhães, Patrícia
Santiago Brum, Filipa Araújo Santo, ouviremos falar, no MNA, em «Diálogo com as
Religiões da Lusitânia», dos vestígios da cidade romana de Tróia e, mais
especificamente, das tipologias de enterramento ali encontradas.