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[Archport] Um século a branco e azul - As artes do fogo em Portugal no século XVII

Subject :   [Archport] Um século a branco e azul - As artes do fogo em Portugal no século XVII
From :   António Correia <avantecomuna@iol.pt>
Date :   Thu, 8 Dec 2016 14:13:13 +0000

Paris expõe um século de branco e azul na faiança portuguesa

A Galeria Mendes, em Paris, inaugurou a 24 de novembro uma mostra sobre cerâmica portuguesa no século XVII.

A exposição foi realizada para festejar a entrada de um quadro de  Josefa de Óbidos, no mesmo dia, no Louvre, e está patente até 30 de janeiro, naquela galeria, de propriedade do lusodescendente Philippe Mendes.

A exposição tem por nome ‘Un siècle en blanc et bleu - Les arts du feu dans le Portugal du XVIIe siècle’ (‘Um século a branco e azul - As artes do fogo em Portugal no século XVII’). É fruto de uma parceria entre Philippe Mendes, proprietário da Galeria Mendes, e Mário Roque, da galeria de São Roque, em Lisboa, e pretende mostrar um pouco da “alma portuguesa”.

 

A mostra, que pode ser visitada até 30 de janeiro do próximo ano, tem como objetivo dar a conhecer a faiança portuguesa da primeira metade do século XVII, quando o fascínio dos oleiros portugueses pelas porcelanas chinesas, que chegavam a Lisboa nas naus do Oriente, os levou a imitar a porcelana oriental e a criar as primeiras “chinoiseries” na Europa, rapidamente exportadas para o resto do continente.

 

Mas foi realizada também para festejar a entrada de um quadro de Josefa de Óbidos, no Louvre a 24 de novembro. “Um quadro da Josefa de Óbidos vai integrar as coleções permanentes do Museu do Louvre ”, disse à agência Lusa o galerista Philippe Mendes, que doou a tela ao museu.

 

“É um evento importante para a cultura portuguesa e, para a assinalar, festejar e dar eco a este evento, decidimos, aqui na galeria, preparar uma exposição sobre a cerâmica portuguesa do século XVII”. Afinal, esse é “o século de Josefa de Óbidos”, prosseguiu Philippe Mendes, sublinhando que a pintura e a faiança portuguesa do século XVII “são completamente desconhecidos fora de Portugal”.

 

O galerista sublinhou que fazer esta exposição sobre a cerâmica portuguesa “era mostrar uma produção muito interessante, cheia de qualidade artística, cheia de sol, cheia de espontaneidade”. “É uma cerâmica que dá muito prazer, feita para o prazer, para o luxo, para o aparato e, finalmente, isto traduz de uma certa maneira o que é a alma portuguesa também”, descreveu.

 

Philipe Mendes sublinhou, também, que “esta produção portuguesa influenciou a cultura europeia do século XVII, e isso foi completamente esquecido, ainda mais pelos franceses”. O galerista Mário Roque acrescenta que esta é uma exposição “muito importante para tentar recolocar a faiança portuguesa, dar a importância à faiança portuguesa que ela teve no século XVII e que hoje está completamente desconhecida”.

 

A exposição reúne cerca de 60 obras, entre jarras, garrafas, taças, potes, mangas de farmácia, pratos de aparato e painéis de azulejos, essencialmente da primeira metade do século XVII, peças que “hoje é raríssimo aparecerem no mercado”, continuou Mário Roque. “Esta exposição tem um conjunto de cerca de 60 peças que pertencem há minha coleção, à coleção do Philippe Mendes, mas também a algumas coleções particulares, tanto portuguesas como francesas. É um núcleo bastante coeso em que estão ilustradas todas as diferentes fases do século XVII com peças de forma, nomeadamente jarras, potes, talhas e mangas de farmácia, mas também uma grande quantidade de pratos de aparato essencialmente”, descreveu Mário Roque.

No dia 24 de novembro, o quadro ‘Maria Madalena confortada pelos Anjos’, de Josefa de Óbidos (1630-1684), foi afixado numa das salas do Louvre, ao lado de uma natureza morta do pai da artista, Baltazar Gomes Figueira (1604-1674), e de um quadro do espanhol Francisco de Zurbarán, numa pequena sala onde também está uma obra de Diego Velasquez, junto à longa galeria de pintura espanhola.

 

A pintura foi arrematada por Philippe Mendes ter arrematado no ano passado, num leilão da Sotheby’s, em Nova Iorque, EUA, e doada ao museu francês. “Hoje, dia 24, é um grande dia para a cultura portuguesa. O Museu do Louvre, um dos mais conhecidos e prestigiados do mundo, vai inaugurar uma sala de arte portuguesa, que inclui obras de Josefa de Óbidos, Domingos Sequeira e Baltazar Gomes Figueira. Alguns desses quadros já faziam parte da coleção, outros foram entretanto doados ao museu e estão agora reunidas as condições para autonomizar as pinturas portuguesas num espaço próprio”, congratulou- -se na altura o presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda “trata-se de um ato de justiça, porque a arte antiga portuguesa merece este destaque no contexto europeu”.

 

O Presidente da República considerou também que a sala de arte portuguesa no Museu do Louvre é “fruto de uma reunião de esforços” de várias entidades públicas e privadas, de portugueses, lusodescendentes e amigos de Portugal, tendo dirigido, por isso, “uma palavra especial de agradecimento a todas as pessoas e instituições envolvidas”. “Portugal, uma nação antiga, é a mais jovem nação no Louvre”, afirmou ainda Marcelo Rebelo de Sousa. “Portugal é um dos eixos de desenvolvimento do Museu do Louvre e esperamos que esta doação motive, brevemente, outras doações e que cada vez mais possamos fazer reconhecer o grande interesse da pintura portuguesa no Museu do Louvre”, afirmou à Lusa o conservador do Louvre Guillaume Kientz, no dia em que o quadro de Josefa de Óbidos foi transferido para uma das salas de exposições do museu e em que se ouviu português entre os trabalhadores encarregues de afixar a obra.

 

Até 30 de janeiro de 2017

Galeria Mendes

36, rue de Penthièvre, Paris

A galeria está aberta à segunda-feira, das 14h às 19h, e de terça a sexta-feira, das 11h às 19h. Aos sábados abre com hora marcada.



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Saúde e fraternidade,
António Correia
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