Re: [Archport] Faleceu Bruce Trigger
Title: Re: [Archport] Faleceu Bruce Trigger
Confirmo – era um autor fundamental, que para além da história do pensamento arqueológico, produziu também estudo importante sobre Gordon Childe, etc.
VOJ
On 02.12.06 15:14, "José d'Encarnação" <jde@fl.uc.pt> wrote:
> Acaba de informar a Doutora Ana Cristina Martins que faleceu, na noite
> passada, o Professor Bruce Trigger.
> «Trata-se - acrescenta a Doutora Ana - de uma figura incontornável da
> implementação e desenvolvimento da História da Arqueologia como disciplina
> universitária, ao tê-la abordado criticamente. Foi, sobretudo, com B.
> Trigger que se transpôs, finalmente, a fronteira da historiografia para
> entrar no domínio da produção histórica propriamente dita».
>
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Vítor Oliveira Jorge
Prof. Univ. Porto; investigador do CEAUCP
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cristal de rocha
um dia encontrei a Realidade, e decidi tentar penetrar nela: com um golpe de cintura, passar finalmente para esse outro lado do espelho que sempre me intrigara.
cansado de literatura, de filosofia, de tudo quanto o ser humano engenhosamente engendrara, percorrido por mil vozes de poetas que me sussurravam na neve como ruídos de trenós ao longe, num coro louco e esmaecido pelas nuvens vermelhas do nascente, desejei inadiavelmente lançar-me ao vento, expor-me ao desconhecido, trepar por uma pedreira alta e brilhante, entregar o meu corpo a uma mulher nua.
e exigir, para execução imediata: trabalha comigo, de uma vez por todas, restaura-me como se eu fosse um móvel, faz-me esquecer todas as palavras, todas as astúcias do verso.
leva-me para longe da terra do sentimento, esfrega-me contra as pedras lisas da ribeira para me tirares este sarro horrível de tudo o que me ensinaram, faz-me esquecer, nem que seja por momentos, as multidões de metáforas hirtas, de sapatos altos de bico, intactas na sua beleza, que me perseguem e me assustam. porque não há condição mais triste, mais penosa, do que viver entre citações, do que ser compelido todos os dias à frase, não conseguir escapar ao discurso que envenena mais do que o fumo do cigarro nuns pulmões cobertos de pólvora.
dá-me um pano sujo, embebido em experiência, esfrega-me os olhos com lixa, crava-me as costas de pequenas lascas de cristal de rocha, e, com essa tábua viva, passa-a sobre a terra, como se fosse um instrumento de lavoura.
é tudo o que peço, envenenado pouco a pouco por poesia, poluído de leituras, cansado de inteligência e de sublime: dá-me finalmente Fealdade.
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Marc Chagall - 1915
The Poet Reclining
Le Poète Allongé
O Descanso do Poeta