É exactamente essa a nossa grande dificuldade: unificar a terminologia e normalizar o máximo possível os protocolos de actuação. Claro que os puristas da liberdade metodológica virão a terreiro dizer que isso não é possível e que constitui uma afronta à sua liberdade de escolha dos métodos e caminhos a seguir. Mas os que desejam uma Arqueologia científica já começam a estar fartos da barafunda actualmente existente, barafunda que impede que os demais domínios da Ciência nos vejam com seriedade. Estas preocupações não se resumem às questões de terminologia porque as situações mais graves ocorrem ao nível da metodologia de intervenção: já não é possível, neste século XXI, continuar a escavar com os procedimentos de há 100 anos, utilizando "camadas" como unidades de representação e de análise. Poderia apontar outras questões, mas podemos deixar para outra ocasião.
Vou dar uma vista de olhos à solução que apresenta (embora seja utilizador MacOS X, mas posso lançar o Windows XP virtualizado para testá-la -- maravilhas da tecnologia).
bom dia Paulo,
este meu projecto foi construído face as obrigações contratuais que
o projecto do Alqueva que obrigava as empresas a apresentar a informação no
formato de uma base de dados. Aproveitando essa oportunidade foi construída
uma aplicação que desde essa altura tem servido de suporte de arquivo a toda
a informação da empresa. A aplicação foi construída utilizado a filosofia de
3 camadas. Assim pode funcionar sobre as bases de dados de acess, sql
server, mysql e oracle e em qualquer base de dados que respeite as regras
sql. Também a consulta de informação pode ser feita através de uma
aplicação, de uma pagina web ou de qualquer outro interface. Isto é possível
porque o acesso a dados, o processamento de informação e o interface estão
separados.
A grande dificuldade que encontrei tem a ver com as regras de classificação
dos elementos envolvidos, quase que parece que cada conjunto de arqueólogos
chama coisas diferentes os mesmos elementos. Dai o meu interesse em qualquer
projecto que pretenda criar standards.
Comprimentos
Ricardo Abranches
-----Mensagem original-----
Enviada: quarta-feira, 10 de Janeiro de 2007 3:21
Para: Ricardo Abranches
Assunto: Re: [Archport] Workshop "Protocolaria"
Caro Ricardo,
Existe alguma informação dispersa na web sobre o SYSLAT (basta "googlar" um
pouco) mas não a um nível de muito detalhe. O SIRA, em conjunto com o RIP
(Registo Informatizado de Prospecção), são projectos iniciados pelo Andrés
Adroher Auroux (da Univ. de Granada e do Centro de Estudos de Arqueologia
Bastetana), baseados no SYSLAT, fundamentalmente na sua filosofia, não tanto
ao nível do suporte técnico.
O SIRA que existe actualmente é ainda muito rudimentar, embora já seja
utilizado por várias equipas de investigação e de empresas na Andaluzia
desde há alguns anos. Foi construído praticamente desde o zero pelo Andrés
e, ainda que constitua uma mais-valia muito importante no processo de
investigação/gestão da informação de natureza arqueológica, está ainda muito
"verde". Podemos dizer que só agora estará pronto para deixar a
Pré-História.... O Andrés tem consciência disso e de que não poderá
continuar a trabalhar o projecto nos moldes em que o tem feito até agora
(sozinho), pelo que me pediu que me integrasse no projecto e que juntos
tratássemos de construir coisa muito mais poderosa e, ao mesmo tempo, com
uma interface o mais intuitiva possível. Esse é o projecto SIRA 5, iniciado
há meia dúzia de meses, que já tem funcional o módulo de Gestão de
Inventário, actualmente em fase de teste final no Museu Municipal de Baza
(Granada). Começaremos muito em breve a trabalhar sobre outros módulos
(Gestão de Actuações, Classificação de Materiais, Biblioteca, etc.), mas,
para tal, há ainda muito trabalho a fazer ao nível da normalização dos
protocolos, sem a qual será virtualmente impossível avançar para além do
ponto em que estamos hoje.
No tocante à parte técnica do SIRA, está a ser construído a partir de
desenvolvida e poderosa que tem a vantagem de permitir a produção de
soluções compatíveis para as principais plataformas do mercado (Microsoft
Windows e Apple MacOS X). Infelizmente, não podemos fazer versões para
outros sistemas operativos (MacOS 7-9 ou
Linux) de forma directa porque o programa não o permite, mas não deverá ser
muito difícil que um "barra" em Linux possa compilar a solução MacOS X para
essa plataforma e para os outros *nix.
As versões do SIRA actualmente em uso dependem ainda da instalação prévia do
FileMaker Pro 5-7 mas a nova versão está a ser desenvolvida para funcionar
como solução auto-executável. Estamos a pensar também no desenvolvimento de
duas linhas de produto: versão stand-alone para um só computador e versão
Server. Penso que a última será a mais útil para a maioria dos potenciais
clientes.
Quanto à possibilidade de comunicação com outras bases de dados, não
abordámos ainda de forma séria essa possibilidade, embora seja,
evidentemente, uma questão a estudar. Tudo dependerá, em primeiro lugar, da
disponibilidade dos responsáveis dos diversos projectos em colocar online as
suas informações; em segundo lugar, dos protocolos utilizados pelas diversas
soluções; e, em terceiro, das possibilidades técnicas. Como já disse, este
projecto está a ser construído sobre FileMaker Pro (v. 8.5 Advanced e v. 8.0
Advanced
Server) e é possível a incorporação de módulos de comunicação com outras
soluções de gestão da informação através de plug-ins especializados. É uma
questão que terá que ser analisada futuramente, mas apenas quando as
questões concretas de inter-comunicação se coloquem sobre a mesa.
A informação que está disponível sobre o SIRA está em <http://
www.ceab.es/investigacion/sistemas-de-registro-arqueologico.html>.
Lamento não haver mais de momento, mas lá chegaremos.
Parabéns pelo teu trabalho, pois não o conhecia. Qual é a ferramenta de
suporte? Access? 4D?
Cumprimentos,
Paulo Félix
On 2007/01/10, at 00:23, Ricardo Abranches wrote:
Será que existe mais informação sobre os projectos SIRA e SYSLAT na
web ?
O meu interesse tem a ver com o facto de permitir o software que
desenvolvi para a a empresa Archeo'Estudos ( que pode ser visto em
dados desses projectos.
Respeitosamente
Ricardo Abranches
-----Mensagem original-----
Enviada: terça-feira, 9 de Janeiro de 2007 23:02
Para: Archport
Assunto: [Archport] Workshop "Protocolaria"
A todos quantos interesse os temas da normalização dos protocolos de
investigação em Arqueologia, especialmente os do campo da
terminologia, e a construção de uma base de dados unificada de gestão
da investigação:
Vai realizar-se nos próximos dias 16, 17 e 18 de Março de 2007, na
localidade de Puebla de Don Fadrique (Granada, Espanha), o I Workshop
sobre Protocolos e Sistemas de Registro em Arqueologia, sob o título
genérico de Protocolaria. Este evento, cuja organização incumbe à
Associação de Estudos de Arqueologia Bastetana (<http://
www.ceab.es>), pretende ser o primeiro de uma série anual de reuniões
de trabalho dedicadas ao desenvolvimento de um sistema de protocolos
normalizados para a investigação em Arqueologia, cobrindo todos os
domínios possíveis dentro do que normalmente entendemos por
"investigação" (terminologia, sistemas descritivos, gestão de
inventário, gestão de actuações de campo, etc.).
Em simultâneo com a definição do sistema de protocolos desenvolver-
se- á uma
solução informática integrada que permitirá a gestão de todo o volume
de informação criado durante o processo de investigação, solução que
será compatível com as principais plataformas em uso no nosso domínio
(Microsoft Windows e Apple MacOS X). O objectivo principal deste
trabalho será o tornar acessível a todos os arqueólogos que o desejem
uma solução versátil, intuitiva, sólida e normalizada que incorpore um
sistema de protocolos universal.
Se bem que o núcleo original deste projecto seja espanhol e, mais
especificamente, andaluz, é intenção dos seus promotores a difusão das
soluções desenvolvidas pelo maior número possível de utilizadores da
Península Ibérica: para tal, seria fundamental a integração de
investigadores dos dois países ibéricos e de investigadores
especialistas nos diferentes domínios de investigação arqueológica.
O projecto SIRA (Sistema Informatizado de Registo Arqueológico),
desenvolvido por Andrés Adroher Auroux (Univ. Granada) a partir do
sistema SYSLAT, criado por Michel Py e colaboradores para a gestão do
projecto de investigação da estação arqueológica de Lattes (Hérault,
França), entrará agora numa segunda fase de crescimento cuja principal
finalidade será o fornecimento, a título gratuito ou de baixo custo,
de uma solução informática específica para a gestão da informação de
natureza arqueológica, comportando os seguintes módulos
centrais:
1. Gestão de inventário
2. Gestão de trabalhos arqueológicos de campo (prospecção e
escavações, seja em regime de investigação sistemática, seja de
actuações de urgência e de minimização de impactes)
3. Classificação de materiais
4. Bibliografia
Deste modo, a organização deste evento gostaria de poder contar com a
presença de colegas portugueses que contribuíssem para que o projecto
SIRA e o sistema de protocolos se viessem a tornar uma realidade
palpável no mais curto espaço de tempo. A inscrição no Workshop é
gratuita, estando a cargo dos participantes apenas as despesas
próprias de deslocação, alojamento e alimentação. A organização poderá
encarregar-se de conseguir alojamento em Puebla de Don Fadrique ou nas
imediações (Huéscar ou Galera).
Quem deseje participar, por favor descarregue a ficha de inscrição
preencha-a e envie-a para <
ceab@ceab.es> até ao próximo dia 16 de
Fevereiro de 2007.
del-ceab/marzo-de-2007-mesa-de-trabajo-sobre-sistemas-de-registro-y-
protocolos-de-investigacion-en-arqueolog.html> ou contactar
_______________________________________________
Archport mailing list
