[Archport] Manuel carrilero Milan

["Ana Margarida Arruda" <A.M.Arruda@fl.ul.pt>]

Soube no sábado que o Manolo estava doente, com gravidade. Decidi, então, que hoje me inteiraria do seu estado, junto de amigos comuns. Mas a notícia da sua morte surpreendeu-me pela manhã, sem me dar tempo para desejar que a sua recuperação fosse rápida e lhe mandar um abraço.

Conheci o Manolo em 1991, em Tunis. Desde então, foram muitas as vezes que pude desfrutar da sua companhia. Em Madrid, Cádiz, Valência, Alicante, Ceuta, e em tantos outros lugares (uma última vez, há apenas três meses, em Málaga), soube que era uma privilegiada por puder contar com a amizade do Manolo Carrilero. 

O Manolo era um homem de muitas convicções e de muita sabedoria. Defendia até ao fim as suas ideias, usando, magistralmente, os seus argumentos, bem alicerçados nas muitas leituras e sólidos pressupostos teóricos, e no profundo conhecimento que tinha do terreno. Quantas vezes o ouvi falar da sua Ronda, com o seu «gigante» Baal, e de Acnipo e das suas cabanas, e do Museu de Almeria, com entusiasmo contagiante. Aprendi muito com o que me contou e com o que li no muito que escreveu. 

Mas o Manolo era também o homem do sorriso franco e aberto, das convicções firmes e inabaláveis num mundo melhor e mais justo, o amigo disponível, o colega tolerante e divertido. Vou ter saudades das conversas com os amigos à volta da «cañita» de «antes do jantar», quando falava, com emoção, das duas filhas (la mayor y la pequeña) e da mulher.

O Manolo, mas também o Zé Carlos, a Teresa, o Armando, a Carla, e outros que me deixaram no último ano, fazem-me falta. O meu mundo está agora mais vazio, mais pobre e mais triste.

 
 
Ana Margarida Arruda