Caros
Archportianos
Sobre o tema do
património subaquático.
Ontem, no Instituto
Politécnico de Tomar, integrado nas V Jornadas de Gestão do
Território, onde o tema foi acessibilidades
como "motor" de desenvolvimento regional, na sessão de
Património Cultural, todas as comunicações apresentadas registaram o interesse
crescente que se tem vindo a verificar na área da arqueologia náutica e
subaquática e na importância da sua salvaguarda.
Para tal foram
expostos um conjunto de problemas e possíveis resoluções, apresentando exemplos
que se observam noutras regiões do mundo.
Após a excelente
discussão algumas ideias ficaram registadas que gostaria de partilhar com os
archportianos:
- O património subaquático é de
uma maneira um património invisível, no entanto não deve ser deixado de parte
como se fosse um património inexistente.
- Deve ser, por isso, integrado em
todos os planos de monitorização de um território ou região.
- Deve ser criada uma
consciencialização da população para a sua defesa, essa consciencialização
passará necessariamente pela integração de indivíduos locais, empresas,
associações e outras instituições, num plano estrutural, onde seja visível que
a preservação do património é um ganho não para o saqueador, mas para quem o
protege e para a região onde se encontra.
- E como? Primeiro fazendo-os
entender que é de todos - é nosso, é teu, é meu, logo todos devemos
protege-lo. Depois pela sua associação com o turismo; aqui ganha a
região, os restaurantes, as agências de viagens, os hotéis, os centros de
mergulho, as livrarias, e tudo o que se relaciona com ele.
- Converter a estação num Museu
Vivo (após os estudos) e não o deixar interdito "ad eternum" (tal como foi mencionado
por um dos conferencistas).
- Ao estabelecer vários pontos de
visita estamos a criar parques arqueológicos subaquáticos.
- Para efeito deve também ser
estabelecido uma espécie de código de conduta e comportamento ético do
turista/visitante e de como deverão ser penalizados no não cumprimento desse
mesmo comportamento padrão. Essa penalização deveria estender-se às empresas,
creditando aquelas que possuíssem técnicos especializados ou
arqueólogos/guias, à semelhança de guias de museu, contribuindo não só para a
preservação, mas para uma maior inventariação e conhecimento do património
subaquático. Não vemos os visitantes de um Museu saquear os artefactos
expostos, logo em visitas programadas dirigidos por guias devidamente
creditados (que devem ser formados e integrados nos centros de mergulho
que operam naquele local) em que o próprio visitante poderá pagar uma
taxa (que lhe podemos chamar de taxa de conservação - onde esses dinheiros
poderiam ser revertidos para manutenções e conservação da estação visitada) a
fiscalização é automática e todos se fiscalizam a todos.
- Também aqui, os Museus locais de
superfície deveriam conter exposições dos trabalhos subaquáticos, expondo
objectos e visitas virtuais à estação para quem não possuísse curso de
mergulho, dando a conhecer cada vez mais o património subaquático e a
importância que possui.
- Deixá-lo ao abandono é um convite
à intrusão, ao saque e à degradação.
- Ao construirmos um turismo de
excelência em que a população e as empresas se interligam estaremos a
contribuir para uma sensibilização e salvaguarda do património.
- Cada vez mais as comunidades
académicas deverão também ter aqui um papel preponderante, criando cursos,
disciplinas e níveis de formação vários que contribuam para que mais
pessoas se interessem pelo estudo destes locais e sua preservação. Neste
sentido é imprescindível que os cursos de arqueologia possuam uma ou outra
disciplina que esteja relacionada com o património náutico e
subaquático.
- Deve-se, por isso, começar a
pensar numa maior abertura e inserção da comunidade, e proponho agora aqui, a
todos os interessados, a participação nesta proposta e no desenvolvimento
desta discussão.
Alexandra Figueiredo
Docente do Departamento
de Território, Arqueologia e Património
Instituto Politécnico de
Tomar
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