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[Archport] V Jornadas de Gestão do Território

To :   <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] V Jornadas de Gestão do Território
From :   "Alexandra Figueiredo" <alexfiga@ipt.pt>
Date :   Wed, 23 May 2007 12:23:00 +0100

 

Caros Archportianos

Sobre o tema do património subaquático.

 

Ontem, no Instituto Politécnico de Tomar, integrado nas V Jornadas de Gestão do Território, onde o tema foi acessibilidades como "motor" de desenvolvimento regional, na sessão de Património Cultural, todas as comunicações apresentadas registaram o interesse crescente que se tem vindo a verificar na área da arqueologia náutica e subaquática e na importância da sua salvaguarda.

Para tal foram expostos um conjunto de problemas e possíveis resoluções, apresentando exemplos que se observam noutras regiões do mundo.

 

Após a excelente discussão algumas ideias ficaram registadas que gostaria de partilhar com os archportianos:

 

  1. O património subaquático é de uma maneira um património invisível, no entanto não deve ser deixado de parte como se fosse um património inexistente.
  2. Deve ser, por isso, integrado em todos os planos de monitorização de um território ou região.
  3. Deve ser criada uma consciencialização da população para a sua defesa, essa consciencialização passará necessariamente pela integração de indivíduos locais, empresas, associações e outras instituições, num plano estrutural, onde seja visível que a preservação do património é um ganho não para o saqueador, mas para quem o protege e para a região onde se encontra.
  4. E como? Primeiro fazendo-os entender que é de todos - é nosso, é teu, é meu, logo todos devemos protege-lo. Depois pela sua associação com o turismo; aqui ganha a região, os restaurantes, as agências de viagens, os hotéis, os centros de mergulho, as livrarias, e tudo o que se relaciona com ele.
  5. Converter a estação num Museu Vivo (após os estudos) e não o deixar interdito "ad eternum" (tal como foi mencionado por um dos conferencistas).
  6. Ao estabelecer vários pontos de visita estamos a criar parques arqueológicos subaquáticos.
  7. Para efeito deve também ser estabelecido uma espécie de código de conduta e comportamento ético do turista/visitante e de como deverão ser penalizados no não cumprimento desse mesmo comportamento padrão. Essa penalização deveria estender-se às empresas, creditando aquelas que possuíssem técnicos especializados ou arqueólogos/guias, à semelhança de guias de museu, contribuindo não só para a preservação, mas para uma maior inventariação e conhecimento do património subaquático. Não vemos os visitantes de um Museu saquear os artefactos expostos, logo em visitas programadas dirigidos por guias devidamente creditados (que devem ser formados e integrados nos centros de mergulho que operam naquele local)  em que o próprio visitante poderá pagar uma taxa (que lhe podemos chamar de taxa de conservação - onde esses dinheiros poderiam ser revertidos para manutenções e conservação da estação visitada) a fiscalização é automática e todos se fiscalizam a todos.
  8. Também aqui, os Museus locais de superfície deveriam conter exposições dos trabalhos subaquáticos, expondo objectos e visitas virtuais à estação para quem não possuísse curso de mergulho, dando a conhecer cada vez mais o património subaquático e a importância que possui.
  9. Deixá-lo ao abandono é um convite à intrusão, ao saque e à degradação.
  10. Ao construirmos um turismo de excelência em que a população e as empresas se interligam estaremos a contribuir para uma sensibilização e salvaguarda do património.
  11. Cada vez mais as comunidades académicas deverão também ter aqui um papel preponderante, criando cursos, disciplinas e níveis de formação vários que contribuam para que mais pessoas se interessem pelo estudo destes locais e sua preservação. Neste sentido é imprescindível que os cursos de arqueologia possuam uma ou outra disciplina que esteja relacionada com o património náutico e subaquático.
  12. Deve-se, por isso,  começar a pensar numa maior abertura e inserção da comunidade, e proponho agora aqui, a todos os interessados, a participação nesta proposta e no desenvolvimento desta discussão.
 
Alexandra Figueiredo
Docente do Departamento de Território, Arqueologia e Património
Instituto Politécnico de Tomar

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