A presidente da Associação Profissional de
Arqueólogos Maria José Almeida afirmou hoje que em Portugal "reina a
anarquia institucional" no que respeita a este sector de
investigação.
TEMAS: Arqueologia
A arqueóloga falou à agência Lusa 48 horas antes
da apresentação dos resultados do "Inquérito Nacional à Actividade
Arqueológica", na Livraria Ler Devagar, em Braço de Prata
(Sacavém).
A "anarquia institucional", precisou, deve-se ao facto
de "os arqueólogos não perceberem como vão funcionar" relativamente ao
IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico),
o novo organismo criado no âmbito da Reforma da Administração Central que
agrupa os antigos institutos do património arquitectónico (IPPAR) e de
arqueologia (IPA).
Esta situação, segundo a mesma responsável,
justifica também o facto de a Associação Profissional de Arqueólogos (APA)
"não ter tomado ainda nenhuma posição oficial sobre esta
fusão".
"Na realidade - frisou - ainda não percebemos com vai
funcionar nem quem será o nosso interlocutor".
O Inquérito, cujos
resultados serão apresentados sábado à tarde, é uma actualização do
realizado em 2003, quando o ex-ministro da Cultura Pedro Roseta anunciou a
fusão do IPPAR com o IPA e a transferência de certas competências para as
autarquias.
"Fizemos uma actualização enviando questionários, não
só às autarquias, como a múltiplas entidades que em Portugal exercem
arqueologia", explicou.
No total foram enviados questionários a 424
entidades, correspondendo as respostas ao período de Maio a Outubro de
2006.
Segundo Maria José Almeida, "as respostas são
maioritariamente de autarquias, mas há associações culturais, fundações,
museus e empresas privadas" que também dirigem escavações
arqueológicas.
As respostas das empresas de arqueologia, centros de
investigação e associações, observou, "apenas são significativas pela
ausência".
No total, 35% das respostas são de autarquias, 12% de
centros de investigação e associações e 06% de empresas privadas de
arqueologia.
Ainda segundo a presidente da APA, "actualmente não há
uma base fiável que liste os arqueólogos a exercerem em Portugal, bem como
as escavações".
"Sabemos - indicou - os arqueólogos que dirigem
escavações, pois há que fazer um pedido nesse sentido, mas não sabemos
quantos arqueólogos trabalham sob a sua orientação".
O estudo que
será apresentado, além de trazer dados novos relativamente a 2002,
estabelece também algumas comparações com os dados obtidos há quatro
anos.
Um dos resultados deste inquérito é o de que as autarquias
revelam "uma intensa relação com arqueologia", actuando essencialmente na
"arqueologia de salvaguarda".
Todavia, as "acções promovidas
directamente pelos municípios parece ser casuístico e decorrer do sabor de
flutuações nos recursos disponíveis".
Os municípios preferem,
segundo o estudo, "a relação com os investigadores a título individual e
com as universidades".
Os autores do Inquérito reconhecem, porém,
que este "retrato-tipo é redutor", salientando que, apesar das "limitações
no tratamento estatístico dos dados", é "importante" a divulgação dos
resultados.
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de Julho de 2007 | 19:22 lusa |
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