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[Archport] Novidades arqueológicas em Vila Franca de Xira

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Novidades arqueológicas em Vila Franca de Xira
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Sat, 8 Sep 2007 16:03:40 +0100

----- Original Message ----- 
From: <pimentamarques@iol.pt>
Sent: Saturday, September 08, 2007 1:21 PM
Subject: Novidades arqueológicas em Vila Franca de Xira


No Jornal público de Quinta Feira passada:

Legado pré-histórico descoberto em Vila Franca

06.09.2007, Jorge Talixa

Povoado com 3.000 anos descoberto em Vila Franca de Xira pode ser muito
importante para estudar a presença fenícia no Vale do Tejo

A descoberta de peças cerâmicas de origem fenícia num povoado pré--histórico
que está a ser alvo de escavações arqueológicas nos arredores de Vila Franca
de Xira poderá ser de-
terminante para conhecer melhor os primeiros contactos que os mercadores
fenícios estabeleceram, há cerca de 2800 anos, com as populações indígenas
do Vale do Tejo.
Os materiais ali encontrados nos últimos meses serão agora estudados e
datados com recurso à técnica de carbono 14, admitindo-se que os pri-
meiros contactos estabelecidos com a aldeia dos finais da Idade do Bronze
descoberta no Vale de Santa Sofia tenham ocorrido antes da fixação de
entrepostos comerciais fenícios (feitorias) em aglomerados mais populosos
que então existiam nas zonas das actuais cidades de Lisboa (Olisipo), Almada
(Almaraz) e Santarém.
Os resultados das escavações ar-
queológicas efectuadas em Vila Fran-
ca desde o Verão de 2006, no âmbito da preparação da obra de construção do
parque urbano de Santa Sofia, poderão ter grande importância para o
conhecimento das relações iniciais dos fenícios com as populações ibéricas.
"A ocupação fenícia na zona do Te-
jo tem sido estudada na óptica dos grandes entrepostos comerciais. Na óptica
do colonizador e não do
colonizado. Daí serem estas descobertas muito importantes e interessantes
para a comunidade científica, porque neste sítio os fenícios inter-
agiram com o mundo indígena", su-
blinha João Pimenta, um dos dois arqueólogos que têm trabalhado com o museu
municipal local neste projecto.
O especialista salienta que foi descoberta uma ânfora fenícia e outros
materiais que atestam a presença dos mercadores originários do extremo
oriental do Mediterrâneo (actual Líbano) nesta zona do Tejo.
Os fenícios trouxeram para as co-
munidades locais um conjunto de técnicas e de produtos até então des-
conhecidos, designadamente a es-
crita, a produção de vinho e de azeite, as técnicas de redução do ferro -
este metal existia enquanto minério, mas as populações da Europa ocidental
não sabiam trabalhá-lo -, a roda de oleiro e novas soluções arquitectónicas.
Na Península Ibérica procuravam sobretudo minérios, mas trocavam também
produtos alimentares com as populações indígenas. A zona de Vila Franca já
seria, na altura, rica em gado e alguns animais selvagens.
Povoado com 3000 anos
O povoado pré-histórico descoberto em 2006 numa encosta do Vale de Santa
Sofia, junto à parte baixa do chamado bairro do Bom Retiro, terá cerca de
3000 anos. Os arqueólogos João Pimenta e Henrique Mendes julgam que os
habitantes aproveitaram o vale abrigado, abundante em águas e os terrenos
férteis para fixarem esta aldeia, situada junto à ribeira de Santa Sofia,
que desagua no Tejo a cer-
ca de 400 metros - há 3000 anos poderia estar mais próxima do grande rio
ibérico.
Na segunda fase de escavações, iniciada em Junho, foram postas a descoberto
as bases em pedra calcária de duas cabanas ovais, assim como estruturas de
combustão e áreas de lixeira.
Nestas, João Pimenta salienta que foram descobertas grandes quantidades de
conchas de amêijoa, berbigão e ostras, que demonstram que os habitantes
também faziam a apanha de marisco.
Embora as escavações e os estudos ainda não estejam concluídos, Henrique
Mendes e João Pimenta julgam que os materiais detectados se podem situar nos
séculos VIII ou VII antes de Cristo.
"O Bronze Final é muito pouco conhecido no Vale do Tejo, tem pouca
informação e é pouco investigado. É a primeira vez que surgem cabanas com
esta dimensão no Vale do Tejo. Tínhamos alguma coisa na zona de Alpiarça,
mas não com esta dimensão", frisou.
Os arqueólogos escavaram uma área com cerca de 100 metros quadrados, mas o
povoado estendia-se certamente para o topo da encosta. O arqueólogo Henrique
Mendes re-
alça, também, a técnica utilizada na construção das cabanas, que, para além
da base em pedra onde assentariam os troncos de suporte da estrutura, eram
constituídas por coberturas de canas entrelaçadas e palha, mas tinham um
reforço em barro prensado.
Os pedaços da ânfora fenícia descoberta permitem concluir que teria cerca de
um metro de altura. "Ter uma ânfora cheia de vinho tinha um valor
extraordinário.Seriam oferecidas pelos mercadores em troca de alguma coisa,
talvez de minérios ou de sal", sustentou João Pimenta, referindo que no
povoado de Santa Sofia também foram descobertas pequenas peças decorativas
em bronze, outro tipo de cerâmicas que incluem grandes vasilhas para
armazenar cereais e mós para os moer.



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