:o) No meu tempo havia para aí 40% de analfabetos e não se conseguia
perceber como é que tantos idiotas iam a directores gerais. Não quero dizer que as coisas estejam muito melhores hoje, sobretudo
quando se pensa nos gestores públicos e nas hierarquias da administração pública.
As promoções continuam a ser por antiguidade ou por filiação politica, os
lugares de direcção são vitalícios e corporativamente protegidos. O resultado
é o que se conhece, por exemplo na arqueologia. Mas acho que um dos problemas que temos aqui com os alunos –
americanos e europeus – são os computadores. Chegam-nos aqui fornadas e
fornadas de miúdos que passaram a infância e a adolescência a jogar jogos de
computador e que pensam, falam e escrevem por “dialog boxes,” universitários que
não leram romances e que querem ser escritores, adolescentes que não sabem
interagir com outras pessoas, crianças grandes que não se maturaram
emocionalmente... claro que em cada fornada continuamos a ter alunos
excepcionais. Li não sei aonde que há uma placa suméria que diz que “os jovens
hoje não sabem nada...” Se calhar não é verdade, mas não é implausível que os
sumérios achassem os filhos uns incapazes ou, como se dizia no meu tempo, uns
gadelhudos. É obvio que os miúdos hoje sabem muitas coisas que nós não sabíamos.
E o facto de não se saberem exprimir com elegância e precisão é grave, mas não acho
que seja o mais grave. Por exemplo, para uma pessoa que vive fora de Portugal como eu,
a quantidade de crianças (e adolescentes) obesas que vejo quando vou aí aumenta
todos os anos. E o “respeitinho” e a resignação com que os portugueses aceitam
abusos, desde que venham de cima, associada à arrogância selvagem e desabrida da
classe dirigente – na administração pública e na privada – não devem ter
paralelo na Europa ocidental. A minha geração viveu um período de descompressão
a seguir ao 25 de Abril, mas eu acho que as coisas estão a voltar “ao normal,” ao
espírito da Contra-Reforma, com o respeitinho, etc., e tal. Isto são coisas inquietantes, acho eu. Filipe Castro From:
archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Carlos
Filipe dos Santos Delgado Estimada Graça Cravinho: Compreendo a sua apreensão, mas a mim, que estou na casa dos 30, isso não me
surpreende! Ao contrário daqueles que, no banco do autocarro, gastam o seu
tempo a dizer "No meu tempo é que era bom!", afirmo
convictamente que "No meu tempo já era mau!". Basta olhar
para o lado, e para pessoas "com idade para ter juízo", para ver que
tal já sucede há muito (nem sempre o bom conteúdo consegue disfarçar a má
forma...) Os melhores cumprimentos, Carlos Delgado ----- Mensagem Original ----- De: Graca Cravinho <fcsilva@ptmat.fc.ul.pt> Data: Terça-Feira, 11 de Setembro de 2007, 19:03 Assunto: [Archport] arrepio... > É impressão minha ou os alunos que actualmente
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