[Archport] Achado Arqueológico na Lousã

["Filipe Paiva" <trialmotor@netcabo.pt>]

Ao longo da minha licenciatura em Tomar, e principalmente, durante o meu estágio curricular no Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo (CIAAR) em Vila Nova da Barquinha, tive contacto com mais de 80 sítios arqueológicos das mais diversas épocas cronológicas, onde aprendi a identificar artefactos e a saber diferenciar sítios arqueológicos.
Sempre considerei estranho o facto de o meu concelho ter apenas referenciados sítios romanos e, no entanto, possuir grande abundância de matéria-prima de eleição na época Pré Histórica, o quartzito, sílex e quartzo.
Será que toda esta abundância de matéria-prima nunca foi utilizada? Foi uma pergunta que fiz a mim mesmo muitas vezes.
Desta forma, passei a prestar mais atenção ao terreno do concelho da Lousã, e desde 2005 que tenho efectuado trabalho de campo, enquanto treino de mota, o que me levou a descobrir sítios arqueológicos que não estão referenciados.
Estas descobertas incentivaram-me ainda mais, e uma vez que com a mota de trial me é fácil ir a sítios pouco acessíveis, cheguei mesmo a descobrir gravuras rupestres nas margens do rio Ceira, o que denota que a Lousã teve, em tempos idos, castros e zonas de ocupação permanente.
O artefacto mais antigo - biface em quartzito - que descobri remonta à época do Paleolítico Inferior, no entanto, os artefactos encontrados estendem-se até à época Romana. Um lapso de tempo enorme, tendo em consideração que a época romana foi há apenas 2 mil anos, enquanto que o Paleolítico Inferior remonta a cerca de 300 mil anos atrás.
As minhas descobertas foram comunicadas aos meus professores do Instituto Politécnico de Tomar, nomeadamente ao Professor José Gomes, à Mestre Ana Rosa Cruz e ao Professor Doutor Luiz Oosterbeek, que me autenticaram os achados e me auxiliaram na identificação da sua indústria.
Estas descobertas são muito importantes para a Lousã e para o seu concelho, já que podemos saber muito acerca dos povos que passaram pela nossa terra, de como viviam e como subsistiam, mas também porque vão enriquecer o seu património arqueológico.
Penso que este trabalho será um contributo muito importante para a elaboração da carta arqueológica do concelho e para dar a conhecer a todos os lousanenses o seu património arqueológico.
Até ao momento, a Lousã não possuía qualquer artefacto da época do Paleolítico. Agora, e com estes achados, é seguro afirmar que a Lousã teve, em tempos pré-históricos, grupos de caçadores recolectores que percorriam os cantos do concelho.

Afinal, o concelho da Lousã é rico em Arqueologia...


Filipe Paiva, licenciado em Arqueologia

 

 

 

 

 

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