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Estela epigrafada com a escrita do
Sudoeste |
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Uma estela funerária com uma das maiores
inscrições da escrita tartéssica é um dos "tesouros" do museu que abre
sábado na vila alentejana de Almodôvar, para desvendar achados epigrafados
com a mais antiga escrita da Península Ibérica.
O Museu da Escrita do Sudoeste, (como também é
conhecida a escrita tartéssica), criado pela autarquia local no edifício
do antigo Cine-Teatro Municipal, em pleno centro histórico de Almodôvar,
abre às 15h00.
No âmbito das Jornadas Europeias do Património, a
decorrerem este fim-de-semana, o museu vai estar aberto também no domingo,
voltando a encerrar até ao dia da inauguração oficial, ainda sem data
marcada.
O arqueólogo e coordenador científico do projecto, Amílcar
Guerra, explicou à agência Lusa que o núcleo museológico vai "expor alguns
dos mais importantes achados arqueológicos epigrafados com caracteres da
Escrita do Sudoeste".
Trata-se, sobretudo, de estelas funerárias,
ou seja, colunas tumulares em pedra de xisto, nas quais os antigos faziam
inscrições e eram colocadas ao alto nas sepulturas.
A instalação do
museu em Almodôvar, segundo o arqueólogo, justifica-se "plenamente",
porque este concelho "é uma das áreas da Península Ibérica com uma das
maiores e das mais importantes concentrações" daqueles achados.
O
museu, que vai abrir com 20 peças, inclui um espólio permanente de 16
estelas achadas no núcleo arqueológico de Almodôvar.
Este espólio,
acrescentou, "deverá ser variado com a exposição de outras estelas
descobertas fora do núcleo de Almodôvar, que são também muito
interessantes e diversificadas".
As 16 estelas epigrafadas com
Escrita do Sudoeste achadas no concelho de Almodôvar fazem parte das 75
estelas descobertas em território português e de um total de 90 conhecidas
na Península Ibérica.
Entre o espólio inicial do museu, Amílcar
Guerra destacou a Estela de São Martinho, achada no sítio arqueológico com
o mesmo nome na freguesia de São Marcos da Serra, no concelho algarvio de
Silves.
"É uma estela notável, não apenas pelas suas dimensões, mas
especialmente pela extensão do seu texto, com cerca de 60 signos
identificados, o que permite considerá-la uma das inscrições mais extensas
de escrita tartéssica", precisou.
Em termos de interesse
científico, o arqueólogo destacou ainda a Estela da Abóbada, achada no
sítio arqueológico com o mesmo nome na freguesia de Gomes Aires, em
Almodôvar.
"É uma estela particularmente interessante e fora do
comum por ser uma das poucas com figuras", salientou, frisando tratar-se
de "um exemplo ilustrativo do interesse da escrita tartéssica".
A
Escrita do Sudoeste ou Tartéssica, da I Idade do Ferro no Sul de Espanha e
Portugal, foi desenvolvida pelos Tartessos, o nome pelo qual os gregos
conheciam a primeira civilização do Ocidente, que se terá desenvolvido nas
zonas das actuais regiões da Andaluzia espanhola e Baixo Alentejo e
Algarve.
A escrita dos Tartessos, que tiveram influências culturais
de Egípcios e Fenícios, explicou Amílcar Guerra, "é distinta das dos povos
vizinhos, complexa e permanece indecifrável até à actualidade".
28 de Setembro de 2007
| 11:49 lusa |