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[Archport] Ribât da Arrifana

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Ribât da Arrifana
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Mon, 19 Nov 2007 23:46:48 -0000

----- Original Message -----
Sent: Friday, November 16, 2007 2:38 PM
Subject: Aljezur edita livro para atrair apoios para o Ribât da Arrifana

 

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Cultura

Aljezur edita livro para atrair apoios para o Ribât da Arrifana

 

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Reconstituição de uma mesquita do Ribât da Arrifana

 

As escavações arqueológicas começaram há seis anos, mas é preciso dinheiro para trabalhos sistemáticos e para a musealização do espaço.

TEMAS: Arqueologia

São 120 páginas, com textos, fotografias e ilustrações. Mais do que um simples catálogo da exposição «Ribât da Arrifana ? Cultura material e espiritualidade», este livro pretende ser uma chave que abra portas aos apoios de que este importante sítio arqueológico na costa de Aljezur precisa para terminar as pesquisas arqueológicas e poder ser, enfim, musealizado.

O catálogo foi lançado no passado sábado, numa sala da Câmara de Aljezur completamente cheia de gente, apesar do sol que brilhava lá fora e de até haver mais eventos a decorrer na vila.

A exposição já fechou, porque esteve patente em Setembro e Outubro, mas em breve vai passar por outros concelhos do Algarve ? Lagos, Albufeira, Faro -, para depois ser apresentada, no Verão do próximo ano, no Museu Nacional de Arqueologia do Algarve.

O livro contém os resultados das investigações que todos os anos, desde 2002, durante um mês, no Verão, os arqueólogos Rosa e Mário Varela Gomes, assistidos por alunos da Universidade Nova de Lisboa, vêm fazendo na ponta da Atalaia, onde estas pesquisas permitiram descobrir o quase mítico Ribât da Arrifana, a fortaleza-mosteiro islâmica fundada no século XII pelo mestre sufi Ibn Qasi.

Como salientou Rosa Varela Gomes, as escavações começaram há seis anos, mas «ainda não totalizaram um ano de trabalhos de campo».

Tudo porque, até agora, apesar do enorme apoio da Câmara de Aljezur e de entidades externas como a Fundação Gulbenkian, ainda não houve dinheiro para desenvolver uma campanha sistemática e contínua de escavações arqueológicas, que permitam pôr a descoberto tudo o que ainda se esconde naquela península à beira mar.

«Já disse ao Sr. José Marreiros, presidente da Associação de Defesa do Património de Aljezur, que não gostava de um dia ter que prosseguir estas escavações já de cadeira de rodas», ironizou a arqueóloga.

Por isso, salientou, além de dar a conhecer nacional e internacionalmente a importância deste que é o único ribât da Península Ibérica, além do de Guardamar, em Almeria (Espanha), o livro agora editado irá «permitir também algo muito importante: tentar que, ao divulgar este sítio, se consiga obter financiamentos para prosseguir o trabalho».

«É necessário fazer uma campanha até ao fim, perceber a totalidade do ribât e depois integrar essas descobertas num projecto de musealização, para que este sítio possa ser usufruído pelas gerações vindouras», defendeu Rosa Varela Gomes.

A mesma esperança tem Manuel Marreiros, presidente da Câmara de Aljezur. É que o autarca percebeu já a importância que este local magnífico poderá ter para desenvolver o turismo cultural e para atrair ao seu concelho, ao longo de todo o ano, turistas diferentes.

Além disso, como confessou no lançamento do catálogo, Manuel Marreiros nutre alguma simpatia por Ibn Qasi, o fundador da fortaleza-mosteiro.

«Também ele, no século XII, lutava contra o centralismo do poder central. Ainda hoje esse é um rumo que perseguimos aqui em Aljezur. Não sou propriamente um discípulo de Ibn Qasi, mas compreendo as suas preocupações?», disse o autarca, com muita ironia.

Quanto à falta de apoios para completar o trabalho e dar seguimento ao projecto de musealização, Manuel Marreiros garante que a Câmara vai «continuar sempre a dar apoio. Todos os anos procuramos é que haja entidades públicas e privadas que nos dêem algum apoio. Este ano, por exemplo, a Gulbenkian apoiou as escavações, e alguns privados deram o seu apoio para a publicação deste catálogo e para a exposição».

E o QREN não poderá dar uma ajuda a este projecto? «Vamos tentar, neste novo Quadro Comunitário de Apoio, ver se o nosso projecto consegue encaixar-se, nomeadamente a musealização do Ribât da Arrifana. Mas antes é preciso escavar, conhecer, para depois mostrar às pessoas».

É que, explicou o autarca em declarações ao «barlavento», «no QCA anterior tentámos que o nosso projecto fosse financiado, mas as coisas não correram bem, as cargas burocráticas que impõem às vezes são inultrapassáveis. Naquela fase, o que havia para financiar eram escavações. Não podíamos promover a musealização e a visitação daquele sítio arqueológico sem antes conhecer o que lá estava, como a CCDRA queria».

Ao longo dos anos de trabalhos arqueológicos, o Ribât da Arrifana tem recebido a visita de inúmeros cidadãos de países islâmicos, alguns bem ilustres, nomeadamente príncipes, embaixadores e outros altos dignitários.

Desses contactos, sempre se esperou que surgisse algum apoio, tendo em conta a importância histórica que o local tem para os muçulmanos.

Mas, segundo Manuel Marreiros, desses contactos «até agora ainda não surgiu nada. Houve cartas para as embaixadas, mas não obtivemos respostas. Mas vamos insistir». «Talvez não se tenha percebido ainda bem a importância do local. Com este livro talvez as coisas fiquem mais claras», concluiu.

O livro-catálogo «Ribât da Arrifana ? Cultura material e espiritualidade», editado pela Associação de Defesa do Património de Aljezur, está à venda na sede desta instituição.

15 de Novembro de 2007 | 08:30
elisabete rodrigues

 

 

 


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