Demorou mais do que o esperado e até houve alguns
retrocessos a meio do processo, mas o Centro Explicativo e de Acolhimento
da Calçadinha de São Brás de Alportel é, finalmente, uma
realidade.
TEMAS: Arqueologia
A infra-estrutura pretende ser um pólo dinamizador
e contribuir para a valorização e divulgação da Calçadinha de São Brás, um
dos vestígios arqueológicos de maior valor do concelho.
A
Calçadinha é um caminho que remonta ao tempo da ocupação romana, do qual
sobreviveram ao passar do tempo dois troços, com uma extensão total de
1480
metros.
Além da antiguidade, esta via acaba
por ser um elo com o passado da vila, já que, como frisou o presidente da
Câmara de
São Brás António Eusébio, ao longo de todos estes séculos
foi calcorreada por «diferentes povos e civilizações».
«Cumprimos
um grande sonho e alcançámos uma meta importante no caminho que queremos
percorrer para conhecer melhor a história e património de São Brás»,
ilustrou o autarca, na cerimónia de inauguração do centro, que decorreu na
passada sexta-feira.
O centro explicativo acaba por ser a linha da
frente de um trabalho mais profundo que tem vindo a ser feito no concelho
de São Brás, com o objectivo de valorizar o património e criar pólos de
atracção turística na vila.
Apesar de só agora se inaugurar o
elemento que servirá de base ao trabalho de divulgação da Calçadinha e ao
estudo do património arqueológico deste concelho algarvio, o trabalho em
torno da calçadinha já há muito que está a ser feito.
Nos últimos
cinco anos, foram levados a cabo trabalhos de «limpeza e remoção de terras
e vegetação», foi colocada sinalética, criados percursos pedestres e
definidos os dois troços visitáveis da milenar via, revelou a arqueólogo
Angelina Pereira, que trabalha neste projecto desde o início.
Pela
calçadinha de São Brás, já passaram desde então muitos visitantes, muitos
dos quais alunos de escolas do 1º, 2º e 3º ciclo do Algarve.
A
autarquia promoveu diversas actividades pedagógicas e educacionais em
torno deste elemento patrimonial. Palestras, a criação de material
de divulgação e
a ocupação de tempos livres são outras das actividades
promovidas.
Quanto ao centro propriamente dito, nasceu «da
reabilitação do antigo matadouro», um edifício construído no início do
século XX. Ao todo, foram investidos cerca de 217 mil euros nesta obra,
parte dos quais vindos de fundos comunitários.
Além da valência de
divulgação da Calçadinha, que toma forma na sala de exposição permanente
sobre esta via, o edifício integra um salão polivalente, uma sala de
investigação, um gabinete técnico e um espaço exterior, que pode ser
visitado.
O edifício estará vocacionado para estudar melhor a
calçadinha, mas também para servir de base a outros projectos.
A
recuperação do centro histórico de São Brás, que tem vindo a ser levado a
cabo nos últimos anos, faz parte daquilo que António Eusébio definiu como
um projecto global, que resulta da «concertação de diversos projectos»
mais localizados, entre os quais o da Calçadinha.
Na parte velha da
vila, foram levadas a cabo obras de «renovação do sistema de água e
esgotos» e as estradas foram «recalcetadas». Também foram feitas melhorias
«em algumas instalações eléctricas».
Estes projectos, no seu
conjunto, têm o objectivo de «dar nova vida ao centro histórico» e voltar
a «trazer as pessoas à parte velha». António Eusébio considera mesmo que
este é «o início de um nova etapa de desenvolvimento cultural para o
concelho de São Brás».
Dentro em breve vai ser inaugurado o
Centro de
Artes e Ofícios de São Brás, anunciou o autarca. Também serão levados a
cabo projectos de valorização do património da Fonte Santa e dos moinhos
do concelho.
«Este é um presente que deixamos para o futuro»,
disse, ainda, António Eusébio.
12
de Dezembro de 2007 | 15:00 hugo
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