Re: [Archport] Medo e conivência na Arqueologia portuguesa
Neste cenário kafkiano, espero:
1º- Que o Director do MNA consiga negociar a transferência da biblioteca do IPA para o Museu, enriquecendo assim as duas, bem como manter os protocolos existentes e a continuação das publicações, nem que seja apenas em formato PDF para se descarregar do site;
2º- Que os motoristas do director e dos sub-directores do IGESPAR, bem como a pessoa que - sem ser capaz de receber, assentar e transmitir um simples recado - tem para "trabalhar" todo o espaço da antiga direcção do IPA (i.e., a área de recepção, a sala do director e do sub-director), percebam alguma coisa de computadores para assim substituirem os dispensáveis informáticos.
Peço desculpa pela "graçola" mas, muito sinceramente, tanta má decisão já começa a passar das marcas e já é tempo de darmos o murro na mesa.
Telmo Pereira
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Caros cidadãos e arqueólogos
Parece que até 1 de Outubro de 2008 as instalações do Ex-IPA (agora fundido no IGESPAR) terão de ser esvaziadas.
Isto parece significar o desmantelamento final da Arqueologia em Portugal. Nem parece que há na actual Direcção do IGESPAR um arqueólogo, ou que este esteja a ser aconselhado por outros arqueólogos acessores! Se existe algum Rumo coerente e pensado, a bem da salvaguardo do património arqueológico nacional, isso não está claro em lugar nenhum.
A biblioteca especializada, com parte do espólio herdado do DAI (Instituto Arqueológico Alemão de Lisboa), terá de ser empacotada e não há ainda ideia onde será novamente instalada ou quando. Recordo que esta é, juntamente com as bibliotecas do MNA e do Instituto de Arqueologia de Coimbra,
um dos poucos locais em Portugal para consulta de bibliografia científica. Bom, temos sempre a biblioteca do DAI de Madrid e o pretexto de ali passar alguns dias para pesquisas.
Também, o garante de alguma actualização low-cost da actual biblioteca (através de permutas) cessará, pois a Revista Portuguesa de Arqueologia e a colecção de Trabalhos de Arqueologia parecem ter a morte anunciada. Recordo que estas publicações, para além de permitirem as permutas, cumpriam uma das missões do Estado, ao garantir um local onde qualquer trabalho arqueológico podia ser publicado e, simultanemanete, implicava que nenhum arqueólogo tivesse a desculpa para não publicar.
O arquivo do Ex-IPA, parece que será integrado no arquivo do Ex-IPPAR, com todos os prejuízos que daí advirão. Também não se sabe onde ou quando o empacotamento e posterior acesso ocorrerá.
O Ex-CIPA, (agora DIPA) com todos os seus investimentos logísticos e com todas as suas colecções de referência (botânicas e zoológicas) não parecem ter futuro no horizonte.
O CNANS vai ter de se mudar com armas e bagagens...
Como os informáticos do Ex-IPA foram aparentemente despedidos não há garantias de que a única Base de Dados, minimamente aceitável para o património arqueológico, ENDOVELICO, continue a funcionar devidamente. Aliás basta consultá-la para perceber que já começa a claudicar, pois temos sítios subsaquáticos no Alentejo interior!!
Portanto, se os serviços centrais observam impávidos e serenos perante o desmatelamento do núcleo central da arqueologia, não auguro sucesso para as unidades descentradas do IGESPAR (as famosas extensões). Ou ficarão elas dependentes das Direcções regionais de cultura? Se sim, então para que servem os outros arqueólogos hierarquicamente dependentes dos Directores Gerais regionais?
Perante um panorama tão negro só compreendo os silêncios pelo medo instaurado (que à boa maneira salazarenta este governo tem conseguido implementar) e a alguma conivência de arqueólogos séniores dentro do IGESPAR, mas também fora dele, seja no meio empresarial ou no meio universitário.
Portanto, apelo uma vez mais, tal como fiz uma semana atrás, para questionarem, enquanto cidadãos com direitos e obrigações, o Ministério da Cultura e o IGESPAR acerca do projecto que têm para o património português, nomeadamente arqueológico. Com certeza terão todo o prazer em dar-nos a conhecer o iluminado projecto.
Rui Boaventura
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