[Archport] Fwd: Lusa - A Matriz Portuguesa ( exposição em Brasília )
Title: Fwd: Lusa - A Matriz Portuguesa (exposição em
Brasília)
Cumprimentos,
Graça
Exposição revela passado de Portugal, no aniversário
de 200 anos - A galeria circular recebe, no térreo, os ambientes
dedicados à Presença Islâmica, Cristianismo Medieval e
Presença Judaica.
http://www.revistafator.com.br:80/ver_noticia.php?not=30826
Exposição revela passado de Portugal, no aniversário
de 200 anos da chegada da família real ao Brasil
A cultura
brasileira é um mosaico de múltiplas influências. Todo
brasileiro aprende, já no primário, que estamos assentados sobre
uma tríplice ancestralidade: os ameríndios (povos que
primitivamente ocupavam o território), os europeus (que chegaram ao
país em 1500) e os negros (trazidos como escravos). É certo que
neste caleidoscópio entram ainda várias outras raças e etnias
que foram desembarcando nestas terras, como aventureiros ou como
trabalhadores e que, a exemplo dos demais, integraram o processo de
miscigenação. Desde 2002, o Centro Cultural Banco do Brasil tem se
dedicado a explorar as matrizes da cultura brasileira, primeiro com a
exposição Arte da África e, em seguida, com Antes - Histórias
da Pré-História e Por Ti América. Agora, uma mostra vai revelar
um pouco da matriz européia que primeiro se envolveu neste
caldeirão cultural.
É LUSA: a
matriz portuguesa, uma grande exposição que abre as portas no
próximo dia 26 de fevereiro, no CCBB em Brasília e fica montada até
o dia 4 de maio, com visitações sempre de terça a domingo, das
9h às 21h. Entrada franca. A abertura para convidados acontecerá
no dia 25 de fevereiro, com a presença do curador Ivo Castro,
conferencista internacional especializado em História da Língua
Portuguesa. Professor da Universidade de Lisboa, Ivo Castro faz
palestra sobre Língua portuguesa: de onde veio? para onde vai?,
aberta ao público no próprio dia 26 de fevereiro, no auditório
do CCBB, a partir das 19h30, com entrada gratuita. O mestre promete
falar da formação da língua portuguesa e das variações que
sofreu nos diferentes países que adotaram o idioma.
Idealizada
por Marcello Dantas, LUSA: a matriz portuguesa apresenta o componente
que faltava neste passeio pela formação étnico-cultural do
Brasil, o elemento europeu e particularmente o português. O
espectador terá a oportunidade de conhecer a cultura e a história
de Portugal, antes mesmo da era dos Descobrimentos, através da
exibição de cerca de 150 peças do acervo de algumas das mais
prestigiadas instituições portuguesas. Embora permaneça
praticamente desconhecido no Brasil, o passado de Portugal é
riquíssimo e começa bem antes da conquista romana, ainda com povos
pré-históricos.
A
exposição busca reunir esse passado de séculos, organizando as
diferentes camadas que formaram a etnia, a cultura e a identidade do
povo português. Para contar esta história de uma forma narrativa,
foram criadas salas dedicadas a períodos e temas, que proporcionam
uma imersão nas origens de Portugal, falam da formação de suas
fronteiras, mostram sua preparação para uma das maiores aventuras
de todos os tempos: o período dos Descobrimentos.
Esta
trajetória é apresentada através de 147 peças do acervo de 38
das mais prestigiadas instituições portuguesas. Estarão em
exposição 39 tesouros nacionais de Portugal, que nunca tinham
atravessado antes o Atlântico e muitos sequer haviam deixado o
país. Exemplos são um guerreiro calaico de granito (datado
provavelmente do século I a.C.), com quase dois metros de altura e
pesando uma tonelada, e um torques, que é um colar de ouro maciço
usado por estes guerreiros. Um grande percurso pela história antiga,
medieval, renascentista, que dá início às comemorações pelos
200 anos da vinda da família real para o Brasil. LUSA esteve montada
no CCBB do Rio de Janeiro (de outubro do ano passado a fevereiro
deste) e recebeu um público superior a 600 mil pessoas.
A
Exposição: LUSA - a matriz portuguesa apresenta uma coleção
fascinante, com obras emprestadas por instituições de prestígio
como o Museu Nacional Arqueológico de Lisboa, o Museu Islâmico de
Mértola, a Torre do Tombo, o Museu da Marinha, a Biblioteca Nacional
de Lisboa, o Museu Nacional de Arte Antiga, o Museu Nacional de
Arqueologia, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu
Arqueológico de Sines e o Museu Arqueológico de Silves. São
peças em pedra, mármore, cerâmica, ouro, azulejos, pinturas,
esculturas, achados arqueológicos, mapas e até projetos
multimídia que exploram a formação da língua portuguesa e
apresentam a palavra de especialistas.
Esta
imersão nas origens de Portugal, da pré-história aos
Descobrimentos, é feita através de ambientes históricos e
temáticos. Dentre os históricos estão aqueles dedicados aos
períodos e influências religiosas: Pré-história, Presença
Romana, Alta Idade Média, Presença Islâmica, Cristianismo
Medieval e Presença Judaica.
Os espaços
temáticos abordam assuntos centrais na história de Portugal, como
as Descobertas Científicas e os Descobrimentos, além de destacarem
a importância do Comércio e da Língua como elementos de
afirmação, identidade e unidade lusitana, motivo e conseqüência
da expansão. Há ainda um ambiente que serve como sala para
consulta de referências literárias e históricas, assim como
espaço educativo. Ali, o espectador pode se situar numa detalhada
linha do tempo.
As salas
traçam um itinerário cronológico e conceitual da mostra. Estão
presentes objetos ligados à navegação, pesos e medidas, à
matemática, arquitetura, astronomia, agricultura e exemplares que
revelam a nova geografia do mundo ("a terra é redonda").
Já no ambiente dedicado à Língua e Comércio, a exposição
apresentará potes de vidro contendo exemplares das especiarias que
motivaram tantas jornadas, além de reproduções de livros
fundamentais para o entendimento da formação lingüística e
cultural portuguesa, como Os Lusíadas, de Luís de Camões, e A
formação do Estado de Portugal, considerado o primeiro documento
escrito em português, em edições fac-símiles que o público
pode manusear.
Ema cada
sala há ainda um espaço dedicado à projeção de vídeos com
depoimentos de especialistas - historiadores, arqueólogos,
lingüistas - que explicam a formação de Portugal e sua própria
matriz miscigenada. Os curadores estão "presentes" nas
salas, ilustrando o background histórico e cultural das peças em
mostra.
O percurso -
Os ambientes foram montados seguindo um código cenográfico cuja
disposição é caracterizada pelas cores predominantes em cada
período. Assim, o espaço dedicado a explorar a influência romana
será marcado pela cor branca, no ambiente islâmico predominará o
azul, o vermelho no cristão, o negro no judaico e assim por diante.
Além disso, o roteiro de LUSA se distingue por três momentos
experienciais: o primeiro é histórico, formal, cronológico. O
segundo, vivencial, de identidade, imersivo e lúdico. E o terceiro e
último oferece uma perspectiva conceitual, de interpretação,
reflexão e leitura.
Um dos
espaços mais curiosos da exposição é a Cama Sonora. A palavra
cama é uma das únicas que permaneceram na língua desde o
período ancestral, anterior à chegada dos romanos. Cama é um dos
objetos do mundo rural dos antepassados portugueses que não tinham
equivalente na língua latina. Por isso, a palavra se conservou no
idioma, sobrevivendo às diversas invasões e imposições
lingüísticas. Assim, Dantas concebeu uma imensa cama sonora que
convidará os visitantes a se deitarem nela. Uma vez deitados,
poderão ouvir as diversas sonoridades lingüísticas do português,
as palavras de origem árabe, as latinas, indo-européias,
indígenas, africanas, etc.
Cada área
explorada na mega-exposição recebeu uma curadoria específica,
feita por especialistas portugueses. No total, são nove os curadores
da mostra: Luís Raposo (Pré-História), Conceição Lopes
(Presença Romana), Santiago Macias e Paulo Almeida Fernandes (Alta
Idade Média), José Custódio Vieira da Silva (Cristianismo
Medieval), Cláudio Torres (Presença Islâmica), Maria José
Ferro Tavares (Presença Judaica), Jorge Couto (Ciência e
Descobrimentos) e Ivo Castro (Língua e Comércio).
A
mega-exposição ocupa todos os principais espaços expositivos do
CCBB. Em cada um deles, vídeos com depoimentos dos curadores
explicam o período ao qual o espaço e as peças se referem e
dão detalhes das obras expostas. A galeria circular recebe, no
térreo, os ambientes dedicados à Presença Islâmica, Cristianismo
Medieval e Presença Judaica. No subsolo, estão montadas as salas
dos Descobrimentos e Descobertas Científicas. A galeria retangular
foi reservada para os períodos da Pré-História, Presença
Romana e Alta Idade Média. Já no Pavilhão de Vidro poderão ser
vistos o ambiente da Língua e Comércio, a Cama Sonora e o espaço
direcionado ao estudo das referências cronológicas e
bibliográficas. Para a Sala de Vídeo ficaram reservados o Livro das
Aves (o único exemplar em português do manuscrito do século XIV)
e o filme Finisterra, vídeo-projeção realizada em Portugal,
reunindo depoimentos dos historiadores em formato de
instalação.
Uma
história feita de conquistas - Em 2008, Portugal está em evidência
global. São comemorados os 200 anos da vinda da corte portuguesa ao
Brasil, acontecimento fundamental para a criação das
instituições que habilitaram a colônia a se tornar independente 14
anos depois. Em Washington, o Smithsonian, maior complexo de museus do
mundo, realizou, no segundo semestre de 2007, uma gigantesca
exposição, dedicada a falar das aventuras marítimas e das
descobertas de Portugal nos séculos 16 e 17. A mostra recebeu quase
5 mil pessoas só no primeiro dia de visitação. Em Berlim e
Bruxelas duas outras exposições sobre o tema serão destaque nas
agendas de 2008. LUSA vem se somar a outras iniciativas que ocorrem em
solo brasileiro.
A origem dos
brasileiros é tão diversificada quanto a dos portugueses. No
território português existiu uma população antiga, anterior à
chegada dos romanos na Península Ibérica. Eram povos dos quais
não se sabe nem o nome, pois não deixaram registro escrito, mas que
aprenderam a falar latim quando os romanos chegaram. Com a
decadência do Império Romano, juntou-se uma terceira camada: os
chamados povos germânicos. Em seguida, vieram os árabes, que
entraram pelo sul, ocuparam dois terços da Península Ibérica em
poucos anos e tiveram no território de Portugal 500 anos de
"convívio" com os cristãos do norte. Os árabes foram
os introdutores na Península Ibérica de contribuições muito
significativas da navegação à filosofia, do conceito de
miscigenação à música e à arte. Há uma percentagem quase
de 20% de palavras de origem árabe no vocabulário português
tradicional. Em Portugal aconteceu uma islamização.
Foi no
período islâmico que as bases da identidade portuguesa se formaram.
Desse momento ficaram as noções de comércio, a miscigenação,
a expressão artística na arquitetura, nas artes e conceitos hoje
identificados como "essencialmente portugueses" são na
verdade heranças do período árabe e islâmico de Portugal. É
a partir de 1249, data em que se estabeleceu a supremacia do
cristianismo de língua portuguesa, e também das populações do
norte que paulatinamente foram conquistando as várias cidades do
sul, até aí sob poder árabe, que terminou oficialmente a
"Reconquista". A partir desse momento deu-se a fusão das
culturas árabe e européia. Os árabes não foram massivamente
afastados do território. Foram ficando e misturaram-se muito
lentamente.
As
fronteiras de Portugal ficaram definidas e consolidadas oficialmente
em 1297 (Tratado de Alcanices). No início do século XV Portugal
estava em condições de aproveitar toda a experiência do passado
e todos os conhecimentos que foram desenvolvidos até então,
aproveitando a rara situação de vivências partilhadas de
cristãos, árabes e judeus, e vocacioná-los para o Sul. Foi essa
circunstância portuguesa, única, que permitiu que os avanços
tecnológicos, náuticos, financeiros, políticos fossem
aproveitados e acontecessem no início do séc. XV, levando ao
"arranque" dos Descobrimentos. A partir daí, a
concepção do mundo mudou radicalmente.
LUSA: a
matriz portuguesa, de 26 de fevereiro a 4 de maio de 2008, de terça
a domingo, das 9h às 21h no Centro Cultural Banco do Brasil em
Brasília (DF). Entrada franca. Informações: (61) 3310-7087. Objeto
Sim Projetos Culturais, telefone e fax (61) 3443- 8891 e 3242- 9805 |
E-mail: objetosim@terra.com.br | Site: www.objetosim.com.br