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Re: [Archport] Vestígios romanos

Subject :   Re: [Archport] Vestígios romanos
From :   "Filipe Santos" <filipe.bmoniz@gmail.com>
Date :   Wed, 26 Mar 2008 17:33:12 +0000

Concordo em parte com a opinião do ozecarus. A repressão trará mais desvantagens do que vantagens. O que as pessoas precisam é de formação e educação nesta determinada área que tanto nos interessa. É um assunto muito específico do conhecimento pelo qual poucos se interessam. Cada um domina um tipo de conhecimento. Gostaria de ver os amigos  tentarem fazer um bom vinho, é um tipo de conhecimento que a grande maioira não domina, provavelmente iria sair um líquido bastante acético e através de alguma denúncia estariam sob a alçada da asae pela falta de qualidade do produto.  A maioria das pessoas não sabem de arqueologia mas sabem como fazer para comer e beber entre outras coisas com uma mestria invejável. Com isto pretendo transmitir que as atitudes repressivas trazem sempre grandes desvantagens a qualquer área do conhecimento. Com manobras judiciais desconfio solenemente que num raio de dezenas de km a contar do epicentro do referido atentato mais ninguém irá chamar o arqueólogo ou a GNR mas sim soterrar, destruir ou apagar vestígios de algo que apareça para não terem problemas com a justiça. Sobre o assunto dos detectores de metais, tenho acompanhado como visitante o debate que se gerou na internet entre arqueólogos e pessoas que possuem detectores, mostraram até um portal que contruiram na rede, bem estruturado criado para discutir técnicas de detecção. A impressão com que fiquei é que estamos perante um fenómeno complexo e em expansão exponencial que engloba gente com alguma formação, desde engenheiros a advogados passando por técnicos especializados, enfim gente com alguma ou muita cultura. O ozecarus na mensagem anterior fala dos detectores em sítios arquéológicos, é de facto um problema e é o único sítio específico onde claramente a lei proíbe o seu uso (???), a resolução desta questão creio que seja mais uma vez pelo caminho não repressivo por motivos óbvios.  O IGESPAR podia publicar periodicamente uma nota informativa com os sítios interditos ao uso de detectores. Colhi outra sugestão interessante na discussão que se gerou no outro sítio web, alguns dos que usam detectores e se consideram responsáveis recomendaram os arqueólogos participantes em último caso a usar limalha de cobre ou alumínio para proteger sítios relevantes do ataque dos malfeitores que eles próprios parece que excluem da sua comunidade (???), o ferro parece que não pode ser por questões técnicas as quais não domino.
 
Filipe Bacelar Santos Moniz
 


 
2008/3/26 ozecarus geral <ozecarus.geral@tele2.pt>:
Espanta-me tanta ingenuidade e desconhecimento da realidade. Se o IGESPAR vai processar o homem por ter posto à vista os muros, então vai ter que processar metade dos proprietários do Alentejo que "involuntariamente" põem à vista objectos arqueológicos e ruínas. Assim como vai ter que processar muito mais gente que todos os dias cava em "sítios dos mouros" para ver se encontra algum tesouro.
    Não é que a atitude do homem tenha desculpa. Não tem. Mas penso que não é assim que se resolvem as coisas. É preciso educar e sensibilizar as pessoas, tomar medidas eficazes para a protecção do património, em vez de punir. O que acontecer aquele homem remeterá para o silêncio dezenas de outras situações iguais a estas e que nunca mais serão do conhecimento público ou dos interessados que são os arqueólogos, dando cabal sentido à frase "Arrasa isso antes que apareça aí alguém e tenhas chatices".
    Os antiquários estão repletos de materiais arqueológicos trazidos e vendidos por particulares, achados involuntaria ou propositadamente. O ex-IPA alguma vez tomou alguma medida para travar esse comércio ilícito? E os detectores de metais? Toda a gente compra detectores de metais. Quantos foram punidos por fazerem pesquisa ilegal em sítios arqueológicos? Existe uma lei que não tem aplicação prática. Onde está a fiscalização? No horário das 9 às 5, certamente que não conseguem apanhar nenhum.
    Mas mais vale um pequeno peixe na rede, já que aos tubarões a tutela não se atreve a fazer frente. Quando se permite a destruição de um povoado calcolítico com 20 hectares, para passar uma estrada, e o único mau da fita é o arqueólogo já que a tutela está de acordo com o dono de obra, muito mal vai este país.

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