[Archport] Notícia

[antoniovalera@era-arqueologia.pt]

A propósito de uns muros romanos
e umas gravuras calcolíticas:

Notícia

Zé Manel, experiente na candonga
do CD e cassete pirata, revelou ao Correio d'Amanhã que fez uma descoberta
impossível na Feira do Relógio. O investigador, com rasgado sorriso e incontrolada
excitação, informou o nosso informado repórter que havia descoberto, no
meio de uns papelões amarrotados entre a barraca da Ti Maria e a tenda
do João Zarolho, a folha perdida, e até hoje objecto das cépticas dúvidas
académicas, de Os Lusíadas. Ciente da descoberta, logo a levou à Ti Jaquina,
engomadeira na Zona J, para recuperar a folha com o seu melhor ferro. Alisado
o pergaminho (ou seria papiro? ou simplesmente papel?), o ivestigador não
descansou enquanto não o colocou sob o experiente nariz do colega investigador
Tó Zé Quintaninha, um autêntico astro da leitura, que costumava ler em
voz alta os jornais, quando o pessoal se juntava à noite, lá no clube,
para jogar ao cavalinho. O Tó Zé olhava de um lado, revirava, e olhava
do outro. Finalmente disse: Zé! Não querendo pôr em causa os teus créditos
de investigador, chama as autoridades. E assim foi que, quinze minutos
volvidos, o Correio d'Amanhã lá estava, para trazer à informada sociedade
portuguesa mais uma notícia relativa à sua tão notável e bem tratada história.
Por causa da descoberta e notável desenvolvimento dado ao problema, Zé
Manel, aclamado pelos pares, será amanhã doutorado "honoris causa"
por uma universidade portuguesa e inscrito na ordem dos investigadores,
a mais liberal de todas as ordens.

Retida, amanhã, do Correio d'Amanhã.