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[Archport] Odemira: Necrópole do Pardieiro estará aberta ao público a partir de amanhã

Subject :   [Archport] Odemira: Necrópole do Pardieiro estará aberta ao público a partir de amanhã
From :   Alexandre <no.arame@gmail.com>
Date :   Mon, 5 May 2008 21:02:23 +0100

As 10 sepulturas foram encontradas há 37 anos

Odemira: necrópole da Idade do Ferro estará aberta ao público a partir
de amanhã

05.05.2008 - 15h15 Lusa, no Público

Os curiosos por vestígios do passado vão poder visitar, a partir de
terça-feira, as 10 sepulturas visíveis da Necrópole do Pardieiro,
datada da Idade do Ferro e descoberta há 37 anos no concelho
alentejano de Odemira, Beja.

O sítio arqueológico, onde foram achadas três lápides epigrafadas com
Escrita do Sudoeste e duas estelas decoradas com marcas de pés,
situa-se no antigo Monte do Pardieiro, a cerca de três quilómetros da
localidade de Corte Malhão, na freguesia de São Martinho das
Amoreiras.

A necrópole foi descoberta em 1971, através do achado "acidental", a
poucos metros do local, de uma lápide epigrafada com Escrita do
Sudoeste, a mais antiga escrita da Península Ibérica, como explicou o
arqueólogo Virgílio Hipólito Correia, um dos responsáveis pelas
escavações.

A lápide foi encontrada pelo então proprietário do Monte do Pardieiro,
que decidiu "investigar" em que objecto o seu arado encalhava sempre
que lavrava a terra no local, contou o arqueólogo Jorge Vilhena,
responsável pelos trabalhos arqueológicos de restauro e de valorização
da necrópole:"Foi um achado acidental de uma pedra com letras, o
achador nem sequer tinha consciência de que havia encontrado uma
lápide epigrafada com Escrita do Sudoeste", contou Virgílio Hipólito
Correia, lembrando que a lápide foi guardada na antiga associação
cultural de Garvão, no concelho vizinho de Ourique.

A lápide só seria identificada mais tarde pelos arqueólogos Caetano de
Mello Beirão e Mário Varela Gomes, que se dedicavam ao estudo da
epigrafia da primeira Idade do Ferro do Sudoeste da Península Ibérica
e que estavam a escavar em Garvão.

"Na altura da identificação, os arqueólogos verificaram que a lápide
tinha sido achada a meia dúzia de metros do local original. Ficou
claro que a necrópole à qual pertencia localizava-se nas imediações",
explicou Virgílio Hipólito Correia.

A lápide tinha inscrito um signo "muito pouco conhecido" na Escrita do
Sudoeste e que levantou dúvidas sobre a pertença da inscrição àquela
epigrafia e sobre a cronologia da própria lápide e, por arrasto, da
Escrita do Sudoeste no seu todo".

Para "esclarecer as dúvidas" e "conhecer com mais exactidão e pormenor
o contexto arqueológico da lápide", actualmente em exposição no Museu
da Escrita do Sudoeste, em Almodôvar, os arqueólogos Caetano de Mello
Beirão e Virgílio Hipólito Correia escavaram o sítio, entre 1989 e
1990. As escavações arqueológicas permitiram colocar a descoberto 10
sepulturas em forma de monumento e achar outras duas lápides
fragmentadas e epigrafadas com Escrita do Sudoeste e duas estelas
decoradas com gravuras em forma de pé, conhecidas como podomorfos.

Nas sepulturas foram também encontradas oferendas funerárias votivas,
como colares de contas de pasta vítrea e de âmbar, pingentes de
cornalina (ágata pedra preciosa), peças de cerâmica e algumas armas de
ferro, como facas e pontas e contos de lança.Após as escavações,
financiadas pelo Estado, seguiram-se intervenções de restauro e
valorização da necrópole, suportadas pelo município de Odemira.

Aos trabalhos arqueológicos de restauro e conservação dos túmulos,em
2001,seguiu-se a valorização da envolvente da necrópole, em 2007, com
a vedação do local, a criação de condições para o acesso pedonal e a
instalação de sinalização e de painéis explicativos.

Além das 10 sepulturas escavadas, os arqueólogos identificaram outras
duas sepulturas periféricas, que "não foram escavadas por estarem
debaixo de um sobreiro", explicou Jorge Vilhena, referindo que,
durante os trabalhos de vedação do sítio, em 2007, foi identificada
uma 13ª sepultura, que deverá começar a ser escavada no final deste
mês. As duas lápides fragmentadas e epigrafadas com Escrita do
Sudoeste achadas na necrópole estão em depósito no Museu Regional de
Beja e os restantes achados estão guardados na Câmara Municipal de
Odemira.

A abertura oficial da necrópole ao público, marcada para as 15h00 de
terça-feira, inclui uma palestra de Virgílio Hipólito Correia sobre a
Necrópole do Pardieiro e a investigação da Escrita do Sudoeste, que
vai decorrer, a partir das 21h30, na Biblioteca Municipal de Odemira.

A escrita mais antiga da Península Ibérica

A Escrita do Sudoeste ou Tartéssica, da I Idade do Ferro no Sul de
Espanha e Portugal, foi desenvolvida pelos Tartessos, o nome pelo qual
os gregos conheciam a primeira civilização do Ocidente, que se terá
desenvolvido nas zonas das actuais regiões da Andaluzia espanhola e
Baixo Alentejo e Algarve.

Com cerca de 2.500 anos, a escrita dos Tartessos, que tiveram
influências culturais de Egípcios e Fenícios, terá entrado em desuso a
partir do século V a.C., é distinta das dos povos vizinhos, complexa e
permanece indecifrável até à actualidade.


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