Das incertezas aos encaixotados do ex-IPA
Esta quarta-feira, dia 9 de Julho de 2008, pelas 19h, parece que será apresentado com pompa e circunstância, na Avenida da Índia, o projecto do novo Museu dos Coches, a inaugurar daqui a dois anos para comemorar a implantação da República em 1910!
Mas há um pequeno e aborrecido problema: o novo Museu vai ser construído no mesmo local onde se encontram, se bem que provisoriamente há cerca de dez anos, as instalações do ex-Instituto Português de Arqueologia, actualmente pertencentes ao IGESPAR, IP, sem que se tivesse pensado em reinstalar o que aí actualmente se encontra… prevendo-se o início das demolições já em Setembro.
Essas provisórias instalações albergam não só a melhor biblioteca de arqueologia do país, como o não menos importante arquivo corrente e histórico da arqueologia portuguesa, acervo reunido desde o último século, e os laboratórios e colecções únicas, de paleoecologia e de arqueociências, do ex-CIPA, além do historicamente valioso espólio náutico e subaquático do ex-CNAS, etc.
Esta decisão, que ultrapassa critérios museológicos e culturais, não tomou em consideração a condigna transferência e a continuidade da actuação destas importantes estruturas orgânicas de gestão, salvaguarda, investigação e divulgação arqueológica que serão assim despejadas tornado o seu futuro incerto.
Sem saber muito bem o que também se decidia, anunciou-se assim a catástrofe a muito curto prazo: a paralisação da actividade arqueológica nacional!
Mas a resolução deste problema pode ser ainda um caso de sucesso da actual governação, basta que agora faça o que não fez antes e encontre em escassos dias a solução condigna a dar ao que provisoriamente ali ficara instalado, através da congregação e dos eficazes esforços dos ministérios envolvidos.
A arqueologia nacional não pode ficar sem abrigo: não pode ser despojada do seu arquivo, armazenado numa qualquer parte; não pode ter os seus livros encaixotados sem prazo; nem pode ter as suas colecções zoológicas de referência retiradas da observação dos investigadores.
Qual é a actual alternativa proposta: nenhuma, só a paralisia total!
Os resultados negativos da reestruturação efectuada pelo PRACE ficam assim também expostos pela caricata situação das instalações do ex-IPA, e pela debilidade que trouxe à gestão do património arqueológico e de todas as vertentes ligadas à actividade arqueológica, que deveriam ser a vocação de um único organismo público com essa exclusiva atribuição.
Lisboa, Julho de 2008
Rui Boaventura
Encontra-se online uma petição solicitando a resolução deste problema:
http://www.petitiononline.com/biblipa/petition.html
Mais informações em:
http://bibliotecaipa.blogspot.com/
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