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[Archport] Ainda e sempre Foz Côa e a indigência nacional

Subject :   [Archport] Ainda e sempre Foz Côa e a indigência nacional
From :   Antonio Martinho Baptista <ambaptista@mail.telepac.pt>
Date :   Sun, 13 Jul 2008 14:36:36 +0100

Já não há paciência para abrir as mensagens do Archport e ler opiniões do tipo, os arqueólogos têm de explicar o que é a Arte do Côa e qual a sua importância, que os arqueólogos têm de descer dos seus pedestais e... ... patati, patata... É que já não há mesmo paciência!!??

Jean-Marie Le Pen e os neo-fascistas negam o Holocausto! Isso faz com que ele não tenha existido? Há alguém no Archport que acredite nisto e insista em ter ainda e sempre mais explicações sobre o que foi isso do Nazismo e do Holocausto!!?? Os modernos criacionistas acreditam que o mundo foi criado, parece, em 4.004 a.C. como em prosa barrocamente opulenta historicizou Bossuet. Há quem diga que num estalar de dedos! Consequentemente nega-se o Evolucionismo das Espécies e ensina-se o Criacionismo em escolas oficiais, por exemplo, de alguns estados americanos. Há alguém no Archport que acredite nisto e que exija ainda mais explicações e provas sobre o que é isso do Evolucionismo? Sousa Tavares, uma reconhecida autoridade em matéria de arte pré- histórica !!, nega a autenticidade da Arte do Côa e cita Bednarik de que nem lembra o nome e um título do Independente de Julho de 95, a que apesar de tudo retirou um 0 e de 3.000 anos passou a 300 anos! O que apesar de tudo faz toda a diferença. Há alguém no Archport que acredite nisto e que continue a exigir explicações!!? Eu sei que há gente para tudo...

Os sítios de Foz Côa são os mais explicados e palrapiados da arqueologia portuguesa! Só não vê quem não quer ver ou insiste em continuar ignorante! Que estação arqueológica nacional, logo desde a sua revelação, se pode gabar de ter recebido a quantidade de gente que aqui aportou?. Se alguém se der ao trabalho de fazer um apanhado do noticiário arqueológico português e internacional sobre sítios arqueológicos nacionais verá que de Foz Côa se falou e escreveu mais do que de todos os outros sítios juntos!! Podem consultar algumas amostras disto mesmo no livro coordenado por Maria Eduarda Gonçalves "O caso de Foz Côa: um laboratório de análise sociopolítica", Edições 70, 2001. Quando vi pela primeira vez os "rabiscos" do Côa nos inícios de Novembro de 94, através dos primeiros desenhos da Canada do Inferno do Fernando Barbosa e do Nelson Rebanda, lembro-me de ter dito a NR que poderá haver quem não os ache paleolíticos, mas que posteriores ao Epipaleolítico é que não os poderão considerar!! E foi sobre a sua indesmentível paleoliticidade que escrevi no parecer que entreguei ao IPPAR em finais de Janeiro de 95! Passados 13 anos e toda a história que se sabe ainda ando a ler coisas como as de MST, Helena Matos e alguns simpáticos figurões que por'í andam?? Se querem mesmo defender a maldita barragem arranjem outros argumentos!

Exilei-me em Foz Côa na sequência da criação do PAVC e do CNART desde 1997. Há 11 anos portanto! E com todo o prazer aqui continuo. Recebi e continuo a receber gente de todas as proveniências e a explicar a Arte do Côa a centenas ou milhares de responsáveis políticos, desde primeiros-ministros, ministros e secretários de estado e suas comitivas, presidentes disto e daquilo (praticamente só Cavaco aqui não veio, mas lá chegará!), centenas de grupos internacionais e nacionais, arqueológicos ou não, participei na criação do dossiê (excelentemente coordenado pela grande figura da arqueologia portuguesa que é João Zilhão) que levou a Unesco, com uma celeridade inusual, a considerar os sítios do Côa como Património da Humanidade (e tornei-me entretanto eu próprio avaliador ICOMOS do Património Mundial), dei centenas de conferências sobre o Côa algumas nos sítios mais exóticos, escrevi e participei em livros e artigos, dei centenas de entrevistas a jornais, rádios e televisões, participei (e participo) em filmes sobre o caso (o próximo versará sobre a "história política" do Côa), continuo a coordenar uma equipa que passa (quase por puro prazer) noites sobre noites a estudar e descodificar a Arte do Côa e está presentemente a trabalhar afincadamente na produção de conteúdos para o Museu do Côa... E ainda vou tendo tempo para ler todos os disparates que se continuam a escrever sobre o Côa. Haja paciência. Citando, ainda e sempre Duvignaud, o que nos ameaça não é verdadeiramente o apocalipse, mas sim a mediocridade! Num mundo globalizado, com indigestões de informação que matarão qualquer mortal que não se cuide e se previna, e ainda me vêm falar que lhes falta informação, que querem mais contraditório!! Já não há paciência!

Já agora circulem de vez em quando por aqui
http://dafinitudedotempo.blogspot.com/

e cuidem-se das indigestões e do choque térmico da Grande Arte do Côa...

Saudações arqueológicas

António Martinho Baptista

PS: Saúdo a carta de Manuel Maria Carrilho ontem publicada no Expresso e o seu artigo de opinião no DN também de ontem, onde, com toda a serenidade, trata de corrigir as palavras inqualificáveis de MST sobre os assuntos do Côa. A tréplica de MST à carta de Carrilho é suficientemente esclarecedora das suas fontes primárias e de como se opina em Portugal.
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