O desmantelamento da Arqueologia portuguesa, nas suas várias vertentes - pesa-nos verificá-lo - está, apesar de tudo, prestes a concretizar-se.
A petição acerca das incertezas dos serviços do ex-IPA, hoje IGESPAR, nomeadamente Biblioteca, arquivo e Publicações do ex-IPA, pode considerar-se um sucesso: tem, no momento em que escrevo, um total de 1444 assinaturas e, também por isso, podemos afirmar, sem medo de errar, que nenhum responsável da tutela (1º Ministro, Ministro da Cultura e Srs. Directores e Vice-Directores, nomeadamente o arqueólogo Doutor João Pedro Ribeiro), ignora a extensão e gravidade dos problemas em aberto. Terão que assumir, pois, as suas responsabilidades nos danos causados à nossa herança cultural.
Alguma da comunidade arqueológica não se manifestou, é certo; preferiu o recato do cauteloso silêncio: «Vamos ver para onde corre o vento!»... Todos, porém, intervenientes ou não, mais ou menos participativos, teremos igualmente que assumir responsabilidades e estar bem conscientes de que, pelos "ventos" que correm, o património arqueológico português sofrerá, nos próximos tempos, danos irreparáveis e é bem previsível, consequentemente, significativa decadência da qualidade profissional.
Gostaríamos que uma varinha de condão afastasse definitivamente e para bem longe tais agoiros; mas... quem há aí que acredite na varinha e no condão?
De momento, a nossa missão está, pois, cumprida e damos por suspensa a petição "Destino incerto para a Biblioteca, Arquivo e Publicações do ex-IPA, hoje IGESPAR, IP":
A si, de modo especial, e a quantos desde a primeira hora estiveram connosco, neste gigantesco apoio à causa da Arqueologia, o nosso enorme «bem-hajam!».
José d'Encarnação