[Archport] 'Pirogas milenares aguardam recuperação'
Diario de Noticias, 22/07/2008, por PAULO JULIÃO
Arquelogia. As canoas foram encontradas no rio Lima
Pirogas milenares aguardam recuperação
Há vários anos que cinco pirogas milenares, consideradas um dos mais
importantes achados arqueológicos em Viana do Castelo, aguardam, em
água, por um tratamento que permita a recuperação e consequente
exposição pública. Um processo moroso que a autarquia admite que não
se concretize a curto prazo.
"O tratamento será feito num país nórdico, mas surgiram outros achados
que precisam de tratamento e as pirogas vão ter de aguardar uns anos
na fila", afirmou Defensor Moura, presidente da autarquia. Tratam-se
de pirogas monóxilas - construídas a partir de um único tronco de
madeira -, que variam entre 3,85 e 6,61 metros de comprimento,
encontradas em vários pontos do leito do rio Lima nos últimos 20 anos.
A mais antiga, segundo a datação feita por técnicos - e a conhecer em
breve com a publicação do estudo -, terá mais de 2000 anos e as
restantes cerca de metade.
"São uma espécie de canoas, escavadas a partir do tronco. Era uma
forma primitiva de construir estas embarcações, utilizadas para ligar
as duas margens do rio", explicou ao DN o arqueólogo António Cunha
Leal. A maioria das pirogas foram achadas na envolvente das freguesias
de Lanheses e Moreira de Geraz do Lima, no Lugar da Passagem, inserido
no roteiro medieval dos caminhos de Santiago (de Compostela).
A conservação destas pirogas está a cargo do Instituto Português de
Arqueologia Subaquática, envolvendo ainda o Ministério da Cultura.
"Estão protegidas com um produto para assegurar que não se deterioram.
Mas o processo para conservação definitiva não tem sido fácil", admite
a autarquia, uma das entidades impulsionadoras da reabilitação. "São
pirogas grandes, cujo tratamento será feito em tinas produzidas para o
efeito", explica Cunha Leal. O tratamento consiste na desumidificação,
consolidação da madeira, para que "não estale" depois do prolongado
período de exposição à água.
O objectivo da Câmara de Viana do Castelo é que, depois de
reabilitadas, as pirogas fiquem em exposição num novo espaço
museológico. "Quando forem tratadas virão para Viana do Castelo. É uma
garantia", sustentou Defensor Moura. As canoas ou pirogas talhadas num
só tronco de árvore constituem, segundo os especialistas, o tipo de
embarcação mais antigo de vários continentes
http://dn.sapo.pt/2008/07/22/artes/pirogas_milenares_aguardam_recuperac.
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