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[Archport] Obras na Quinta da Carreira, no Estoril, vão ter acompanhamento arqueológico

Subject :   [Archport] Obras na Quinta da Carreira, no Estoril, vão ter acompanhamento arqueológico
From :   "Alexandre Monteiro" <no.arame@gmail.com>
Date :   Wed, 30 Jul 2008 00:15:30 +0100

Obras na Quinta da Carreira, no Estoril, vão ter acompanhamento arqueológico

Público, 29.07.2008, por Clara Viana


Nos arredores do bairro de São João do Estoril existem vestígios
romanos e de outras épocas mais remotas que a Câmara de Cascais
promete vir a salvaguardar


Para acautelar a preservação de eventuais vestígios de outras eras na
Quinta da Carreira, em São João do Estoril, todos os trabalhos que
impliquem deslocações de terras naquela zona deverão ter
acompanhamento arqueológico, garantiu o director do Departamento de
Cultura da Câmara de Cascais, António Carvalho.

Esta foi uma das medidas decididas pela autarquia na sequência de um
repto lançado por um dirigente da Associação de Moradores da Quinta da
Carreira (AMQC) para que fosse investigada a possibilidade de o lugar
ter uma história romana e preservados os seus eventuais vestígios.

Há pouco mais de um ano que o antigo presidente da associação, José
Casquilho, investigador em ecologia da paisagem, decidiu procurar o
que poderia haver de verdadeiro numa informação que apontava para
marcas romanas no bairro onde também está situada a Escola Secundária
de São João do Estoril. A iniciativa, já noticiada pelo PÚBLICO em
Abril passado, prossegue e está contada no blogue da AMQC
(amqcarreira.blogspot.com).
Apesar de os arqueólogos que estudaram a quinta não confirmarem essa
possibilidade, a câmara optou por acautelá-la, até porque nas
proximidades existem vestígios que apontam muito para trás, como
explicou António Carvalho: "A existência na envolvente de alguns
sítios arqueológicos (a norte a necrópole pré-histórica de Alapraia e
os achados epigráficos romanos do Casal de Santa Teresinha, Casal das
Grutas e Quinta da Boavista; a sul o achado isolado de um artefacto
datado do Paleolítico nas arribas do forte de Santo António) leva à
necessidade de ter em conta medidas de arqueologia preventiva,
nomeadamente a permanência a tempo integral de um arqueólogo na obra
enquanto decorrerem mobilizações de terreno".

Depois de uma visita ao local do presidente da autarquia, António
Capucho, e de uma reunião, realizada no final de Maio, com
representantes da AMQC, o Departamento de Cultura da Câmarade Cascais
elaborou "uma informação detalhada com o inventário dos bens
patrimoniais, bem como as medidas de salvaguarda" do património que,
na Quinta da Carreira, sobreviveu à construção da urbanização ali
existente, cuja primeira fase foi edificada em meados do século
passado.

O inventário da câmara, bem como as medidas para a "diminuição de
impactos sobre o património arqueológico", destina-se a integrar o
Plano de Pormenor para a área. A elaboração desse plano foi aprovada
em 2005, mas, segundo a autarquia, os trabalhos encontram-se ainda
numa fase "muito embrionária".
Em todo o caso, o plano de pormenor deverá contemplar a implantação de
um ecoparque e de uma nova via rodoviária junto à ribeira de Bicesse -
uma das áreas que figuram entre os lugares a preservar -, que finalize
a ligação entre a Auto-Estrada Lisboa-Cascais e a Estrada Marginal. O
documento consagrará também novas construções com uma área total de
19.500 metros quadrados.

As informações escritas mais remotas que se conhecem sobre a Quinta da
Carreira datam do século XIX e dão conta da sua aquisição pelo
comerciante Marques Leal, que a transformou numa próspera exploração
agrícola, com uma grande casa e de onde saía um "magnífico vinho".

No local subsistem ainda um tanque de rega (estava condenado no
projecto aprovado pelo anterior presidente da Câmara e que foi anulado
pela actual gestão), junto ao qual existe um dragoeiro. Este já se
encontra classificado como sendo de "interesse público".

Tanque e dragoeiro figuram no inventário agora feito pela autarquia,
onde se incluem também, entre outros, como elementos a preservar e
valorizar na Quinta da Carreira um poço e uma nora actualmente em
ruínas, um bosque de pinheiros mansos e um alinhamento de oliveiras,
estes últimos já identificados pela Direcção-Geral dos Recursos
Florestais como passíveis de classificação de Interesse Público,
informou a autarquia.

Todos estes elementos estão na zona para onde se encontra prevista
parte da nova construção. As oliveiras referidas situam-se ao longo do
que poderá ter sido a "carreira", que terá dado nome ao lugar. C.V.


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