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[Archport] Encontrados novos e importantes vestígios da acrópole romana de Beja

Subject :   [Archport] Encontrados novos e importantes vestígios da acrópole romana de Beja
From :   "Alexandre Monteiro" <no.arame@gmail.com>
Date :   Sun, 10 Aug 2008 01:12:32 +0100

Entra o Verão, chovem artigos sobre achados e descobertas....




"Encontrados novos e importantes vestígios da acrópole romana de Beja

Público, 09.08.2008, Carlos Dias


Onze anos depois do início das escavações, os arqueólogos trouxeram à
luz do dia
um dos mais significativos testemunhos da presença romana no Sudoeste
da Península Ibérica


A convicção e persistência da arqueóloga Conceição Lopes, do Instituto
de Arqueologia da Faculdade de Letras de Coimbra, apoiada pelo esforço
de 12 estudantes, acaba de dar os seus frutos. Decorridos onze anos
desde o início das escavações destinadas a encontrar o fórum romano de
Beja, acaba de ser confirmada a sua localização no sítio onde o
arqueólogo Abel Viana observou os primeiros vestígios em 1939, quando
ali foram abertas as fundações para a construção do depósito de água
da cidade.
"[Desta vez] encontrámos mais do que Abel Viana encontrou", explicou
ao PÚBLICO Conceição Lopes, destacando a descoberta dos vestígios de
dois edifícios do período romano e outro do pré-romano em "muito bom
estado de conservação". O templo descoberto por Abel Viana tinha uma
configuração rectangular e media 29 metros de comprimento por 16,5 de
largura, uma dimensão equivalente à do templo de Diana de Évora.
Confirmou-se agora que "estava rodeado de um tanque de água",
salientou a arqueóloga.
Os vestígios descobertos estendem-se da base rochosa até ao topo, em
patamar, com uma altura de sete metros. Só um dos edifícios, apresenta
uma sapata com três metros de altura, o que dá bem a dimensão do
achado. "Estamos perante uma das melhores descobertas feitas em
Portugal, do período romano", e que se reportam ao final do século I
a.C. início do século I d.C., acentuou Conceição Lopes
Foi em Agosto de 1997 que se iniciaram as escavações num espaço aberto
nas traseiras do Conservatório de Música, onde a arqueóloga acreditou
poder vir a encontrar os vestígios identificados por Abel Viana em
1939, mas que ninguém sabia ao certo onde estavam. Apesar das
dificuldades financeiras, a arqueóloga manteve os trabalhos com maior
ou menor intensidade, até que a campanha deste ano culminou com a
descoberta das três construções romanas. "A nossa sorte foi ter caído
o muro de um quintal", que estava a impedir a progressão das
escavações para um outro espaço onde se ergue o reservatório de água.
Abel Viana tinha conduzido o seu trabalho de escavação até uma
profundidade próxima dos seis metros e constatou que a estrutura se
apoiava no maciço de rocha. A superfície "do paredão ou muralha estava
calcetada por pequenas pedras embutidas no característico cimento
romano, formando um piso que denunciava a acção de um trânsito intenso
e prolongado", explicou na altura o arqueólogo.
A escavação mais profunda revelou que o templo ocupava "sítio eminente
e que desde tempos remotos os aterros foram crescendo à sua volta, a
ponto de subirem mais de um metro sobre o que outrora fora o
coroamento das fundações. O templo erguia-se na parte mais elevada da
crista que culmina o cerro onde foi edificada Pax Júlia". Dada a
importância do achado, o executivo municipal da altura manifestou o
desejo de que o alicerce não fosse mutilado e determinou o desvio das
fundações do depósito de água.
Com o decorrer dos séculos e as destruições a que foi sujeita a
cidade, os destroços do templo foram espalhados pela zona. No meio de
entulhos acumulados nas proximidades foram aliás localizados, em
várias ocasiões, dois capitéis, várias colunas monolíticas e grandes
fustes e lápides alusivas a Serapis e a Ísis, divindades que terão
merecido culto no templo romano.
Conceição Lopes acredita ter recuperado para a época contemporânea
"uma boa parte da cidade romana de Beja e da sua dinâmica até aos dias
de hoje".
a Erguida segundo um plano político e estratégico bem definido, a
antiga Pax Júlia (hoje Beja) foi determinante no reordenamento de todo
o território que integrava a Lusitânia, cuja capital se situava em
Mérida. Diversos testemunhos documentais atestam que Beja teve um
passado grandioso, do qual nada de edificado chegou aos nossos dias. A
sua importância estratégica ditou-lhe a sorte: foi perdida e
reconquistada quase duas dezenas de vezes, na sequência de lutas
extremamente violentas que se consumavam numa montanha de escombros. O
que a cidade tinha de mais valioso em monumentos e edifícios erguidos
durante a romanização ficou irremediavelmente perdido. Quando chegou o
século XIII, D. Afonso III encontrou uma cidade destruída e
abandonada. O período das descobertas devolveu a Beja algum brilho e
importância e o século XVIII encontrou a nobreza bejense a viver um
esplendor efémero resultante do ouro do Brasil. Era o sinal da
decadência que se revelaria em toda a sua dimensão no século seguinte.
Hoje, a cidade tenta valorizar o seu centro histórico, mas vive na
expectativa de ver aprovados no âmbito do Quadro de Referência
Estratégica Nacional um conjunto de projectos que preservem o
património edificado dos modismos contemporâneos.


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