Re: [Archport] Abram os olhos!

[Bruno Miguel Silva Magalhães <bruno_magalha16@hotmail.com>]

Boa noite
 
No seguimento do que já vem sendo aqui dito, gostaria de dizer o seguinte:
 
Não estará na hora de todos aqueles que aqui escrevem, aqueles que não escrevem mas pensam ou todos aqueles que, de agum modo, em algum momento das suas vidas pensaram fazer algo,tomarem uma atitude? Ainda na semana passada recebi uma proposta para trabalhar num acompanhamento a mais de 500kms(!!) de casa por 1400€. À partida são 20% para o IRS, 150€ para a Segurança Social, alugar casa (!!), ir a casa onde realmente vivo ao fim-de-semana (gasóleo e portagens), pagar o gasóleo em obra, pagar os arranjos do MEU carro, alimentar-me, pagar seguro de trabalho, pagar seguro do carro... No meio disto tudo, para que serve uma empresa? Apenas para sacar o seu quinhão?
 
Claro que poderia pensar em ficar na área de trabalho durante o fim-de-semana a olhar para as paredes ou a conhecer, um por um, os taberneiros locais. Mas será que vale a pena perante tanta insegurança? Daqui a algumas semanas ou meses o trabalho terminaria e estaria exactamente na mesma... No desemprego, sem protecção social e com conta bancária suficiente para a entrada de um carro novo (o velho entretanto já não conseguiu fazer a viagem de volta para casa)...
 
Será que a sina do arqueólogo é deambular pelo país e, no fim, conseguir poupar 200 ou 300€/mês (poderiam ter sido cerca de 400€ mas, entretanto, começou a conhecer demasiado bem as tabernas locais...). E poupar 300€ porque não foi a casa no fim-de-semana e até arranjou um esquema para um amigo do peito passar o recibo e, assim, poupar 155€ na Segurança Social. E isto, se tiver a sorte de arranjar um trabalho para mais de três semanas... Entretanto, já não vê a família há mais de um mês (e para os amigos nem sequer há tempo, porque o fim-de-semana é pequeno...).
 
Será este o nosso futuro?
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Tenho a certeza que alguém vai aceitar o trabalho que eu rejeitei. Mas se este mail servir para essa pessoa e todas as outras pensarem um pouco se não haverá um fundo de verdade naquilo que digo (e que outros já aqui disseram), então já terá valido a pena escrever (embora ache, sinceramente, que não irá servir de nada).
 
Enquanto houver gente a aceitar trabalhos com este tipo de condições a pensar que daqui a algum tempo o mercado de trabalho poderá estar melhor... Acordem! Não vai! Vai estar pior, porque há pessoas que continuam a aceitar estas condições!
 
Qual é o papel de uma empresa de arqueologia no processo de um acompanhamento arqueológico, por exemplo? Colocar um anúncio no archport para angariar pessoal (Assistentes de Arqueólogo?!?) e depois sacar a sua parte? E condições de trabalho? Pelo menos um buraco para dormir... Nem isso? Já vi empresas de trabalho temporário fazerem melhor! Randstad, Select... É só escolher! Pelo menos lá, assinamos um papel!
 
A meu ver, é óbvio que a culpa não é das empresas, que estão apenas a fazer o seu papel... E isto leva a que as empresas que criam as mínimas condições de trabalho não consigam ganhar concursos! Enquanto não existirem regras no mercado é dos arqueólogos que terá de partir a iniciativa! Abram os olhos pessoal!
 
Ou então continuem a queixar-se! Mas falem para dentro por favor...
 
Bruno Magalhães

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m: cataborge@gmail.com
To: archport@ci.uc.pt
Subject: [Archport] Seis mails seguidos é considerado gago?

Caros

 

E que tal aproveitar a evidente dificuldade das empresas em arranjar pessoas para os seus trabalhos e fazer funcionar as "leis do mercado" exigindo honorários e condições de trabalho condignas?

 

Quem sabe os honorários possam começar a crescer lentamente e as empresas, para segurar colaboradores, comecem a fazer alguns contratos.

 

Cumprimentos a todos (larguras ao Bruno)

 

Carlos

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