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[Archport] Não houve grandes avanços na decifração da escrita do Sudoeste

Subject :   [Archport] Não houve grandes avanços na decifração da escrita do Sudoeste
From :   "G M" <grunhosearqueologos@gmail.com>
Date :   Wed, 24 Sep 2008 12:33:29 +0100

No Jornal Público de Hoje
Gonçalo


Arqueólogos deram alguns passos na compreensão da fonética dos 86 caracteres inscritos numa estela recentemente descoberta em Almodôvar

A estela com a maior inscrição da escrita do Sudoeste, descoberta no início do passado mês de Agosto com a face da inscrição virada para baixo na estação arqueológica de Mesas do Castelinho, situada na freguesia de Santa Clara-a-Nova, no concelho de Almodôvar, ainda não foi decifrada pelos arqueólogos que a localizaram.
O arqueólogo Rui Cortes, que tem participado nas escavações levadas a efeito nas Mesas do Castelinho, disse ao PÚBLICO que os problemas levantados com a fonética dos signos foi superada, mas no que diz respeito à decifração dos 86 caracteres inscritos na estela de xisto "não se avançou muito". 
Texto completo
Confirma-se ainda que o texto "está praticamente completo", faltando apenas interpretar "dois ou três caracteres", acentua Rui Cortes. De qualquer modo, esta falha pode ser superada: os caracteres repetem-se em estelas que já foram descobertas nos concelhos de Almodôvar, Ourique, Loulé e Silves. 
Como se trata de um texto "muito extenso", os arqueólogos envolvidos na sua descoberta acreditam que o seu conteúdo "vai sempre acrescer qualquer coisa" ao que se encontra, em textos muito fragmentados, em outras 90 estelas recuperadas, até hoje, no Baixo Alentejo, Algarve e Andaluzia, e ao mesmo tempo contribuir, do ponto de vista científico, para "estimular o seu estudo", acredita o arqueólogo Rui Cortes. 
O achado que foi recuperado por uma equipa de arqueólogos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na estação arqueológica de Mesas do Castelinho, é uma estela funerária em xisto da primeira Idade do Ferro, datada de entre os séculos VIII e V a.C. e de "excepcional importância" por se encontrar intacta. 
A estela funerária, que não se encontrava numa necrópole, foi descoberta por mero acaso pelos investigadores envolvidos em mais um período de escavações na Mesa do Castelinho, numa zona já prospectada, uma rua do período pré-romano, com as inscrições viradas para baixo.
Do conjunto das 16 estelas que se encontram depositadas no exemplar Museu da Escrita do Sudoeste, a que acaba de ser descoberta "é um exemplar muito vistoso e apelativo e com um texto enorme", considera Rui Cortes.
O testemunho de maior relevo anteriormente descoberto em território da serra do Caldeirão - que abrange o Baixo Alentejo e o Algarve - é conhecido como estela de S. Martinho, apresenta 60 caracteres epigrafados e também foi descoberto por acaso durante os trabalhos de escavação para a instalação de um tanque de água e num local onde não havia mais pedras. 
O achado foi abandonado até que o proprietário do terreno revelou que se encontrava em determinado sítio uma pedra "com letras" na sequência de um trabalho de investigação que o arqueólogo Rui Cortes efectuava em Silves. 
A escrita do Sudoeste é considerada a mais antiga da Península Ibérica e uma das primeiras que surgiram a nível europeu. 

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