Primeiro que tudo, não quis de modo nenhum menosprezar o esforço que
agradavelmente vimos empreendido na concepção do Museu da Escrita do Sudoeste.
Aparentemente críptico, o tema rodeia-se
também de excelentes e dedicados investigadores, que foram suficientes
para erguer com rigor este projecto. (Não resisto a mencionar que o Professor
Amílcar Guerra me introduziu nestas matérias, empenhando-se a passar o
testemunho de forma apaixonada. Por isso, inevitavelmente, vou valorizar sempre
este património e tê-lo como referência. ) No entanto, os desafios do presente obrigam-nos
a rápidas adaptações, e o nosso sucesso mede-se também pela capacidade com que
gerimos os novos canais de comunicação. Alguns museus têm espólios de potencial incrivelmente
atractivo mas são tão estáticos quanto um cadáver! Quero com isto dizer que um
Museu é, ou pode ser -no caso de alguns ‘ter sido ’- um templo de adoração ao
Passado, e uma escola viva sobre o mesmo, mas é preciso que leve consigo vozes
para além das suas portas encerradas (e não esquecer, não apenas em horário de
função pública). O mundo de hoje requer dinamismo, difusão, a quebra de padrões
e conceitos. Mas julgo que mesmo quando uma coisa é boa, podemos sempre
criticar, procurando o passo seguinte e a satisfação plena. Os padrões de referência
devem ser sempre os mais altos, não o contrário, e com isto obviamente está
apenas em causa a obtenção dos fins desejados. E creio que quando falamos das
disciplinas em causa – a História e a Arqueologia – falamos na procura da
Verdade sobre o Passado Humano tanto quanto a sua divulgação/publicação. Todas
as Sociedades se estruturam culturalmente, com maior ou menor consciência, na
sua História e em códigos de valor intrinsecamente conectados ao Passado bem
como à sua evolução e à sua interpretação. É válido o direito de cada um interpretar essa
verdade, e produzir o seu Passado. Mas aos agentes envolvidos na sua procura
directa deve ser exigido antes das múltiplas interpretações o rigor do método
que conduziu às mesmas. E se existe consciência social, então todos temos
presente que a Arqueologia é única e exclusivamente pública. Logo, no panorama nacional continua sem dúvida a existir uma lacuna entre as exigências do
presente e o ensino e a prática da disciplina. Ao demonstrarmos a necessidade social de construir um Passado estamos a
valorizar não só a sociedade, mas neste caso particular, a profissão do
Arqueólogo/Historiador. Até outro assunto, |
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