[Archport] Minas do rei Salomão foram localizadas na Jordânia
Público, 29.10.2008, Jorge Heitor
Eça de Queirós assinou a versão portuguesa de um romance britânico
sobre este intrigante tema
Arqueólogos norte-americanos crêem que um local desértico do Sul da
Jordânia, Khirbat en-Nahas ("ruínas de cobre", em árabe), poderá
conter as há muito procuradas minas do rei Salomão, sobre as quais o
britânico Sir H. Rider Haggard escreveu em 1885 um romance que viria a
ser traduzido e adaptado para português por Eça de Queirós; e por seis
vezes transposto para o cinema. As descobertas ultimamente feitas sob
a direcção de Thomas Levy, da Universidade da Califórnia, em San
Diego, foram esta semana reveladas pela revista Proceedings of the
National Academy of Sciences.
Os investigadores, utilizando técnicas de datação por carbono,
conseguiram chegar à conclusão de que ali se produzia cobre no tempo
de Salomão, terceiro rei de Israel, no século X antes de Cristo,
quando se ergueu o primeiro templo do antigo judaísmo, templo esse que
viria a ser destruído pelos babilónios, povo que viveu no território
do actual Iraque.
Kirbat en-Nahas fica a sul do mar Morto, no Wadi (distrito) Faynan do
deserto jordano, e já em 2004 estudiosos britânicos tinham falado das
concentrações do elemento químico rádon nas antigas minas de cobre que
na região eram pela lenda associadas ao rei Salomão, pelo que o que
actualmente está a ser publicado nos Estados Unidos poderá, ao fim e
ao cabo, não ser assim uma novidade tão grande quanto à primeira vista
parece.
Aliás, os recursos de cobre daquela região já eram conhecidos por
assírios, egípcios e romanos, julgando-se que por ali existiu a cidade
de Phaino (de onde o actual nome de Faynan), tristemente famosa na
Antiguidade Clássica pelas terríveis condições de vida dos
prisioneiros e dos escravos condenados a trabalhar nas minas, tal como
nos foi relatado cerca do ano 300 da era cristã por Eusébio, bispo de
Cesareia e precursor da História do Cristianismo.
A Bíblia não fala especificamente de nenhumas "minas do rei Salomão",
mas diz que os minérios para a construção do Templo eram da região de
Asiongaber, na extremidade setentrional do golfo de Aqaba; o que ao
fim e ao cabo não deixa de ir parar ao Sudoeste da actual Jordânia.