44-2008
31-10-2008 Município de Reguengos de Monsaraz
vai construir núcleo
interpretativo museológico dedicado à história de Monsaraz Trabalhos
arqueológicos confirmam ocupação em Monsaraz desde a Idade do
Bronze Na
sequência dos trabalhos arqueológicos em curso na encosta sudeste da vila
medieval de Monsaraz foram encontrados
vestígios de ocupação proto-histórica e construções de época medieval/moderna no
perímetro externo das muralhas do Castelo. Os trabalhos iniciaram-se em Agosto
de 2007 com o acompanhamento arqueológico no decorrer da obra de um parque de
estacionamento e, dada a relevância das estruturas e materiais arqueológicos
detectados, o Município de Reguengos de Monsaraz promove, desde Abril de 2008,
trabalhos de escavação arqueológica, dirigidos pelos arqueólogos Maria João
Ângelo e Nuno Gonçalves Pedrosa (Maria João Ângelo; Nuno Pedrosa.
Intervenção
de acompanhamento e decapagem arqueológica no âmbito do projecto Parque de
Estacionamento do Corro (Monsaraz-MZCO 07). Relatório Final.
Aprovado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico
(IGESPAR) a 12 de Junho de 2008 (Ref.ª 2007/1[459]). No
que concerne à época proto-histórica, especificamente na Idade do Bronze (há
cerca de 3000 anos), identificaram-se diversos materiais cerâmicos e líticos,
nomeadamente, um fragmento de uma mó de vaivém e pedras de amolar. Contudo,
estes encontram-se descontextualizados, tendo sido reaproveitados nas terras que
serviram para a construção dos muros de época medieval. A par dos materiais
cerâmicos e líticos foram, igualmente, detectadas duas braceletes em bronze.
De
acordo com os resultados preliminares dos trabalhos de escavação em curso, foram
ainda identificados diversos muros e troços de canalizações de época
medieval/moderna que poderão ter pertencido a zonas habitacionais e de trabalho.
Associadas a estas estruturas surgem derrubes de telhados, grande quantidade de
cerâmica doméstica comum de cozinha, fauna mamalógica (restos alimentares de
mamíferos), vidros, contas de colar de pasta vítrea, objectos metálicos em
bronze (alfinetes, brincos, espigões de fivelas), em ferro (cavilhas, pregos,
cravos, corrente, chave), vestígios de fundição (escórias de ferro e vidro) e
inúmeras moedas de época medieval/moderna (sécs. XIII ?
XVII). Os
dados arqueológicos identificados evidenciam uma nova e desconhecida área
ocupacional medieval/moderna fora do perímetro amuralhado de Monsaraz,
arrabaldes localizados a sudeste, junto ao Caminho do Corro, que desde a Ermida
de S. Lázaro subiria a encosta até à Ermida de S. João Baptista (?Cuba
Islâmica?) até alcançar o Castelo, comprovando e reforçando, desta forma, o
aumento populacional da vila medieval após a reconquista definitiva aos
muçulmanos no século XIII, facto promovido pelo poder régio através da
atribuição da carta de foral (povoamento) de D. Afonso
III. Desta
forma, a sugestão de José Pires Gonçalves (Monsaraz,
vida, morte e ressurreição de uma vila alentejana, 1966)
relativamente a um povoado antigo fortificado pode ser confirmada na encosta
sudeste da vila de Monsaraz. A reforçar a constatação desta ocupação antiga, o
arqueólogo Manuel Calado realizou este ano trabalhos de reconhecimento de sítios
arqueológicos no âmbito da revisão do PDM (Plano Director Municipal) a pedido do
Município de Reguengos de Monsaraz, tendo igualmente detectado cerâmica
proto-histórica e taludes que poderão ter pertencido ao perímetro amuralhado do
povoado, apresentando, desta forma, a sua mancha de ocupação populacional desde
a Ermida de S. Cristóvão até à Ermida de São Bento. Face ao exposto, o Município de Reguengos de Monsaraz vai promover a continuação dos trabalhos arqueológicos, estando a decorrer a preparação de um projecto de investigação mais alargado, com escavações, prospecções de superfície, estudos de espólio exumado nos diversos trabalhos realizados e a sua divulgação através da criação de um núcleo interpretativo museológico dedicado à história de Monsaraz. Este projecto pretende o estudo e protecção da identidade de Monsaraz, ex-libris concelhio, pelas suas características singulares: naturais, etnográficas, arquitectónicas, históricas e arqueológicas. Enquadramento
histórico: A
ocupação antiga de Monsaraz remonta, segundo José Pires Gonçalves, à
pré-história, localizando na vila um povoado fortificado, com sucessivas
ocupações populacionais, datadas de época romana, visigótica, islâmica, até ser
definitivamente reconquistada no reinado de D. Sancho II (1223-1247), com o
auxílio da Ordem Militar dos Templários, em 1232. Após a estabilização política
do reino, D. Afonso III (1247-1279) concede Carta de Foral a Monsaraz em 1270,
iniciando o seu povoamento com o auxílio de Martim Anes, que terá sido o
primeiro Alcaide de Monsaraz. No
reinado de D. Dinis (1279-1325) edificou-se o núcleo primitivo do Castelo com
quatro entradas: Porta da Vila, Porta de Évora, Porta de D. Dinis ou do Buraco e
Porta da Traição ou da Alcoba, esta última permitia a entrada para a Judiaria e
Mouraria. Durante o seu reinado verificou-se, ainda, a construção da Torre de
Menagem, da Igreja Matriz (destruída no Século XVI) e do tribunal, edifício que
alberga o fresco do Bom
e Mau Juiz.
A
Guerra da Restauração, em meados do século XVII, originou a edificação de uma
nova fortaleza para fazer face aos ataques de Espanha, utilizando o sistema
franco-holandês ou de Vauban, desenhado pelos engenheiros franceses Nicolau de
Langres e Jean Gillot. Esta fortaleza era constituída por baluartes e revelins,
reflexo de uma nova construção militar face às novas técnicas de ?fazer?
guerra,
com a introdução de armas de fogo de longo alcance, como por exemplo os canhões.
Face aos dados históricos e documentais expostos, a arqueologia proporciona a
confirmação dos mesmos e revela novos dados. Carlos
Manuel Barão
Gabinete
de Informação e Relações Públicas da Câmara Municipal de
Reguengos de Monsaraz
Telefone 266
508 054 | | Fax 266 508 059
Apartado 6 ?
Praça da Liberdade | 7201 ? 970 Reguengos de
Monsaraz
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