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[Archport] Via romana que ligava Lisboa a Braga descoberta em Vila Franca

To :   ARCHPORT <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Via romana que ligava Lisboa a Braga descoberta em Vila Franca
From :   "Alexandre Monteiro" <no.arame@gmail.com>
Date :   Mon, 10 Nov 2008 07:44:01 +0000

Via romana que ligava Lisboa a Braga descoberta em Vila Franca



Público, 10.11.2008, Jorge Talixa



Alenquer e Vila Franca "disputam" localização da terceira mais
importante urbe da época no Vale do Tejo depois de Olisipo e Scallabis



A A importância da antiga via principal romana que ligava Olisipo
(Lisboa) a Bracara Augusta (Braga) e sobretudo a localização da antiga
Ierabriga, importante povoado romano, considerado o mais importante no
Vale do Tejo depois de Olisipo e de Scallabis (Santarém) chamou
arqueólogos e académicos ao debate De Olisipo a Ierabriga - A rede
viária romana no Vale do Tejo, em Vila Franca de Xira, no auditório do
novo Museu do Neo-Realismo, em cujas obras de construção foram
descobertos importantes vestígios que comprovam que esta estrada
principal romana passava naquela cidade.

Os arqueólogos Henriques Mendes e João Pimenta identificaram um troço
com 5,2 metros de largura, 20 metros de extensão e muros laterais, que
permitiria o cruzamento de dois veículos de rodados e tinha as mesmas
dimensões da famosa Via Flaminia em Itália.

Junto a este troço de estrada romana foram encontrados muitos
vestígios de cerâmica que levam os arqueólogos a afirmar que terá sido
construído no século I depois de Cristo e que teve, posteriormente,
uma reparação profunda, devido a um provável abatimento.

No século XV, esta via já estava desactivada e foi deslocada algumas
dezenas de metros para este, para a zona da actual Rua Direita de Vila
Franca, "provavelmente devido à subida dos níveis da água do rio
Tejo", explicou Henrique Mendes.

Onde ficava Ierabriga?

Esta descoberta motivou também a realização do debate, onde o tema
mais controverso se revelou o da localização de Ierabriga, a terceira
mais importante urbe romana do Vale do Tejo, e que, ao contrário de
Olisipo e de Scallabis, que estão perfeitamente localizadas, nunca foi
definitivamente situada. Houve quem defendesse a sua localização
imediatamente a sul de Alenquer (esta é a tese mais comum nos últimos
anos), mas surgiram novos defensores da ideia de que poderá ter
existido mesmo junto a Vila Franca de Xira e uma terceira teoria que
aponta para uma nova hipótese na zona do monte dos Castelinhos, na
freguesia de Castanheira do Ribatejo (ver outro texto).

Amílcar Guerra, professor da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, defendeu que Ierabriga poderá muito bem ter-se situado na zona
de Povos, imediatamente a norte de Vila Franca de Xira, e ter
inclusivamente influenciado a toponímia desta cidade.

A origem de Xira

O especialista lembrou localidades como Lacóbriga (actual Lagos) que
perderam na sua designação o termo briga. No caso de Ierabriga,
poderia ter dado origem a Iera, esta a "gera" e, por sua vez a "Xira".
Por outro lado, Amílcar Guerra socorreu-se do itinerarium romano de
Antonino para reforçar esta ideia, frisando que as distâncias ali
referidas entre Olisipo, Ierabriga e Scallabis suportam muito mais a
tese de que ficaria na zona de Vila Franca de Xira do que na de
Alenquer, com uma diferença significativa de 13 quilómetros.

Vasco Mantas, professor da Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, mostrou-se mais convencido de que Ierabriga ficaria na zona
de Paredes/Sete Pedras (a sul de Alenquer), realçando os inúmeros
achados da época romana ali encontrados, mas admitindo alguma falha na
interpretação das distâncias mencionadas nos registos romanos.

"Embora a tradição aponte para que se situe na zona de Paredes/Sete
Pedras, o que lá há são vestígios arqueológicos importantes, mas não
há lá nada que diga que é Ierabriga. É o problema da arqueologia, pois
por vezes não se consegue ter a certeza", vincou o professor da
Universidade de Coimbra
Foi durante as obras de construção do Museu do Neo-Realismo que se
encontraram os vestígios da via romana

A João Pimenta, arqueólogo do Museu Municipal de Vila Franca de Xira,
lançou uma nova "acha" para a discussão, pois embora considere que a
relação do antigo povoado de Ierabriga com a zona de Povos é uma
possibilidade forte, em recentes escavações feitas com o seu colega
Henrique Mendes desenhou uma outra hipótese.

Na zona do monte dos Castelinhos, situada sobre a localidade de
Quintas e sobre o vale do rio Grande da Pipa (na freguesia da
Castanheira do Ribatejo), detectaram o que terá sido uma antiga
fortificação romana do século I d.C. Mas os vestígios naquela área
estendem-se por cerca de 10 hectares. "Ao longo de mais de 500 metros
identificámos uma extensa ocupação de solos. Será uma villa romana,
será algo mais, ou simplesmente poderá o monte dos Castelinhos ser a
localização de Ierabriga? Não sabemos. O futuro deverá trazer novos
elementos sobre o assunto", salientou.

Também Miguel Costa, que está a iniciar o mestrado em Arqueologia e
Território na Universidade de Coimbra, tem desenvolvido trabalho na
área de Paredes, sublinhando a importância dos achados romanos na
região de Alenquer, incluindo uma necrópole e também um marco com uma
inscrição do nome do imperador romano Adriano.

"Se o povoado de Ierabriga estaria localizado em Paredes-Alenquer, em
Povos ou em qualquer outro local, não o sabemos, provavelmente nunca
iremos encontrar uma epígrafe com este nome, de forma a não termos
dúvidas", vincou o arqueólogo. Jorge Talixa


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