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[Archport] Descoberta sepultura do neolítico com o mais antigo núcleo familiar conhecido

To :   ARCHPORT <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Descoberta sepultura do neolítico com o mais antigo núcleo familiar conhecido
From :   "Alexandre Monteiro" <no.arame@gmail.com>
Date :   Wed, 19 Nov 2008 07:54:07 +0000

Testes genéticos confirmaram o parentesco
Descoberta sepultura do neolítico com o mais antigo núcleo familiar conhecido

Público, 18.11.2008 - 21h58 Nicolau Ferreira

A disposição das ossadas mostra o cuidado de quem sepultou a família
com 4600 anos de idade. O filho mais velho de frente para o pai, o
filho mais novo de frente para a mãe e os dois adultos flectidos,
pernas a tocarem-se num contínuo, com a cabeça do homem em direcção a
Oeste, a da mulher em direcção a Este, mas a face de ambos a olhar
para Sul, como era tradição na Cultura da Cerâmica Cordada que existiu
no Centro e Nordeste europeu durante o neolítico.

O "quadro" encontrado no sítio arqueológico de Eulau na região alemã
da Saxónia-Anhalt é tão ilustrativo da ideia de família que Wolfgang
Haak sentiu-se comovido quando viu pela primeira vez a sepultura.
"Sentes uma certa simpatia por eles, é uma coisa humana", disse,
citado pela BBC News, o cientista do Australian Centre for Ancient DNA
(Centro australiano para o DNA antigo).

Mas foi a confirmação genética do parentesco entre a família que
tornou a descoberta publicada hoje na revista científica "Proceedings
of the National Academy of Sciences", tão excitante. "Ao estabelecer
os elos genéticos (...) estabelecemos a presença do núcleo familiar
num contexto pré-histórico na Europa Central - pelo que sabemos, a
mais antiga prova dada pela genética molecular até agora", disse Haak,
um dos autores do artigo, citado pelo Science Daily",

Foram encontradas quatro sepulturas e 13 corpos. Os adultos
apresentavam vários ferimentos: uma mulher tinha uma ponta de pedra
enterrada na vértebra e outra apresentava ferimentos no crânio.
Segundo os cientistas, a comunidade sofreu um ataque violento de outro
grupo e salvaram-se os jovens adultos, já que a maioria das ossadas
pertenciam a crianças ou a mulheres com mais de 30 anos.

Os cientistas pensam que quem se salvou veio depois enterrar os
mortos, pois conheciam de perto as relações dos indivíduos. "A
disposição dos corpos espelha as relações que tinham em vida", diz o
artigo, que refere a importância dada ao parentesco já que, por
exemplo, os filhos do casal estão virados para os pais e de costas
para o Sul, indo contra os costumes da cultura.

Os cientistas compararam o ADN dos ossos entre os adultos e as
crianças. Com o ADN mitocôndrial, que todas as pessoas herdam da mãe,
e com o ADN do cromossoma masculino - o Y, provaram que os dois
rapazes eram obrigatoriamente filhos do homem e da mulher da
sepultura. "O que é extraordinário é a genética que torna a prova [de
um núcleo familiar] incontornável", disse ao PÚBLICO por telefone
Mariana Diniz, professora na Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa.

Através dos isótopos do estrôncio, um elemento que se vai acumulando
nos dentes dos humanos ao longo do crescimento, os investigadores
concluíram ainda que as mulheres, ao contrário dos homens, não eram
originárias daquele local, já que tinham uma quantidade relativa do
elemento que a alimentação da região não podia dar. Os investigadores
defendem que as mulheres viajavam de longe, para se casarem com os
homens, evitando a endogamia e promovendo as boas relações entre
comunidades.


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