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Re: Re: [Archport] Salteadores destruíram o mais importante povoado da Idade do Bronze em Évora

To :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>, Joaop@inag.pt, archport@ci.uc.pt
Subject :   Re: Re: [Archport] Salteadores destruíram o mais importante povoado da Idade do Bronze em Évora
From :   arqueox@kanguru.pt
Date :   Fri, 06 Feb 2009 10:47:13 +0000

Infelizmente não é só em Évora e TRás-os-Montes que os "salteadores da arca perdida" actuam. Conheço casos no Norte de Portugal, em Castros, onde a mesma prática é corrente ao fim-de-semana.
Numa visita a um desses sítios,deparei-me com um sujeito a escavar uma das habitações, questionei a sua presença ali e qual não é o meu espanto quando diz que pertencia ao núcleo arqueológico da referida cÂmara municipal...mal ele sabia que eu era arqueólogo. Esse fulano escavava indiscriminadamente, sem qualquer noção do que fazia, sendo buracos aqui e ali. Não pude fazer grande coisa, pois fazia-se acompanhar por um cão de raça "PitBull", certamente, ciente dos problemas que poderia vir a ter.
Abandonei o local e chamei a polícia, contudo não mais soube o que de facto aconteceu e se foram ao local.
É muito grave, ainda para mais num sítio pouco escavado... a perda de informção de forma definitiva em alguma das estruturas é uma realidade!!!
Enfim, esta é uma realidade que ultrapassa fronteiras. É de esperar que os "enormes" fundos para a cultura e património sejam devidamente distribuidos e não apenas para os monumentos mais visíveis, de forma para inglÊs ver... Há monumentos na sombra que precisam urgentemente de intervenção e salvaguarda...
Jorge Pinho




---------------------- MENSAGEM ORIGINAL ----------------------
Demitir? Com a crise que anda para aí?
E, depois de demitidos, ainda teriam, quiçá, que trabalhar...

2009/2/6 Joao Paulo Pereira Joaop@inag.pt

  Depois diz-se que o património não está em perigo ...
 Mas ninguém se demite?

  ------------------------------
 *De:* archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] *Em
 nome de *Alexandre Monteiro
 *Enviada:* sexta-feira, 6 de Fevereiro de 2009 8:30
 *Para:* Archport
 *Assunto:* [Archport] Salteadores destruíram o mais importante povoado da
 Idade do Bronze em Évora

 Afinal, é verdade: o país está mesmo a saque.

 Alexandre
 http://www.alexandre-monteiro.blogspot.com/


 Salteadores destruíram o mais importante povoado da Idade do Bronze em
 Évora

 Público, 06.02.2009, Maria Antónia Zacarias

 A pilhagem de objectos de ouro, prata ou bronze, para colocação no mercado
 ilícito
 de antiguidades, tem sido feita de forma sistemática com recurso a
 detectores de metais

 Um grave atentado contra o património arqueológico da Coroa do Frade, no
 concelho de Évora, mais precisamente na freguesia de Nossa Senhora da
 Tourega, foi o resultado de uma pilhagem metódica efectuada por
 detectoristas, indivíduos munidos de detectores de metais. Estes infractores
 têm, habitualmente, como único objectivo a recolha ilegal de artefactos em
 ouro, prata, cobre, bronze ou ferro, para futura venda a mercados ilícitos
 de antiguidades ou directamente aos coleccionadores privados.

 De acordo com Maria Manuela Oliveira, directora do Departamento do Centro
 Histórico, Património e Cultura da Câmara Municipal de Évora, neste sítio
 arqueológico, o maior e mais importante povoado de Bronze Final,
 fortificado, no concelho, foram contabilizadas centenas de "covas"
 criminosas, muitas delas abertas até ao substrato geológico.

 Segundo os técnicos que se depararam com esta situação, o arqueólogo Mário
 de Carvalho e o historiador de património João Santos, "pelo carácter
 destrutivo e sistemático das acções, poderá ter sido invalidada a realização
 de futuros projectos de investigação que visem a escavação arqueológica e
 estudo deste sítio arqueológico". Na opinião destes especialistas, o saque
 condicionou de "forma irreversível e dramática" uma grande parte da
 informação arqueológica, estratigráfica e paleoambiental.

 Descoberto nos anos 50

 Ocupado durante o final da Idade do Bronze e inícios da 1.ª Idade do Ferro
 (do sec. X a.C. ao séc. VIII a.C.), o sítio foi descoberto nos finais dos
 anos 50, mais concretamente em 1957, por José Ventura Fernandes.
 Inicialmente identificado como sendo do período de transição entre o
 Neolítico e o Calcolítico, foi, após as escavações, que se revelaram
 bastante frutíferas, caracterizado como sendo final da Idade do Bronze e
 inícios da Idade do Ferro. As pesquisas decorreram entre Agosto e Setembro
 de 1971, e numa segunda fase em Abril de 1972, sob a direcção do arqueólogo
 José Morais Arnaud, tendo os materiais provenientes dos trabalhos sido
 depositados no Museu Regional de Évora.

 De acordo com o arqueólogo Mário de Carvalho, o espólio recolhido até então
 pode ser classificado como "típico" dentro do panorama histórico-cultural
 regional dos períodos históricos referidos, sendo de salientar "as
 decorações cerâmicas que variam entre losangos e linhas paralelas, uma
 fíbula de dupla mola e um fragmento de um molde que se destinava à produção
 de instrumentos em bronze e pedra lascada sobre quartzo".

 Queixas à PJ e GNR

 A responsável pelo Departamento do Centro Histórico afiançou que o sucedido
 foi já comunicado à entidade competente, Instituto de Gestão do Património
 Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), que, por sua vez, apresentará
 queixa à Polícia Judiciária e à Guarda Nacional Republicana. Entretanto, os
 técnicos da autarquia eborense vão proceder à realização de novas sondagens
 de diagnóstico, com o objectivo de determinar a verdadeira natureza e
 extensão dos danos provocados, tendo, contudo, já "procedido a uma exaustiva
 recolha do material arqueológico classificável que, pelo seu baixo valor
 comercial, nomeadamente cerâmica e material lítico, foi abandonado pelos
 transgressores no local".

 A utilização de detectores de metais é um método ilegal, tanto no
 território nacional como na maioria dos restantes países da União Europeia,
 segundo a Lei nº 121/99, podendo a sua prática ser punida com pena de prisão
 até três anos, ou com pena de multa até 360 dias, segundo o artigo 103.º da
 Lei de Bases do Património.


 Carta Arqueológica do concelho de Évora

 A descoberta do saque do património arqueológico no sítio da Coroa do Frade
 decorreu durante os trabalhos de prospecção, que se resumiam à recolha de
 material fotográfico, tanto do sítio arqueológico, como da sua envolvente
 paisagística, no âmbito da realização da Carta Arqueológica do concelho de
 Évora que está a ser produzida.

 De acordo com o arqueólogo e técnico da autarquia, Mário de Carvalho, uma
 vez publicado este documento "será único e de referência, dentro do contexto
 nacional, uma vez que se trata do concelho com maior numero de sítios
 arqueológicos de grande interesse identificados, em todo o território
 nacional".

 "São cerca de 2200 os locais, até ao momento já identificados pelos
 arqueólogos no concelho de Évora, sendo que muitos deles são inéditos, dos
 mais variados tipos, cronologias e implantações", observa ainda o arqueólogo
 Mário de Carvalho.

 A publicação desta Carta Arqueológica do concelho de Évora, que segundo os
 técnicos está agendada para ocorrer entre finais de 2009 e inícios de 2010,
 "revelará um importante testemunho do património arqueológico identificado
 neste concelho de Évora", sublinhou o mesmo responsável. M.A.Z.

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