Finalmente é o próprio objecto da Arqueologia que é posto em causa porque diminui a visibilidade dos resultados da mesma. Todos os meios que o país gastou neste último século em trabalhos arqueológicos só se justificam no momento em que os resultados são devolvidos ao público, e o MNA tem nisto um papel crucial.
A questão do valor simbólico e ideológico do local é ainda essencial porque ele explica a vontade da Marinha de se apoderar dele, para o qual se considera mais digna do que um Museu de Arqueologia. Desconfio que se achará mesmo a herdeira natural. Os sucessivos erros do Ministério da Cultura dada a sua técnica de "tirar um coelho da cartola" sempre que defrontado com um problema grave e profundo deram-lhe agora a oportunidade para reclamar essa herança.
O que não me deixa de impressionar é a forma fácil que aqueles que nada constroem, nesta caso o Ministério da Cultura, se dispõem a destruir o que levou tanto tempo a construir. De forma inconsciente, já que duvido
que tenham reflectido um momento que fosse sobre o assunto, os pigmeus vão destruir a obra de um gigante. Mas neste caso sem ironia, só tristeza.
Mulize Ferreira