Li, lemos todos, o apelo dirigido pelo Professor José d’Encarnação relativamente ao conteúdo e fins deste fórum. Culpa mea, ou mea culpa, no que me compete assumi-la.
Se, todavia, debates e comentários consistentes e positivos, não restritamente sobre arqueologia, mas também sobre os tópicos em que ela se cruza com outras questões genéricas da cultura, da sociedade e da vida, devem ontinuar a ser abordados, estou solidário com a proposta de que, numa altura em que as trevas nos ameaçam, temos que desvendar a luz. Deixar de ser tão verberativo e promover o ânimo, a alegria, a solidariedade na procura de um futuro melhor, mesmo quando há que confrontar opiniões, porque, se o quisermos, há sempre um ponto onde elas podem convergir. Os motivos das divergências são, na maioria dos casos, extrínsecos.
Tive sempre grandes reservas relativamente às cartas arqueológicas concelhias, por dois motivos que não vou desenvolver aqui, senão enunciar.
Primeiro que tudo uma carta arqueológica circunscrita a uma circunscrição administrativa é um absurdo, porque tal circunscrição é extrínseca à matéria arqueológica e porque a relação da arqueologia com o território não se pode aperrear dentro de tais limites.
Depois porque a tendência para apresentar um carta arqueológica como obra concluída também não motiva a minha adesão. Uma carta arqueológica pode ser um empreendimento permanente e, sobretudo, pólo aglutinador de múltiplos interesses culturais e múltiplos apelos, congregando a comunidade em torno da fruição do seu património e da sua memória. Nunca se conclui.
De resto, quanto mais invasora de múltiplos domínios do quotidiano da comunidade, mais integradora será de múltiplos contextos de aplicação de múltiplas qualificações de jovens aterrados com o futuro.
Ora, servem estas breves considerações para chamar a atenção para a dinâmica cultural, em que se invocam vários domínios de intervenção, de vivência e de fruição do património e da natureza, impressa ao seu trabalho pelos jovens que integram o grupo responsável pela Carta Arqueológica do Concelho de Évora.
Se a sua dinâmica extravasar os limites da sua sede administrativa, captivando a partilha dos jovens dos concelhos adjacentes, afinal todo o Alentejo Central, com que extraordinária explosão de alegria e de desenvolvimento podemos sonhar.
O sonho do futuro pode ir por esses trilhos.
Força, rapazes.
Um abraço.
Manuel de Castro Nunes
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