[Archport] O futuro do vale das Sete Fontes - Braga

[Francisco Lemos <sandelemos@gmail.com>]

O Futuro das Sete Fontes - Braga

De acordo com notícias divulgadas na Imprensa (O Público) está a ser preparado pela Câmara Municipal de Braga um Plano de Pormenor para as Sete Fontes, Monumento Nacional, a apresentar dentro dentro em breve.

            Ora o potencial arqueológico do vale onde está o aqueduto das Sete Fontes é desconhecido. Deve, contudo, admitir-se que é elevado, conforme se deduz dos achados em curso nas obras do Novo Hospital (contíguo à zona), onde além de um extenso sítio da Idade do Bronze foi também descoberto um possível forno de produção cerâmica, bem como galerias de cronologia por ora não divulgada. Na área das obras do Novo Hospital encontram-se a trabalhar pelo menos duas equipas para além de 2 arqueólogos que acompanham directamente as máquinas.

Entre as hipóteses de sítios e vestígios de estruturas arqueológicas podem elencar-se as seguintes, considerando a abundância em água do vale das Sete Fontes, a passagem da VIA NOVA a meio da encosta Norte e o contexto arqueológico de Braga: habitat do neolítico final do tipo que terá existido nas margens da ribeira que descia da Catedral para o vale do Cávado e do qual foram recolhidas peças durante o estudo dos paleo-canais fluviais da zona da Estação de Caminho de Ferro; habitat do período calcolítico do mesmo género do que foi identificado em Covelinhos por Marta Azevedo; covas abertas na rocha com materiais da Idade do Bronze; estruturas artesanais da época romana e tardo antiga, como fornos de produção, moagens e pisões; e galerias de abastecimento e vestígios dos alicerces dos aquedutos romano e medieval.

            Para o vale das Sete Fontes está previsto um viaduto de acesso ao Hospital, cujos pilares foram desenhados em função do aqueduto setencista, mas cujo projecto não tem em conta a possibilidade dos vestígios acima referidos. No anúncio do Parque Urbano para a zona a autarquia refere outros equipamentos. Tanto quanto se saiba nunca se efectuaram sondagens no vale das Sete Fontes. As prospecções de superfície pouco indicações podem facultar devido ao manto vegetal e camada humosa comuns neste tipo de alvéolos graníticos. De qualquer maneira bastou um rasgo superficial, salvo erro em 2008, com uma máquina na base da encosta Norte para logo surgirem abundantes fragmentos de cerâmica romana.

            Tendo em consideração todos estes condicionalismos seria desejável que se realizem com a máxima brevidade trabalhos arqueológicos intensivos que determinem de forma rigorosa os recursos arqueológicos das Sete Fontes antes de qualquer Plano e ponderando mesmo se se justifica o viaduto. Sem informação rigorosa como se pode projectar intervenções no subsolo?

Francisco Sande Lemos