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[Archport] EPAL terá que preservar antiga muralha da Ribeira das Naus

Subject :   [Archport] EPAL terá que preservar antiga muralha da Ribeira das Naus
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Fri, 17 Apr 2009 20:26:38 +0100

EPAL terá que preservar antiga muralha da Ribeira das Naus

Público, 17.04.2009, Ana Henriques

Vestígios do século XVII obrigam EPAL a alterar traçado de conduta de
água, o que poderá comprometer prazo de obra, que devia terminar em
Junho

A descoberta de uma antiga muralha do século XVII nas obras que
decorrem entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, em Lisboa, poderá
comprometer o prazo anunciado para o fim dos trabalhos, em Junho.

O paredão inclinado de contenção da margem do rio é semelhante ao que
hoje existe ainda na zona ribeirinha. Acontece que se encontrava
enterrado no subsolo. Quando depararam com ele, os arqueólogos que
acompanhavam a obra de substituição da conduta de água da EPAL entre o
Terreiro do Paço e a Ribeira das Naus consultaram gravuras da época e
chegaram à conclusão que estavam mesmo perante uma das muralhas que
nelas aparecia representada.

A EPAL é que não ficou satisfeita com a perspectiva de ter de alterar
o projecto da conduta e com os atrasos a isso inerentes. No início da
semana, a porta-voz da empresa ainda disse ao PÚBLICO que a obra ia
prosseguir normalmente, já que a EPAL havia sido autorizada pelo
Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico
(Igespar) a desmontar a estrutura, que se prolonga paralelamente à
margem por pelo menos 20 metros. Uma expressão que, por vezes, mais
não é do que um eufemismo para designar o que pura e simplesmente é a
destruição dos achados arqueológicos, depois de desenhados e
fotografados. Mas afinal, e apesar da argumentação da empresa junto do
Igespar sobre as dificuldades de alterar o traçado da conduta, a
decisão do instituto que tem como dever a protecção do património vai
no sentido de a EPAL fazer todos os esforços para preservar o paredão.

O Igespar invoca a monumentalidade da muralha para exigir a sua
preservação. Como o prazo das obras é um assunto considerado sensível,
por causa dos transtornos que os trabalhos estão a criar na circulação
rodoviária, por via do encerramento da Avenida da Ribeira das Naus, o
assunto irá ser discutido na semana que vem entre as várias entidades
envolvidas - Câmara de Lisboa, Igespar e EPAL.

Desde que o paredão de contenção de terras foi encontrado, no final do
mês passado, que o ritmo dos trabalhos da EPAL tem vindo a abrandar.
"Há locais onde é possível ir avançando, embora a um ritmo diferente
do habitual. A obra não tem estado completamente parada", garante a
mesma porta-voz da empresa, Conceição Martins, segundo a qual ainda
não era ontem conhecido na EPAL o teor da decisão do Igespar. Ainda
assim, por enquanto "a obra está a evoluir dentro do prazo que estava
previsto".

A substituição deste troço de 640 metros de conduta de distribuição de
água é apenas uma das quatro empreitadas que estão a decorrer
simultaneamente entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré. A
construção de duas caixas de intercepção de esgotos, para impedir que
os esgotos de parte da cidade continuem a poluir o rio, e a
consolidação do torreão poente do Terreiro do Paço são outras das
obras em curso, tendo esta última empreitada já acabado. A Câmara de
Lisboa também aproveitou a ocasião para fazer um colector pluvial.

Numa visita à obra no fim de Março, o presidente da câmara garantiu
que tudo ficaria pronto dentro do prazo. Na altura já era conhecida a
existência da muralha, que pode inviabilizar um estacionamento
subterrâneo que a autarquia ali quer fazer. Além do paredão, foram
encontrados no local outros vestígios arqueológicos da mesma época.

Paralelo ao rio, o paredão de contenção da margem prolongava-se pelo
menos até ao Cais do Sodré, atravessando a zona onde hoje estão as
agências europeias. Só que a construção das agências não foi
acompanhada por arqueólogos. Quando o Igespar percebeu o que se tinha
passado era tarde de mais e já tinham sido demolidos troços da antiga
muralha.

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