Marvão e Ammaia ao Tempo das Guerras Peninsulares Foi apresentado no domingo, 19 de Abril, num dos auditórios da Câmara Municipal de Marvão, o número especial de 2009 de Ibn Maruan, revista cultural daquele concelho, dirigida pelo Doutor Jorge de Oliveira, intitulado Marvão e Ammaia ao Tempo das Guerras Peninsulares (ISBN: 978-972-772-876-3). Justificou-se este número especial por conter dois artigos que, cada um à sua maneira, se prendem com a problemática das chamadas Invasões Francesas (acontecimento ora comemorado, na passagem do seu 2º centenário) e que evocam um aspecto dessas lutas que ainda não terá sido suficientemente posto em realce: a existência de manuscritos deixados por intervenientes nesse conflito, manuscritos que, para além dos aspectos bélico-militares, podem ter ? e têm ? informações de índole histórico-arqueológica. Por isso, não hesitei em dar como título à apresentação «A magia de Marvão ? antiguidade e espionagem de mãos dadas por ocasião das Invasões Francesas» (p. 11-13). Sob o título «O estatuto jurídico de Ammaia, a propósito de uma inscrição copiada em 1810» (p. 35-55), Armin U. Stylow, do Instituto Arqueológico Alemão, dá a conhecer um pedestal romano (hoje desaparecido) que o coronel Sir Alexander Dickson (1777-1840) desenhou junto a Ammaia. Esse militar participou, desde 1809 até 1813, nas Guerras Peninsulares e foi redigindo um diário, com as mais diversas anotações. No ano de 1905, toda essa documentação foi editada em cinco tomos, a cargo da Royal Artillery Institution, pelo comandante John H. Leslie: The Dickson Manuscripts being diaries, letters, maps, account books with various other papers of Sir Alexander Dickson Series ?C? ? from 1809 to 1818.
Esse pedestal de mármore dá a conhecer o dúunviro Marco Júnio Galo, inscrito na tribo Quirina, que foi
genro de Turrânia Cílea, a dedicante do
monumento.
Quer pela onomástica quer pela estrutura formal, a epígrafe pode, pois,
relacionar-se com Conímbriga, onde se regista a família Turrânia e onde também
as iniciativas de louvores públicos partem, amiúde, de mulheres da família a que
ficaram unidas por via conjugal.
Por seu turno, Juan Manuel Abascal (da Universidade de Alicante) e Rosario
Cebrián (do Parque Arqueológico de
Segóbriga), redigiram o texto
«José
Andrés Cornide de Folgueira e as inscrições de Ammaia (conventus
Pacensis)» (p. 15-32).
Dentre os investigadores da Antiguidade hispânicos, poucas personalidades
conheceram tão bem Portugal como Cornide (
Os dois autores observam a paisagem, o terreno e os
lugares de um
ponto de vista muito parecido, ou seja, as suas
potencialidades para fins militares; mas, enquanto
Cornide concilia
a sua missão de espionagem com um vivo interesse
de antiquário,
Dickson, naturalmente educado com os clássicos, é, antes de mais,
soldado,
empenhado, além disso, numa guerra real, e interessa-se pelos
vestígios arqueológicos
apenas como um curioso.
O que, para os historiadores da Antiguidade e, nomeadamente, para os
epigrafistas resulta interessante é que Cornide ? para além dos inúmeros
pormenores que narra acerca da paisagem e das fortalezas ? vai à cidade romana
de Ammaia e aí copia inscrições que,
mais tarde, desapareceram ou chegaram até nós incompletas, por terem sido
reaproveitadas
José
d'Encarnação |
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