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Re: [Archport] O «caso» dos voluntários para Tróia

Subject :   Re: [Archport] O «caso» dos voluntários para Tróia
From :   António Tavares <almtavares@gmail.com>
Date :   Thu, 7 May 2009 20:37:38 +0100

Também eu, que necessitaria de ganhar mais algum dinheiro, gostaria imenso de ser pago pelos inúmeros trabalhos que tenho feito pelo Património (falo sobretudo da zona de Mangualde-Viseu). 
Na realidade alguns trabalhos que fiz e faço foram-me e são-me pagos, outros não. Mas...Concordo em absoluto com o Senhor Professor Encarnação: todos eles me deram curriculum, os pagos e os não pagos. Escavei durante várias campanhas nos anos oitenta, recém licenciado, e ninguém me pagou, nem estado, nem Camaras, nem ninguém, e garanto que nessa altura precisava mesmo de dinheiro...mas deram-me curriculum, e experiência.
 
Talvez seja uma questão delicada e o facto de a Sonae não pagar (supostamente); é enervante, pois Belmiro de Azevedo é uma "FORTUNA", mas é das tais coisas: só vai escavar para lá quem quiser, ninguém a isso é obrigado...
Pela minha experiência e pela minha maneira de ver as coisas por vezes é preciso dar para mais tarde se receber...
É a minha opinião, perdoe-me quem não concordar comigo, mas desde já aviso que respeito inteiramente a opinião dos outros.
 
Saudações,
 
António Luís Tavares
2009/5/7 José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>

            Caríssima(o) Archportiana(o)

 

            Ninguém me encomendou o sermão; creio, porém, que devo apoiar a posição aqui veiculada por João Araújo Gomes, a propósito do anúncio (que fui eu quem pôs) acerca da possibilidade de, em regime de voluntariado (não especifiquei outras condições), se aceitarem candidatos para escavar em Tróia.

            E isso fez-me logo lembrar a história do doutor que, ao ser-lhe feita a observação de que, em cinco anos de pós-doutoramento, apenas fora a três reuniões científicas, o que era manifestamente pouco para o seu currículo, ter retorquido que não fora, porque… tinha de pagar a inscrição! Ficou perplexo o seu interlocutor, porque, na verdade, era o jovem doutor que necessitava de currículo se queria singrar na vida…

            Isso dos pagamentos tem, na verdade, muito que se lhe diga! Se pedes a um canalizador (profissão, como todas, pela qual tenho o maior respeito) que venha a tua casa reparar o esquentador, tens de lhe pagar a deslocação e a reparação, mas, mesmo que ele verifique que não há reparação possível, tu pagas a deslocação (e, nos dias que correm, não é tão barata quanto isso!). Mas, se pedes a um professor que te indique bibliografia e ele (que não é o teu professor, entenda-se, para que o exemplo tenha validade) gasta uma ou mais horas a procurá-la para ta fornecer… no fim, perguntas-lhe quanto deves? A mesma Câmara Municipal que te pede 102,96 euros pela fotografia de uma epígrafe romana do seu museu para ser publicada em livro da especialidade é muito capaz de te convidar para ires lá fazer uma conferência e nem sequer te perguntar quanto custa! E tu vais, se isso te interessa para o currículo; se não precisas… E os senhores que estão, agora, a ser convidados para leccionarem gratuitamente nas universidades e até aceitam – só para fazerem currículo?!...

            E isso de ir fazer escavações durante duas semanas, sob orientação de um ou dois arqueólogos especialistas, não constitui um estágio da maior importância, um ganho de experiência que os livros e as aulas teóricas não consentem?

            Desculpe-me, Amiga(o), o mal alinhavado desabafo!

 

                                                                                  José d'Encarnação


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António Luís Tavares
Arqueólogo

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