[Archport] Moeda bizantina com 15 séculos encontrada na zona de Belém
Saudações aos leitores
Citação:
«
Alguém que visita sítios arqueológicos (com ou sem detector de metais) retira artefactos do terreno sem o devido registo e monitorização, truncando informação fundamental de diagnóstico, realiza acções intrusivas, destruindo contextos de deposição, se apropria ilicitamente de artefactos e sonega essa informação aos demais só pode ser considerado um salteador, nunca um ?arqueólogo amador?. Acho importante que se separem as águas e se usem as designações apropriadas.
»
Convém esclarecer dúvidas com alguns tópicos.
1- Os sítios arqueológicos são plena responsabilidade da arqueologia profissional, caso seja necessário poderá recorrer-se à arqueologia amadora em casos específicos e justificados.
2-Os sítios descontextualizados devem ser entregues à arqueologia amadora.
3-O acompanhamento da construção de obras de arte deve ser feita por profissionais remunerados e amadores, sendo obrigatória a presença dos primeiros na quantidade e qualidade necessárias, tal como nos moldes actuais.
4-O desenvolvimento da arqueologia amadora aumenta o número de profissionais da arqueologia, não são concorrentes, mas sim ajudantes.
5-Invasões a sítios arqueológicos sem supervisão de profissionais são obviamente reprováveis e não constituem o cerne destas ideias, é recorrente o arremesso deste assunto, compreende-se, não passa no entanto de uma limitação de visão.
6-Nos moldes actuais em que pouca distinção existe, incentiva-se claramente a prática tanto em sítios escolhidos ao acaso, como em sítios conhecidos da arqueologia. Caso não exista bom senso nas pessoas, torna-se claro e óbvio que algumas vão preferir sítios referenciados.
7-Cabe aos profissionais da arqueologia definir quais os sítios que consideram relevantes, criando sinalização vísivel ou tornando acessíveis através de uma base de dados as coordenadas GPS desses mesmos sítios, assim como o raio de protecção relativo ao centro de coordenadas atribuído.
Esclarecendo a constante confusão de conceitos e abstraindo de certos dogmas que surgem no século XIX, tenta-se explicar de outra forma.
A realidade diz-nos que a maior percentagem de área terrestre do país enquadra-se no ponto 2, talvez mais de 90%, número o qual não consigo obviamente confirmar. Existem milhares de hectares propícios a achados fortuitos e descontextualizados. Imagine-se a seguinte sequela. Cerca do século 2 a.C. um cavaleiro do povo Lusitano transportava uma mensagem entre duas terras, a meio caminho, o cavalo assustado pela presença de um grande réptil, assustou-se e fez o cavaleiro cair. Na queda perdeu-se uma pequena falcata. O objecto é completamente descontextualizado e podem até não existir sítios arqueológicos no raio de quilómetros. A única maneira de o recuperar como parte do puzzle histórico, será um achado fortuito proporcionado pelo acaso dos trabalhos agrícolas, florestais ou da caça, ou então aproveitando o trabalho da arqueologia amadora.
Cabe à arqueologia profissional dar condições, mantendo a engrenagem lubrificada para que este trabalho amador produza efeitos concretos na construção histórica. Não tenho dúvidas que a maioria dos objectos históricos móveis, incluindo os de maior importância encontram-se no contexto anteriormente descrito, meros objectos perdidos, outros ocultados por necessidade a alguma distância das populações, obviamente sem qualquer contexto arqueológico social. O potencial de informação é obviamente menor, não devendo no entanto ser posto de parte.
Espero ter sido útil.
Obrigado pela atenção dispensada referente a estas longas opiniões.
NOSTRAE SPES VNICA